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Descrição de chapéu viagem

Como é se hospedar dentro do Inhotim, que ganhará um hotel ainda neste ano

A 200 metros da recepção, resort terá diárias de R$ 2.391 para um casal, com pensão completa; reservas começam em agosto

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Brumadinho (MG)

Maior museu a céu aberto do mundo, o Instituto Inhotim recebeu 323 mil visitantes só em 2023. A maioria deste público, que supera em oito vezes a população de Brumadinho, cidade onde fica o museu, vem de fora, em um bate e volta que envolve, pelo menos, 2 horas de estrada a partir da capital, Belo Horizonte.

A partir da segunda quinzena de dezembro, a inauguração de um hotel praticamente dentro do Inhotim pretende permitir aos visitantes do museu conhecer os seus 140 hectares com mais calma e conforto. Inicialmente, a operação terá apenas 46 quartos, uma sede com dois restaurantes, bar, academia, um pequeno spa e um espaço para eventos. Numa segunda fase, em 2025, outros 60 quartos serão inaugurados e, até 2029, serão 150 quartos, além de um centro de eventos ainda maior.

No final de junho, a reportagem da Folha se hospedou em um dos dois bangalôs modelos que já ficaram prontos —praxe na hotelaria, eles funcionam como uma prova de conceito das habitações. Com cerca de 90 m² e quatro ambientes com interiores assinados por Marina Linhares, o bangalô é espaçoso até mesmo para uma família ou um grupo de amigos. Todos eles foram construídos sobre pilotis, respeitando o desnível natural do terreno e proporcionando vista livre a todas as unidades.

Integrada ao quarto propriamente dito, mas com uma divisória para separar os ambientes, fica uma sala com uma grande parede de vidro, duas camas de solteiro que fazem as vezes de sofá, uma confortável poltrona para leitura e uma pequena mesa de trabalho. Cada quarto ainda terá pelo menos uma obra de arte de um artista diferente —resultado de uma parceria do resort com a galeria Carbono, de São Paulo.

Na varanda, que compartilha com o quarto a vista para a mata e as montanhas, duas poltronas e uma mesa de centro circundam um maciço de pedra com uma lareira a gás embutida —o ambiente ideal para apreciar um vinho depois de um longo dia caminhando por Inhotim.

Mais próximo à entrada há uma copa com máquina de café, micro-ondas, frigobar, filtro de água e algumas guloseimas —tudo incluso na diária, uma vez que o resort, assim como seus irmãos já em operação, terá regime de pensão completa.

Ao lado fica o closet e um banheiro com duas bancadas de pia e dois chuveiros. Integrados, esses ambientes se articulam em volta de uma generosa banheira, grande o suficiente para dois adultos, esculpida em pedra-sabão. O material, uma herança do projeto original da arquiteta mineira Freusa Zechmeister que resistiu ao tempo e foi preservada no novo projeto, também decora as áreas íntimas do banheiro.

Veja como deve ficar a sede do Clara Resort Inhotim, que será inaugurado dentro do museu em dezembro de 2024

- Gabriel Justo/Folhapress e Divulgação

Como o restante do hotel ainda é um grande canteiro de obras, deu para conhecer apenas o esqueleto do que serão as áreas comuns do resort. Mas já foi possível ter um gostinho daquilo que se vende como o seu principal atrativo: a conexão direta com o Inhotim. Da porta do quarto à recepção do museu, são cerca de 200 metros, ou cerca de três minutos de caminhada. É como ter o museu a céu aberto no seu quintal —o que permite aos hóspedes conhecer até as galerias mais distantes, sem pressa, em apenas um final de semana.

As diárias do Clara Resort Inhotim custarão a partir de R$ 2.391 para um casal, em regime de pensão completa. Crianças pagam 10% da diária. Os ingressos para o museu não estão inclusos, mas poderão ser comprados individualmente pelos hóspedes através de uma pulseira. As reservas podem ser feitas a partir de agosto no site do Clara Resort.

Citado por muitos dos envolvidos como um sonho antigo de Bernardo Paz, o bilionário fundador do Inhotim, o projeto original do hotel, assinado por Zechmeister, data de quase 15 anos atrás.

A construção começou em 2011, mas foi paralisada em 2014, quando apenas parte da sede e alguns quartos estavam de pé. Tudo ficou abandonado até o ano passado, quando Paz enfim aceitou uma proposta para o local —o mecenas não confirma, mas em um momento aquecido no mercado hoteleiro nacional, fontes afirmam que não foram poucas as propostas que ele recebeu e recusou.

A área que abrigará o hotel fica à esquerda de quem chega ao Inhotim, próximo à igrejinha e à galeria de Lygia Pape, e equivale a 12% da área total do museu. É contígua a ele, mas não faz parte do museu oficialmente. Desde 2022, quando Paz doou aquelas obras e terras ao então recém-nascido Instituto Inhotim, apenas essa área do hotel continuou como sua propriedade privada —que, há um ano, foi vendida a Taíza Krueder, do Clara Resorts, que tem unidades em Ibiúna e Dourado, no interior de São Paulo.

"Eu não tenho nenhum fundo com milhares de sócios por trás. Sou independente, e por isso não construo castelo no terreno dos outros. Prefiro investir naquilo que é meu", diz Krueder, cujo investimento no projeto, só nesta primeira fase, deve chegar aos R$ 150 milhões.

Mesmo vizinhos, o resort e o Instituto têm gestões independentes, mas parceiras: o setor educativo do museu, por exemplo, trará atividades para dentro do resort e poderá receber contribuições voluntárias dos hóspedes pelo trabalho. "A ideia é que o hotel esteja sempre ajudando a fortalecer o Inhotim", afirma a empresária.

Quando assumiu a obra, no final do ano passado, Krueder e as equipes do Clara Resorts encontraram grandes esqueletos de concreto já bastante deteriorados. Muitos pisos de madeira estavam estragados, assim como várias esquadrias, que tiveram de ser substituídas. Mas a essência do projeto de Zechmeister, que imaginou ali não um resort, mas um hotel boutique com quartos imersos na mata, foi mantida.

Na nova fase, a arquitetura do projeto ficou a cargo do escritório Hemisfério, de Belo Horizonte. Duas das sócias, Joana Magalhães e Sofia Lobato, trabalharam com Zechmeister no projeto original do hotel, no começo dos anos 2010. No ano passado, a primeira também ganhou reconhecimento internacional junto com o Coletivo Levante com o projeto de uma casa na comunidade Aglomerado da Serra, na capital mineira, eleita a casa do ano pelo portal ArchDaily.

"Nosso desafio nesse projeto foi, em um prazo muito curto, de cerca de um ano, transformar a estrutura que já existia ali, de um hotel boutique, para acolher as necessidades de um resort, mantendo uma conversa legal entre essas duas arquiteturas", diz Magalhães.

Além da reforma e readaptação dos espaços existentes, o escritório planejou a ampliação da sede, uma grande piscina coberta com spa, piscina descoberta com deck e um terraço-jardim e as conexões entre a sede e os bangalôs, que serão como trilhas, criando uma experiência similar à dos caminhos que levam os visitantes por entre as obras e galerias do Inhotim.

"Conseguimos fazer tudo isso sem perder o que é o mais bacana do projeto, que são os quartos no meio da mata", diz Lobato. "O hóspede vai estar em um resort, mas ainda vai se sentir dentro de Inhotim."

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