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Grupos de congado devem reunir 4.000 pessoas em Mariana (MG)

Serão 14 equipes de dez cidades mineiras, que voltam a se apresentar na Festa do Divino após hiato por causa da pandemia

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Thalia Gonçalves
Mariana (MG)

O colorido das fitas de cetim e os sons dos tambores dos grupos de congado voltarão a desfilar pelas ruas de Mariana, em Minas Gerais, neste ano. Após uma longa espera, devido à pandemia da Covid-19, a praça Minas Gerais será novamente palco para o encontro de congados, uma manifestação cultural criada no Brasil desde a colonização, especialmente no estado, a partir do século 18.

Neste ano, são esperadas 4.000 pessoas, com a participação de 14 grupos de congado de dez cidades mineiras. No ano passado, com a presença de pessoas ainda restrita por causa da pandemia, a festa do Divino atraiu metade do público.

Igreja enfeitada com bandeiras vermelhas na frente
Grupos de congada voltam à Festa do Divino em Mariana (MG), após interrupção da festa por causa da pandemia. - César do Carmo / PhotoCarmo

O evento acontece durante a programação da Festa da Bandeira do Divino Espírito Santo, neste sábado e domingo (27 e 28), na solenidade de Pentecostes. Celebrada no domingo, a festa acontece 50 dias após a ressurreição de Jesus e, conforme a tradição católica, simboliza descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.

A festa completa volta depois de quatro anos, já que a última edição com público total foi em 2019. "Ficou um pouco daquela saudade sobre esses momentos, apesar de acontecerem apenas uma vez por ano", diz o fotógrafo César do Carmo, que acompanha o encontro desde a sua primeira edição, realizada em 2008.

Para ele, o encontro pode ser descrito como um festival de cores e música. "Cada um tem sua característica, tem sua peculiaridade, sabe? Então, é muito interessante".

Segundo a historiadora Solange Palazzi, essa forma de expressão traz aspectos, modos de ser, de rezar e entender a espiritualidade herdada do povo que veio de África.

"Não é uma manifestação africana, não é uma manifestação brasileira; é resultado da junção do nosso processo de colonização", diz.

Festa não recebia grupos de congada desde 2019, por causa da pandemia - César do Carmo / PhotoCarmo

Apesar de popularmente chamada de congado, essa manifestação apresenta uma pluralidade de grupos como as Guardas de Congo, Moçambique, Guarda de São Jorge, Marujos, Catopés, etc. Em comum, todos os grupos são devocionais a Nossa Senhora do Rosário.

A particularidade de cada um, segundo a historiadora, está relacionada com as irmandades de Nossa Senhora do Rosário e as áreas de colonização. O termo "congado", de acordo com ela, foi consolidado após Chico Rei, uma figura popular na tradição oral mineira que era rei no Congo e foi enviado ao Brasil para ser escravizado.

Tendo prosperado por meio do garimpo, na região de Ouro Preto, ele comprou a sua própria alforria e de outras pessoas escravizadas.

Com as suas bandeiras e instrumentos musicais, os 14 grupos percorrerão no sábado, dia 27, o trajeto do terminal turístico de Mariana até a Praça Minas Gerais.

Na chegada, terão início as apresentações individuais para, em seguida, participarem da procissão da bandeira do Divino e o levantamento do mastro.

"Esse ponto da novena, de levantar o mastro, de congregar a comunidade em torno de barraquinhas, de alegrar a festa do santo, é uma coisa que o congado faz com muito prazer, com muita alegria", diz a historiadora.

Para acolher os congadeiros, a praça Minas Gerais, a rua Dom Silvério e a ladeira Waldemar Moura Santos estarão enfeitadas de vermelho e branco.

Presentes nas bandeirinhas, flâmulas e demais enfeites, as cores são usadas para representar a descida do Espírito Santo sobre a terra.

Segundo o padre Geraldo Dias Buziani, da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, na cultura hebraica, a festa de Pentecostes tinha uma conotação agrária, de ação de graças pela colheita. "Na fé cristã, celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e Maria Santíssima, reunidos no Cenáculo, em Jerusalém. Portanto, é a festa da manifestação, da revelação, na qual Jesus Cristo envia o Espírito Santo sobre a Igreja, o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho".

Em Mariana, estima-se que o festejo do Divino remonta ao século 18. É organizada desde 2007 pela Confraria do Divino Espírito Santo, ligada à paróquia. Além das celebrações das missas e novenas, ocorre também a bênção a e distribuição de pães e medalhas e o sorteio e coroação do imperador.

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