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'Se eu tivesse fugido com ela, minha filha estaria viva', diz pai de menina morta e estuprada em MS

Durante evento, Jean Carlos Ocampo afirmou ter se desesperado com empurra-empurra de autoridades

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São Paulo

"A única saída é fugir." Foi assim que Jean Carlos Ocampo, pai de Sophia, morta aos 2 anos, em Campo Grande (MS), respondeu à pergunta sobre o que fazer quando a rede de proteção à criança não atende aos pedidos de socorro.

Jean foi entrevistado ao vivo na abertura da 6ª edição do seminário Violência Sexual Infantil, organizado pela Folha em parceria com o Instituto Liberta. O evento aconteceu no último dia 18, e a entrevista foi conduzida pela jornalista Eliane Trindade, editora do prêmio Empreendedor Social, da Folha.

Jean Carlos Ocampo, pai de Sophia, durante entrevista conduzida pela jornalista Eliane Trindade durante o seminário Violência Sexual Infantil, realizado no auditório do Unibes Cultural, na zona oeste de São Paulo - Jardiel Carvalho/Folhapress

Jean é pai de Sophia, menina de 2 anos e 7 meses que morreu em janeiro depois de ser agredida e estuprada em Campo Grande. A mãe da criança, Stephanie de Jesus Silva, e o padrasto Christian Campoçano Leitheim estão presos.

Antes da morte, Jean foi três vezes ao Conselho Tutelar, duas à Polícia Civil, uma à Defensoria Pública e uma ao Juizado Especial. Nenhuma medida foi tomada, e Sophia continuou sob a guarda da mãe —a menina morreu na casa dela, segundo as investigações, e foi levada já morta para o posto de saúde; Stephanie nega a versão.

"Sinceramente, do fundo do meu coração, eu aconselharia o pai a fugir com a criança. Porque, onde eu fui pedir ajuda, não me atenderam. Se eu tivesse fugido, a minha filha estaria viva", disse ele.

O pai de Sophia também reclamou da falta de orientação dos órgãos. Ele só ficou sabendo, por exemplo, sobre a existência da medida protetiva em caso de violência sexual infantil após a morte de sua filha.


Veja documentário sobre o caso:


Trata-se de um aparato judicial que modifica a guarda da criança caso haja indícios de que ela esteja sofrendo riscos no ambiente em que reside. A medida é concedida pelo juiz, a pedido do Ministério Público, da autoridade policial, do Conselho Tutelar ou de alguma pessoa que atue em favor do menor.

"A gente ficava desesperado com o empurra-empurra. Os órgãos não entravam em contato, não verificavam o que estava acontecendo. O papel de investigar não era meu, era do Conselho Tutelar e da polícia", afirmou.

Jean também acusou os órgãos de proteção à criança de homofobia. Depois de se separar de Stephanie, ele iniciou um relacionamento com Igor de Andrade. Os dois estavam juntos quando Jean pediu ajuda à rede de proteção.

"Sempre pisamos em ovos, porque éramos dois homens. Eu queria ser olhado como uma família, mesmo sendo dois pais. Vocês não têm ideia do vazio que está lá em casa; tudo que fazemos remete a ela", concluiu.

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