Siga a folha

Marçal desafia Justiça, cria novas contas, cobra Bolsonaro e fala em 'perseguição'

Candidato do PRTB diz que decisão da Justiça de suspender redes irá ampliar o seu alcance

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Após a Justiça Eleitoral acolher o argumento de abuso econômico ao promover cortes monetizados e decidir em liminar pela suspensão de seus perfis em redes sociais, Pablo Marçal (PRTB) convocou seguidores para postarem sobre o caso e o seguirem em novas contas, cobrou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que a "perseguição" que sofre irá ajudá-lo a se eleger prefeito de São Paulo.

Pablo Marçal em debate em SP - Folhapress

"Quero pedir para todos vocês, agora, que gravem vídeos nos Instagrams de vocês, no YouTube de vocês, todo mundo grave vídeo e posta assim ó, Marçal prefeito de São Paulo, e coloca assim ó, vão derrubar as redes do Marçal", disse, antes de participar de motociata em Itaquera, na zona leste de São Paulo.

"Coloca pressão, porque o sistema inteiro se assusta. Presta bem atenção, para quem tá chegando aqui agora. Toda perseguição acelera o processo. Então, ai de vocês que não entendem isso, por favor, cumpra a decisão que acabou de sair na liminar, derruba as minhas redes sociais, vocês vão ver eu aparecer até dentro da sua geladeira", afirmou.

O influenciador também chamou seguidores para "contas reservas" nas redes sociais.

A decisão do juiz eleitoral Antonio Maria Patiño Zorz indica que a suspensão mira apenas contas que promoverem a monetização de cortes de vídeo.

"Por fim, destaco que não se está, nesta decisão, a se tolher a criação de perfis para propaganda eleitoral do candidato requerido, mas apenas suspender aqueles que buscaram a monetização dos 'cortes' por meio de terceiros interessados", escreveu o magistrado.

Os cortes são trechos de entrevistas, sabatinas, participações em debates e outros vídeos que depois são postados em redes sociais. Eles são a chave da popularidade digital de Marçal. O influenciador promove competições de cortes de vídeos com direito a remuneração aos seguidores.

Ainda neste sábado (24), Marçal também criticou Bolsonaro pelo apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

"Você [Bolsonaro] é um cara que a gente sempre acreditou ser livre. Você prometeu para nós a liberdade nesse país e está curvando sua cabeça, capitão? Foi isso que você aprendeu no Exército do Brasil, capitão?", disse. "Acorda Bolsonaro, acorda."

O candidato também citou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos principais apoiadores da candidatura de Nunes.

"Tarcísio, governador de São Paulo, toma tipo de homem, você é militar, não se curva para esses comunistas", disse. "Governador, você vai pagar caro se você tocar naquilo que Deus mandou. Eu estou te dando um recado, cuidado com o que você tá fazendo em Brasília."

Em vídeo publicado nas redes sociais, que seguiam no ar até as 12h deste sábado (24), Marçal também convocou seguidores a seguirem canais paralelos e disse que fará campanha "até da cadeia", se for preso.

O recurso à motociata neste sábado emula mais uma imagem associada ao bolsonarismo, em uma estratégia de Marçal que tem irritado aliados do ex-presidente.

Ao longo dos últimos meses, o influenciador tem ativado símbolos que são caros para o eleitor do ex-presidente, como a defesa da família, a presença em redes e a adjetivação de adversários como comunistas e socialistas.

Ao fazer isso, aproveita-se do baixo entusiasmo de apoiadores de Bolsonaro com a candidatura de Nunes.

Oficialmente candidato do ex-presidente, que indicou para a vice o ex-Rota Ricardo Mello Araújo (PL), Nunes não empolga os aliados de Bolsonaro por ser visto como alguém que evita o confronto e que não é verdadeiramente alinhado às pautas do grupo.

A estratégia do candidato do PRTB tem dado certo. Entre bolsonaristas, Marçal tem 46% na pesquisa Datafolha contra 26% de Nunes. Há duas semanas, o emedebista estava à frente, com 37% a 25%.

Para reverter o movimento, a campanha de Nunes agora aposta na briga entre o influenciador e a família Bolsonaro, que envolveu uma série de ações de bastidores, além de um descontentamento com o empresário.

Aliados do ex-presidente afirmam que incomodou a atitude dúbia e enganosa do influenciador, que quer parecer próximo de Bolsonaro, mas não o apoiou em 2022. Marçal foi descrito por políticos bolsonaristas como estelionatário e duas caras.

Além disso, as acusações que pesam sobre Marçal, como a condenação por integrar uma quadrilha de fraude bancária e os elos com suspeitos de fazerem parte do PCC, levaram Bolsonaro a querer distância.

Por fim, pessoas próximas ao ex-presidente apontam ainda que Marçal representa um risco na eleição presidencial de 2026 e que o influenciador estaria usando a eleição municipal apenas com o objetivo de se cacifar para o Palácio do Planalto.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas