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ONGs foram essenciais para manter educação inclusiva na pandemia, mostra pesquisa

Estudo foi feito com 17 países da América Latina, além de Portugal, Espanha e Andorra

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São Paulo

Quando as aulas presenciais nas escolas municipais de São Paulo foram suspensas por conta da Covid-19, o Instituto Jô Clemente teve que recorrer ao WhatsApp para seguir educando as mais de 290 crianças com deficiência intelectual ou autismo atendidas por ele.

Em parceria com a prefeitura, o instituto oferece Atendimento Educacional Especializado (AEE) em sessões no contraturno escolar, com atividades criadas para eliminar barreiras que atrapalham a autonomia dos estudantes.

Pedagogos da organização aprenderam a editar vídeos com instruções das tarefas a serem cumpridas. Os pais filmavam as crianças e postavam nos grupos online.

"A gente foi evoluindo. No começo, mandávamos vídeos apenas com palavras escritas. Então pensamos: e as famílias que não sabem ler?", conta Roseli Olher, supervisora educacional do instituto.

Além de aperfeiçoar os vídeos, os pedagogos elaboraram jogos digitais, com ajuda da plataforma Wordwall. Num deles, por exemplo, a tela mostra um deserto com buracos dos quais saem várias toupeiras. O objetivo é clicar apenas nos animais marcados com números.

Olher diz que os estudantes se envolveram. "Nossa experiência na pandemia foi desafiadora, mas positiva", avalia.

No Brasil, ONGs como o Instituto Jô Clemente tiveram papel crucial na garantia da educação inclusiva durante a fase de isolamento social. É o que aponta um estudo sobre o tema divulgado este mês pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI).

A pesquisa, realizada com 17 países da América Latina, além de Portugal, Espanha e Andorra, escrutinou a situação da educação inclusiva na região e examinou as respostas dos governos frente à emergência sanitária. Além de analisar questionários respondidos pelos ministérios de Educação, os pesquisadores entrevistaram membros de organismos internacionais, da academia, de observatórios, de redes e ONGs.

"As organizações da sociedade civil desempenharam um papel decisivo na manutenção da atenção, do diálogo e acompanhamento durante o período de reclusão [...] e na acessibilidade tanto à infraestrutura quanto aos materiais e atividades pedagógicas", afirma o estudo.

No projeto A Vida Vale Mais, outra ONG que trabalha em colaboração com a prefeitura de São Paulo, as redes sociais também foram uma das saídas para os entraves impostos pela pandemia.

A organização atende 30 jovens e adultos a partir dos 14 anos, que tenham deficiência intelectual e vivam com famílias de baixa renda ou em espaços de acolhimento, sem vínculos familiares.

Os estudantes têm aulas do primeiro ciclo do fundamental, que envolvem alfabetização, matemática e ciências naturais. Depois, são estimulados a frequentar espaços mais formais de educação.

Na pandemia, a ONG suspendeu as aulas, que aconteciam num sobrado no bairro da Barra Funda. Para alunos sem acesso a internet, entregou atividades impressas. Para atender um grupo de participantes que vive em uma residência inclusiva, contou com ajuda de funcionários da casa e organizou chamadas de vídeos.

Aline Morriesen, coordenadora pedagógica do projeto, diz que o resultado foi positivo. "O maior desafio da educação de jovens e adultos é a evasão, e nós conseguimos manter o engajamento", relata.

"A questão da pandemia foi agravada pela falta de compreensão, na política federal, de que a educação inclusiva é uma diretriz e um direito", diz Carla Mauch, coordenadora geral da ONG Mais Diferenças. A organização produz materiais pedagógicos acessíveis e faz formações com professores sobre práticas inclusivas na educação infantil.

Mauch se refere à tentativa do governo Bolsonaro de estipular uma nova política nacional de educação, através de decreto publicado em setembro de 2020, considerado um retrocesso em educação inclusiva.

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