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Descrição de chapéu Eleições SP

Bolsonaro liga para Nunes em jantar e diz a empresários rejeitar experiência nova

Em ligação surpresa de vídeo para apoiadores do emedebista no clube Monte Líbano, ex-presidente afirma torcer por candidato à reeleição em meio à simpatia de bolsonaristas com Marçal

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São Paulo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou o apoio a Ricardo Nunes (MDB) durante uma ligação de vídeo surpresa em meio a um jantar de empresários em apoio ao prefeito, no clube Monte Líbano, nesta quinta-feira (12).

O evento, realizado pela Alma Empresarial Brasil, reuniu no palco o ex-presidente Michel Temer (MDB), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-governador Rodrigo Garcia, o secretário Gilberto Kassab (PSD) e o presidente do MDB, Baleia Rossi. Havia 1.200 pessoas presentes, segundo a organização, incluindo uma série de deputados e organizadores.

O discurso de Tarcísio foi interrompido com a aparição repentina de Bolsonaro no telão do palco, falando ao vivo.

"Torço por você, tenho certeza que haverá segundo turno. E seremos vitoriosos no segundo turno", disse Bolsonaro a Nunes. "Como disse Tarcísio, ele está credenciado a continuar à frente da prefeitura. É a primeira disputa majoritária que ele participa e eu tenho certeza que ele será vitorioso."

O prefeito Ricardo Nunes e Jair Bolsonaro, participam de evento da Rota em SP - Zanone Fraissat/ Folhapress

O gesto de Bolsonaro a Nunes vem em meio ao embate do prefeito com o influenciador Pablo Marçal (PRTB) pelo voto da direita conservadora e após a recuperação do emedebista medida pela pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta, em que ele aparece numericamente à frente com 27% ante 19% do influenciador. Guilherme Boulos (PSOL) marcou 25%.

Durante a ligação, Bolsonaro afirmou aos empresários, em referência a Marçal, que "não queremos uma experiência nova" porque "já sabemos que não é seguro".

Mesmo apoiando Nunes oficialmente, Bolsonaro chegou a acenar para o influenciador e desistiu de enfrentá-lo para não ser atacado pelo próprio público, mas atualmente vive um momento de insatisfação com Marçal por causa do ato de 7 de Setembro.

Ao cumprimentar os presentes, Bolsonaro chamou o vice na chapa de Nunes, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL), de "meu vice, indicado por mim".

A aparição foi uma surpresa mesmo para o prefeito. A ligação foi viabilizada pelo ex-secretário de Bolsonaro Fabio Wajngarten, para quem o ex-presidente telefonou.

Já Nunes, em seu discurso, disse que algumas pessoas "caíram no canto da sereia", mas que a "verdade foi separada da sujeira, que decantou". O clima no jantar era positivo e muitos comemoraram os números do Datafolha.

Tarcísio não poupou elogios a Nunes, a quem chamou de humilde e trabalhador. Assim como Bolsonaro, o governador criticou Marçal indiretamente, ao dizer que o prefeito "é o cara que não lacra, ele trabalha".

Tarcísio disse ainda que "não dá para ser frio e calculista e brincar com o futuro da cidade" e que "independentemente do cálculo, é preciso fazer o correto". "Nunes é o candidato que vence a esquerda. [...] Nós vamos ganhar e isso vai ser para o bem da cidade de São Paulo", concluiu.

Rodrigo afirmou ter se surpreendido, ao coordenar o plano de governo de Nunes, com os números e realizações da gestão atual. Já Temer disse que o Brasil precisa de tranquilidade ao defender seu voto no prefeito, uma pessoa "com capacidade de lançar palavras amenas".

A declaração de apoio de Bolsonaro ocorre num momento de reação de Nunes entre os bolsonaristas, apesar da polêmica sobre o ex-presidente ainda não ter entrado na campanha de fato, com gravações para a propaganda e participação em agendas na rua.

Segundo aliados do ex-presidente, a melhora de Nunes nas pesquisas tem demonstrado sua viabilidade, o que ajuda a convencer Bolsonaro, já que ele não quer se associar a uma derrota.

Diante do receio e resistência mútua entre Bolsonaro e emedebistas, aliados de Nunes chegaram a afirmar, como noticiou o Painel, que a participação do ex-presidente era dispensável a essa altura —algo que o prefeito negou nesta quinta. Isso porque Nunes alcançou a dianteira da pesquisa mesmo sem Bolsonaro, apenas com a propaganda eleitoral e a participação intensificada de Tarcísio.

Como mostrou a Folha, a campanha resiste a mudar a estratégia inicial e se bolsonarizar como uma forma de responder a Marçal —a avaliação é a de que o foco nas entregas de Nunes tem surtido efeito.

De qualquer forma, a ligação de Bolsonaro amenizou a controvérsia sobre sua participação.

Emissários de Nunes junto a Bolsonaro, Tarcísio e Mello Araújo, vinham trabalhando para convencer o ex-presidente a embarcar na campanha e rechaçar Marçal, mas ainda não conseguiram fazer com ele reserve uma data para estar ao lado de Nunes. Esse imbróglio tem sido minimizado pela campanha do prefeito como uma questão de agenda apertada, dadas as viagens do ex-presidente.

Para aliados de Bolsonaro, o impulso de Nunes também tem a ver com a mudança de humor do ex-presidente em relação a Marçal. Após o 7 de Setembro, quando o influenciador chegou no encerramento e disse ter sido barrado no caminhão de som, o ex-presidente divulgou uma nota em seu canal do Telegram em que elogiou a presença de Nunes e criticou o autodenominado ex-coach.

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