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Tarcísio estreia na campanha de Nunes e exalta parceria na tentativa de estancar Marçal

Governador vê direita deslumbrada e, nos bastidores, destoa de Bolsonaro e não vê censura em bloqueio a redes de influenciador

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São Paulo

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estreou nesta terça-feira (27) na campanha de rua de Ricardo Nunes (MDB) em um novo passo para tentar estancar a alta de Pablo Marçal (PRTB) na direita e convencer bolsonaristas a aderirem à reeleição do atual prefeito.

Após participar diretamente das articulações pelo envolvimento de Jair Bolsonaro (PL) a favor de Nunes, Tarcísio participou de visita ao Mercado Central, onde comeu com o prefeito um sanduíche de mortadela e buscou exaltar a parceria entre eles.

"Meu papel vai ser mostrar o quanto a cooperação do governo do estado com a prefeitura está produzindo frutos. É muito legal quando você tem esse alinhamento", disse Tarcísio, mencionando projetos em conjunto, inclusive no centro. "Não vai haver revitalização do centro se não houver parceria da prefeitura e do governo."

Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) em visita ao Mercado Central durante a campanha de reeleição do prefeito - Folhapress

Depois do crescimento de Marçal nas pesquisas na última semana, o que representa um risco para Nunes, Tarcísio tem reforçado os gestos ao prefeito. Em visita ao interior na semana passada, chegou a criticar o autodenominado ex-coach e tem atuado nos bastidores para estancar o boom do empresário no eleitorado de direita.

No Mercado Central, Tarcísio foi mais tietado que o prefeito, a quem chamou de "parceiro ideal". O governador disse ainda não trabalhar com a hipótese de que Nunes não seja reeleito.

Na última pesquisa Datafolha, ele marcou 19% ante 21% de Marçal e 23% de Guilherme Boulos (PSOL).

Na quarta-feira (28), os dois devem estar juntos novamente para visitar obras do metrô e de contenção de enchentes no Capão Redondo (zona sul). Essa agenda estava prevista originalmente para segunda-feira (26), mas foi adiada. Para compensar, o governador sugeriu, então, acompanhar o prefeito em sua ida ao Mercado, para já marcar de vez sua entrada na campanha.

Tarcísio tem sido o principal cabo eleitoral de Nunes e o responsável por trazer Jair Bolsonaro para a aliança do emedebista. O prefeito chegou a anunciar uma agenda com Bolsonaro na Ceagesp, mas ainda não foi definida uma data.

Nos últimos dias, como mostrou a Folha, o governador foi peça-chave na virada de comportamento da família Bolsonaro, que, após direcionar elogios a Marçal e críticas ao prefeito, passou a centrar fogo contra o empresário nas redes.

Depois do efeito Marçal, o governador recebeu Nunes no Palácio dos Bandeirantes para tratar da campanha, em um encontro reservado que contou ainda com o deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG). E Tarcísio esteve, na semana passada, em uma reunião em Brasília com outros governadores, presidentes de partidos da direita e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em que houve cobrança de empenho na reeleição de Nunes.

Auxiliares de Nunes e de Tarcísio, no entanto, rechaçam a hipótese de que o governador tenha embarcado publicamente na campanha como uma resposta a Marçal e apontam que ele esteve envolvido desde o início, inclusive tentando alinhar sua agenda com a do emedebista e acompanhando a estratégia de comunicação.

Quem convive com o governador diz que ele tem buscado alertar membros da direita, inclusive a família Bolsonaro, sobre o risco que Marçal representa –alguém que, para Tarcísio, se utiliza de um discurso fácil antissistema e de um esquema de distribuição de cortes de vídeos que antes estava voltado para sua carreira empresarial e agora é adotado na campanha política.

Nos bastidores, o governador destoou de Bolsonaro e afirmou não considerar censura o bloqueio de redes de Marçal, já que a mensagem do autodenominado ex-coach não foi impedida de circular –houve apenas a proibição do meio ilegal que ele utilizava, o de pagar apoiadores para disseminar seus cortes.

A pessoas do seu entorno Tarcísio fez a avaliação de que é o correto apoiar Nunes, ainda que sua reeleição seja incerta neste momento. A leitura desse grupo é a de que tanto Marçal quanto Boulos representariam um mal para a cidade e prejudicariam as entregas conjuntas entre prefeitura e estado. Além disso, para a eleição de 2026, seria ruim ter um opositor no comando da capital.

Na opinião de Tarcísio e seus auxiliares, Marçal pode, inclusive, facilitar uma eventual vitória de Boulos no segundo turno ou, mesmo se vencer, realizar uma gestão ruim, o que pavimentaria a volta da esquerda em 2028.

Na segunda-feira, durante entrevista a jornalistas, Tarcísio disse, sem mencionar Marçal, que seria "um desastre" ter um prefeito com ligações com o crime organizado. "Se a gente passa o tempo todo combatendo o crime organizado, a gente não quer que alguém com conexões com o crime organizado chegue à prefeitura. Seria um desastre."

Segundo aliados, o governador afirma que a direita está mal orientada e deslumbrada com Marçal, que na verdade não seria um bom representante desse campo e tampouco tem propostas concretas para São Paulo. Tarcísio lembra ainda que, instado a escolher entre Bolsonaro e Lula (PT), Marçal se classificou como "governalista".

Ao lado do governador, Nunes fez críticas direcionadas a Marçal, afirmando que ele vende ilusão, e a Boulos, dizendo que o candidato do PSOL é contra concessões e ligado à invasão.

A respeito do empresário, o emedebista afirmou que a população tem "o direito de saber que aquele candidato está falando de coisas impossíveis de serem realizadas", mencionando as propostas de triplicar o número de subprefeituras, de construir o prédio mais alto do mundo e de ligar a cidade com um teleférico.

"A população vai escolher. Olha, eu quero um lunático ou eu quero alguém que é centrado, que sabe o que está falando".

O prefeito disse ainda ter a intenção de comparecer ao debate da Gazeta, no domingo (1º), desde que as regras permitam que seja um espaço de propostas e não de ataques.

"Eu irei a todos [os debates], eu só não quero ir em um local onde não se cumpra regras ou que a gente não faça debate, mas sim um palco para alguém fazer corte ou ataque", declarou.

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