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Dirigente do PRTB ao lado de Marçal já foi preso e condenado por extorsão mediante sequestro

Maiquel Santos de Assis, vice-presidente do diretório municipal do partido, participou do evento na linha de frente

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São Paulo

Um dos homens vinculados ao PRTB municipal, que esteve no palco ao lado do empresário Pablo Marçal (PRTB) na convenção que confirmou sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo, tem passagens pelo sistema penitenciário paulista e já foi condenado por extorsão mediante sequestro.

Maiquel Santos de Assis aparece como vice-presidente do diretório municipal da legenda em informações prestadas à Justiça Eleitoral. Ele tem fotos com Marçal e é seguido nas redes sociais pela vice na chapa do empresário, a policial Antônia de Jesus.

Na convenção municipal do PRTB em SP, da esq. para a dir.: o presidente nacional, Leonardo Avalanche; Pablo Marçal; Levy Fidelix Filho, presidente do diretório municipal; e Maiquel Santos de Assis, vice-presidente do diretório municipal - Youtube

Assim como outras figuras do partido, Maiquel foi anunciado no microfone no início da convenção. Ele sentou-se ao lado de Levy Fidelix Filho, herdeiro do fundador da sigla, Levy Fidelix, e presidente do diretório municipal.

Marçal, por sua vez, ficou entre Levy e o presidente nacional, Leonardo Avalanche, que, conforme mostrou a Folha, disse em áudio ter ligação com a facção criminosa PCC.

A reportagem procurou a pré-campanha de Marçal para perguntar se ele tem ciência sobre o passado do colega de partido e qual a relação entre eles, mas não obteve retorno. A Folha também não conseguiu contato com o próprio Maiquel.

Maiquel ficou preso de 2009 a 2013, quando obteve liberdade condicional. Ele passou pelos centros de detenção provisória de Belém e de Pinheiros e pela penitenciária Dr. Danilo Pinheiro, em Sorocaba (SP).

Em 2011, a 4ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a sentença de primeiro grau que condenou Maiquel a oito anos de reclusão pelo crime de extorsão mediante sequestro. Também aceitou parcialmente recurso do Ministério Público para fixar o regime inicial fechado para cumprimento da pena.

Segundo a peça inicial acusatória, em maio de 2009, no bairro São Miguel Paulista (zona leste da capital), Maiquel participou de um sequestro ao lado de dois comparsas, sendo um deles um policial militar. O objetivo inicial era cobrar R$ 50 mil da família da vítima para que ela fosse libertada.

Quando a vítima, um homem, chegou em sua casa, foi abordado pelos três acusados, que se apresentaram como policiais e disseram que ele estava preso. Dois deles portavam arma de fogo. Eles o algemaram e o obrigaram, mediante ameaças, a entrar em um veículo.

A vítima e os acusados ficaram no interior do automóvel das 11h20 até por volta das 23h. Neste período, segundo a acusação, os sequestradores —entre eles Maiquel—, entregaram-lhe um aparelho celular para que ele entrasse em contato com a mulher e exigisse o resgate.

Um amigo da família assumiu as negociações, conseguiu reduzir o valor para R$ 25 mil e marcou o local de entrega numa churrascaria no shopping Center Norte.

Esse amigo comunicou os fatos à Polícia Militar, e uma viatura da Rota o acompanhou até o local, frustrando os planos dos bandidos e prendendo um deles, que posteriormente teria revelado a identidade dos demais.

Em sua defesa, Maiquel afirmou que, naquele dia, tinha sido chamado por outro acusado para analisar a autenticidade de alguns documentos. Disse que foi levado a uma residência, onde uma terceira pessoa desconhecida ingressou no automóvel.

Em seu relatório, o desembargador Salles Abreu escreveu que as alegações dos acusados eram "pueris e eivadas de contradições", além de não encontrarem "qualquer ressonância no farto conjunto probatório colhido".

"Melhor sorte não assiste a defesa do acusado Maiquel Santos de Assis no tocante à pretensão de reconhecimento de sua participação de menor importância", registrou Abreu.

"Isso porque restou evidenciado nos autos que o acusado Maiquel contribuiu ativamente para o desenvolvimento da ação criminosa, não sendo crível que o mesmo tenha permanecido por diversas horas no interior do veículo em que a vítima era mantida, unicamente para aferir a regularidade de documentos fiscais."

Nas redes sociais, o vice-presidente do diretório municipal se apresenta como "Maiquel PRTB" e oferece serviços para limpar o nome "de forma legal". São várias as publicações em defesa da pré-candidatura de Marçal.

Nesta semana, a Folha mostrou que outro colega de Marçal, o presidente nacional do PRTB, Leonardo Avalanche, disse a um correligionário que mantém vínculos com integrantes da facção criminosa PCC. A gravação foi feita em fevereiro deste ano durante conversa com Thiago Brunelo, filho de um dos fundadores do partido.

"Não tem o Piauí, de [inaudível]? Não tem o chefe do PCC que está solto? Ele é a voz abaixo", disse Avalanche, referindo-se ao seu motorista. "Ele nunca mexeu com política. Hoje ligaram para o menino, né, lá dentro da cadeia e falaram: ‘Estou trabalhando pro Avalanche de motorista’."

Avalanche disse à reportagem não reconhecer sua própria voz no áudio nem a veracidade da gravação. A Folha confirmou a veracidade com duas pessoas que participaram do encontro e outras três que são do entorno do atual presidente do PRTB.

Questionado sobre o assunto na noite de quinta-feira (8), antes do debate na Band, Marçal afirmou que o presidente da legenda "ainda nem foi preso". "O presidente do meu partido ainda nem foi preso. O [Michel] Temer, que é presidente do MDB do Ricardo Nunes, já foi. O do PL [Valdemar Costa Neto] já foi duas vezes. Se for comparar prisão, a gente está em vantagem", disse.

Marçal falou ainda sobre sua proximidade com o influencer Renato Cariani, alvo da Polícia Federal em operação contra tráfico de drogas. Ele afirmou que "há o contraditório e a ampla defesa".

"Imagina eu ser babá desse monte de gente."

Colaboraram Flávio Ferreira e Rogério Pagnan

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