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Descrição de chapéu greve

Por que Machu Picchu entrou em 'greve por tempo indeterminado'?

Sítio arqueológico no Peru passa por manifestações de operadores turísticos e moradores

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BBC News Mundo
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Saída de turistas, protestos, fechamento de empresas e uma "greve por tempo indeterminado".

Esse é atual cenário em Machu Picchu, o icônico sítio arqueológico do Peru considerado uma das sete maravilhas do mundo moderno.

A situação conturbada ocorre depois que uma empresa privada, a Joinnus, assumiu a comercialização dos ingressos do local.

Machu Picchu, no Peru - AFP

Os manifestantes consideram que a novidade representa uma "privatização sistemática" da cidade inca e, pelo quarto dia consecutivo desde quinta-feira (25/01), os operadores turísticos e moradores mantiveram os seus negócios fechados e bloquearam o acesso à região em protesto.

As atividades dos trens que levam as pessoas ao parque arqueológico também foram suspensas por precaução, causando a saída às pressas de centenas de turistas.

Machu Picchu é uma das joias do turismo peruano que atraiu cerca de 4,5 milhões de visitantes ao país antes da pandemia do coronavírus em 2020.

O que pedem os manifestantes?

Os manifestantes exigem o cancelamento do contrato com a Joinnus.

Após negociações infrutíferas entre os ministros da Cultura e do Comércio Exterior e Turismo, o prefeito de Machu Picchu e o governador Werner Salcedo declararam neste domingo (28/1) a "radicalização" da greve.

Grande parte dos protestos são dirigidos contra a ministra da Cultura peruana, Leslie Urteaga, a quem culpam por permitir a venda de ingressos pela Joinnus.

"Ministra da Cultura, não alugue Machu Picchu, alugue sua casa", dizia uma das faixas carregadas pelos manifestantes.

Manifestantes em Machu Picchu, no Peru - Getty Images

Eles também questionam "a cobrança de uma comissão de 3,9% por ingresso vendido" pela empresa, segundo comunicado do coletivo popular de Machu Picchu.

Urteaga negou que a venda de ingressos estivesse sendo privatizada, defendeu que "Machu Picchu pertence a todos os peruanos" e propôs uma mesa de diálogo para encontrar uma solução.

A empresa Joinnus, por outro lado, disse que se colocou "à disposição" do Ministério da Cultura para iniciar um novo processo seletivo caso seja necessário e que "renunciou voluntariamente ao recebimento da comissão variável por ingresso por um período de seis meses."

Mas essas declarações não parecem ter acalmado os manifestantes, que aguardam agora o resultado de negociações marcadas para essa terça-feira, 30 de janeiro.

Turismo afetado

O turismo está sendo a grande vítima da paralisação por tempo indeterminado.

Centenas de visitantes não conseguiram acessar a atração turística ou voltar para suas acomodações, o que levou as autoridades a intervir para realojá-los.

Vários veículos de imprensa publicaram imagens de turistas completando a viagem a Machu Picchu a pé e sob chuva.

Carlos González, presidente da Câmara de Comércio e Turismo de Ollantaytambo, outro importante ponto de acesso às ruínas, estimou em até 1.800 o número de turistas que precisaram ser retirados.

A Defensoria Pública do Peru "rechaçou o bloqueio de estradas pelos manifestantes" e insistiu que "todas as reivindicações devem ser canalizadas para o diálogo".

O direito de protestar "não dá poder aos manifestantes para impedir a livre circulação ou afetar os direitos de outras pessoas", acrescentou a defensoria.

Manifestantes em Machu Picchu, no Peru - AFP

Os fechamentos também prejudicaram a economia local.

Roland Llave, reitor da Faculdade de Turismo de Cuzco, disse à rádio peruana RPP que "o impacto é de milhões de soles" para as famílias da região. Elas dependem em grande parte do fluxo de viajantes que precisam de guias, hotelaria e alojamento.

Machu Picchu, declarado em 1983 Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), enfrentou vários desafios nos últimos tempos.

No final de dezembro, os ministérios da Cultura, do Comércio Exterior e do Turismo e do Meio Ambiente anunciaram o aumento do número de visitantes para até 5.600 pessoas em dias específicos e 4.500 em datas comuns.

Durante décadas, Machu Picchu sofreu problemas de conservação e sustentabilidade devido ao elevado número de visitantes.

Em setembro, o próprio Ministério da Cultura anunciou o encerramento da visita a três setores da cidade inca devido ao desgaste dos seus elementos líticos.

Antes, no início de 2023, a atração ficou fechada por cerca de um mês devido a bloqueios feitos por protestos contra o governo.

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