A Ilha do Bororé, bairro do distrito do Grajaú, na Zona Sul, é um dos lugares mais cativantes da capital. Nem parece São Paulo. Vive-se ali, a 30 quilômetros do centro da cidade, uma vida totalmente campestre, onde inúmeras casas têm hortas e não há postos de gasolina ou grandes supermercados.
Cercada pela represa Billings, a chamada ilha, na verdade uma península, é local de pescarias e de veraneio nos fins de semana. É também um conhecido ponto de cicloturismo e local de intenso ativismo ambiental. Oitenta por cento de seu território é coberto por Mata Atlântica. Cada vez mais paulistanos de todas as regiões têm ido ali passar o dia ou pernoitar em busca de sossego e de contato com a vida rural.
Alcançá-la é relativamente fácil. O primeira passo é chegar de metrô ou de qualquer outra forma em uma das estações de trem da linha 9-Esmeralda, administrada pela Via Mobilidade, que margeia o Rio Pinheiros. Nela se segue até a estação Grajaú e no terminal de ônibus do bairro, que fica colado à ferrovia, busca-se a linha 6L11-10 Ilha do Bororé.
O percurso até a ilha dura cerca de 30 minutos e o ônibus atravessa a represa Billings numa balsa, a única balsa que funciona dentro da cidade. Quem quiser seguir no ônibus pode ir até outro lado da ilha, cruzando a estrada Itaquaquecetuba, que depois passa a se chamar estrada Velha do Bororé, e chegar numa segunda balsa. Mas essa liga a capital ao município de São Bernardo.
Também dá para chegar na Ilha do Bororé a partir de São Bernardo, o que é uma opção melhor para quem mora no ABC ou vem da zona Leste. Nas duas balsas a travessia pode ser feita também de carro ou de bicicleta. O transporte é gratuito, eficiente e rápido. As filas são curtas e o tempo para cruzar a Billings, do lado do Grajaú, é inferior a 10 minutos. A paisagem vale a pena.
Para quem vem do Grajaú, a melhor pedida é parar logo depois da travessia e conhecer alguns pontos turísticos da ilha. O primeiro é a Capela de São Sebastião, construída em 1904 em estilo barroco português, e marco histórico do povoamento do Bororé. Dentro há uma imagem de São Sebastião com traços indígenas. Ela só abre aos fins de semana.
Logo em frente à capela há outra construção antiga: uma casa de madeira erguida no final do século 19 onde funciona o Bar do Edinho. A ocupação da ilha começou há cerca de 120 anos.
Um lugar legal de Bororé, a 100 metros da saída da balsa, é a Casa Ecoativa, referência cultural e ambiental da localidade, que promove praticas sustentáveis com o objetivo de melhorar a educação e a qualidade de vida da comunidade. Regularmente recebe jovens estudantes para conversar sobre arte, meio ambiente e alimentação. É um espaço de convivência onde se discute-se e se pratica a permacultura, um sistema que incentiva relações cooperativas ao invés de competitivas para o desenvolvimento de uma sociedade mais equilibrada e saudável.
Pegando o ônibus de novo no ponto quase em frente à Casa Ecoativa e percorrendo cerca de 7 Km da Estrada Velha do Bororé (o percurso também pode ser feito a pé ou de bicicleta) chega-se numa pequena estrada que leva, mais um quilômetro adiante, a outro ponto turístico da ilha: o mirante do Bororé. Ele apresenta uma vista panorâmica esplêndida da Represa Billings, absolutamente limpa naquela região, e é um refúgio para turistas, ciclistas e pescadores. De lá se vê uma mata intocada e se tem a nítida sensação de estar fora da metrópole. No local há um bar e restaurante.
A Ilha do Bororé faz parte do polo de ecoturismo da capital, que reúne também o bairro de Parelheiros e o de Marsilac, que, juntos, ocupam 28% do território paulistano. É um bairro simples e pacato que faz pensar numa São Paulo do passado, quando o concreto ainda não tinha engolido as áreas verdes e a Mata Atlântica cobria toda a cidade. Com seis mil habitantes, se assemelha a uma vila interiorana onde ainda se vive com grande tranquilidade. Todo paulistano deveria conhecer a Ilha do Bororé.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.