Eliane Trindade

Editora do prêmio Empreendedor Social, editou a Revista da Folha. É autora de “As Meninas da Esquina”.

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Casa em favela de Belo Horizonte ganha prêmio mundial de arquitetura

'Barraco do Kdu', projeto do coletivo Levante no Aglomerado da Serra, vence premiação da plataforma ArchDaily na categoria 'Casa do Ano'

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São Paulo

A Casa do Pomar, também conhecida como "Barraco do Kdu", é a vencedora na categoria "Casa do Ano" de 2023, premiação internacional realizada pela ArchDaily, uma das plataformas de referência em arquitetura no mundo.

O anúncio dos vencedores nas 15 categorias do concurso "Building of the Year" foi feito no próprio site nesta quinta-feira (23).

"Ganhamos, minha casa é a número 1 do mundo", alardeou o artista e empreendedor social Kdu dos Anjos, em um post no Instagram, sobre sua agora famosa residência no alto do Aglomerado da Serra, maior complexo de favelas de Belo Horizonte. "Esse prêmio é para todas as periferias."

Kdu dos Anjos é o morador da Casa no Pomar do Cafezal, vencedora de prêmio internacional de arquitetura, com projeto assinado pelo coletivo Levante no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte - Leonardo Finotti/Divulgação

No comunicado oficial, a ArchDaily informou que foram mais de 150 mil votos em 75 finalistas para reconhecer os melhores projetos de arquitetura recentes no mundo.

"Os vencedores são um exemplo concreto daquilo que a sociedade reconhece como boa arquitetura, mas também daquilo que dela exige", diz o texto. "Os 75 finalistas, que já são uma lista de vencedores, são um testemunho das formas inovadoras e diversas como a arquitetura responde aos desafios do nosso ambiente construtivo."

A casa de 66 metros quadrados que se camufla com as típicas construções do Aglomerado foi projetada pelo Coletivo Levante, formado por engenheiros, estudantes, designers e paisagistas voluntários.

O sobrado de dois andares, em tijolo aparente, tem uma série de diferenciais, apesar de estar localizado em uma rua sem asfalto, em um beco onde não chega nem água encanada nem iluminação, como no resto da favela —como ressaltou Kdu, ao ser indicado entre os finalistas do concurso.

"É um projeto que gerou muita empatia e virada de perspectiva no sentido de olhar para o que a favela tem de positivo e não só para os problemas", afirma o arquiteto Fernando Maculan, que assina a "Casa do Ano" junto com a colega Joana Magalhães.

Após o reconhecimento internacional, a expectativa de Maculan é que o Coletivo Levante se estruture e ganhe mais projeção para realizar novos projetos.

O primeiro passo foi a abertura de uma associação sem fins lucrativos para que o coletivo possa acessar editais de assessoria técnica e outros tipos de financiamento. Até então o trabalho tem sido voluntário.

No virada desse ano, o Levante ganhou um edital de R$ 80 mil ao ser selecionado entre os projetos a serem apoiados pela Fundação Tide Setúbal. "É o início de uma nova etapa para o Levante levantar de vez junto com os desdobramentos naturais da premiação", diz o arquiteto.

Nos últimos dias, eles têm recebido contatos de pessoas e famílias que narram suas histórias de vida e pedem apoio para também contar com um sonho planejado de casa própria, para se juntar aos 12 projetos do coletivo atualmente em andamento.

Também já houve sinalizações de empresas que querem apoiar iniciativas de habitação social em favelas e periferias.

Boas novas para festejar em grande estilo com uma festa na rua na noite desta sexta-feira (24), no Centro Cultural Lá da Favelinha, do qual o feliz proprietário da "Casa do Ano" é gestor e animador.

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