Siga a folha

Descrição de chapéu bluesky

BlueSky prepara chegada de vídeos e trending topics para agradar a brasileiros, diz cofundadora

App ainda não tem previsão para ter representante legal no país e precisará de tempo para oferecer perfis privados

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O Bluesky, que acabou se tornando a principal alternativa após o bloqueio do X, prepara uma série de novidades para agradar os usuários brasileiros, diz a cofundadora Rose Wang.

A plataforma, por um lado, chamou a atenção ao receber mais de 2,6 milhões de brasileiros desde sábado (31), quando o acesso à rede de Elon Musk foi vetado. Por outro, ainda não tem representante legal no Brasil, parte do motivo das restrições do STF (Supremo Tribunal Federal) contra o X.

Na agenda das próximas semanas, de acordo com a executiva, está implementar perfis privados, vídeos e trending topics, além de contratar mais funcionários para manter o serviço estável ante a chegada de milhões de usuários.

Cofundaora e diretora de operações do Bluesky, Rose Wang - Divulgação/Bluesky

À Folha, Wang destacou os feeds personalizados da rede social, sob a promessa de mais controle ao usuário do que a concorrência baseada em algoritmos.

Disse também que o modelo de código aberto do Bluesky permitiria que os usuários levassem seus dados e amigos a outras redes, mesmo se a empresa fosse comprada por um bilionário.

Os embates entre a Justiça e o X impulsionaram o Bluesky entre os brasileiros. A empresa não tem um representante legal no Brasil, uma das principais preocupações do STF. Pretendem nomear alguém? Pretendemos operar em plena conformidade no Brasil. Estamos trabalhando com entidades locais para ter representações. Isso está se desenvolvendo dia a dia.

Como pretendem manter o público brasileiro se o X for reativado no país?
Mesmo que o X seja desbloqueado, acreditamos que não é o fim do Bluesky no Brasil. Estamos acelerando o lançamento de vídeos, que sabemos ser importante para os brasileiros. Falamos de semanas, não meses. Também estamos trabalhando em trending topics.

O Bluesky é uma rede aberta, com código público. Isso permite que desenvolvedores contribuam. Um desenvolvedor brasileiro já criou trending topics como uma extensão para navegadores.

O Bluesky não permite manter uma conta privada. Planejam fazer isso?
Como o Bluesky é aberto e público, muitos dados funcionam como na web. Entendemos a importância da privacidade para a segurança, embora seja tecnicamente desafiador. É uma prioridade para a equipe.

Ainda vamos implementar contas privadas. Isso está um pouco mais distante no cronograma, já que no momento estamos focados em manter o aplicativo estável com o aumento de usuários.

Já que a empresa está expandindo para suportar a atual demanda, a equipe pretende contratar brasileiros?
Absolutamente. A maioria de nossa equipe já é global, apesar de sermos pequenos. Nosso primeiro encontro foi em Tóquio, no Japão, porque essa é outra grande base de nossos usuários. Achamos importante ter pessoas na equipe que não apenas entendam a cultura brasileira, mas também vivam lá.

Houve algum impacto nos conteúdos exibidos para estrangeiros desde a chegada dos brasileiros?
Temos cerca de 50 mil feeds, a maioria criada pelos usuários e baseada em interesses ou comunidades, não em algoritmos. Isso permite que os usuários permaneçam em suas comunidades, encontrando pessoas com interesses semelhantes. A onda brasileira não afeta quem já tem suas comunidades.

Há o feed Descobrir, onde o usuário pode conversar com milhões de brasileiros, mas, se isso for avassalador, pode voltar para comunidades menores.

Vocês venderiam o Bluesky para um bilionário?
O Bluesky é construído de forma a ser protegido até mesmo contra nossa equipe. É de código aberto, o que significa que mesmo se o vendêssemos e alguém mudasse completamente a plataforma, qualquer desenvolvedor poderia recriar o Bluesky.

Em plataformas centralizadas, é difícil sair porque elas possuem seus dados e relacionamentos. No Bluesky, queremos facilitar que os usuários "votem com os pés". Se as pessoas quiserem mudar de plataforma, devem poder levar seus dados e amigos.

Alguns usuários dizem que Threads é o novo X e BlueSky é o novo Twitter, referindo-se a experiência anterior a compra por Musk. Na sua avaliação, por que o BlueSky pode oferecer essa experiência mais lúdica do que X?
Acho que o produto é uma manifestação de nossa equipe, e é assim que a maioria das empresas de tecnologia são: manifestações de sua equipe. São as pessoas que as constroem que tomam decisões. Os usuários percebem isso por meio do produto.

Para mim, o motivo pelo qual o BlueSky é cheio de memes e "shitposting" [humor baseado em publicações com pouco sentido] é porque nossa equipe é cheia de memes e "shitposting". A maioria da equipe cresceu enquanto a internet estava sendo construída, no Tumblr, usando feeds RSS e tendo seus próprios blogs.

Algumas pessoas estão vendo a saída do X como uma oportunidade para desacelerar o uso de redes sociais. Por que embarcar em uma nova jornada no Bluesky ?
Primeiro, encorajo as pessoas a "tocarem grama", sair um pouco para o mundo fora das redes sociais.

Dito isso, os usuários relatam que seu relacionamento com o Bluesky é mais saudável. No X, muitos se sentiam viciados e o conteúdo os fazia se sentir mal. No Bluesky, a pessoa pode escolher sua experiência, como ir para feeds com menos postagens se quiser algo menos intenso.

Há uma piada no Brasil de que o Threads é como Leblon, um bairro no Rio mais rico e conservador, e o Bluesky é como Tijuca, que é mais progressista. A empresa teme se tornar uma plataforma de nicho?
É importante para nossos usuários saberem que o Bluesky é para todos, o que queremos é que haja um lugar para muitas conversas seguras. Para que isso possa acontecer, é necessário governar o espaço e fornecer segurança para as pessoas.

Uma pessoa não pode decidir o que a liberdade de expressão significa. Se fosse assim, poderia tomar certas decisões que favorecem um grupo de pessoas em detrimento de outro e chamar isso de liberdade de expressão.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas