Café na Prensa

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Café na Prensa - David Lucena
David Lucena
Descrição de chapéu café sustentabilidade

Café 'to go' cresce no Brasil, e até McDonald's entra na onda das 'portinhas'

Impacto causado pelo uso de descartáveis preocupa ambientalistas e é alvo de autoridades e empresas pelo mundo

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São Paulo

As redes de cafeterias que vendem bebidas para comprar e sair bebendo têm crescido rapidamente no Brasil, apoiadas em um modelo de franquias com baixos investimentos e alvo de questionamentos pelo impacto ambiental causado pelo uso excessivo de descartáveis.

Redes como The Coffee, Mais1.Café e Go Coffee apostam em planos de expansão arrojados. Até o gigante do fast food McDonald's aderiu à tendência.

A imagem mostra a fachada de um restaurante McDonald's com duas entradas em arco, iluminadas por luzes amarelas. A entrada à esquerda possui uma porta de vidro com a palavra 'PUXE'. À direita, há um balcão de atendimento com duas luminárias pendentes e um cartaz promocional. O cartaz diz: 'QUE TAL UM CAFÉ? R$ 2,00 McCafé SIMPLES ASSIM'. Há também um pequeno display no balcão com copos de café e outro cartaz que diz: 'VAMOS TOMAR UM CAFÉ?'.
Loja do McDonald's na avenida Paulista oferece café na janela - David Lucena/Folhapress

A The Coffee, fundada em 2018, tem mais de 200 lojas, incluindo dezenas fora do Brasil. A Mais1.Café diz já ter cerca de 500 unidades em operação e planeja duplicar essa quantidade até o fim do ano, com um faturamento de R$ 156 milhões. A Go Coffee tem mais de 400 unidades comercializadas, sendo metade já em funcionamento, e as demais para inaugurar em breve.

De olho na expansão do setor, até o McDonald’s entrou na onda. Várias unidades da gigante do fast food instalaram garrafas térmicas em janelas ou logo na entrada da loja. Assim, o consumidor pode comprar o café e seguir seu destino, sem sequer precisar entrar na lanchonete –algo que a empresa já faz há muito tempo com os sorvetes.

Como mostrou o Café na Prensa, o formato prospera em um ambiente de negócios pós-pandemia, no qual o setor ainda se recupera de um cenário de alto endividamento e margens de lucro sacrificadas.

"As lojas menores, com essa proposta to go, demandam investimentos mais baixos, operações mais enxutas e são fáceis de ser adaptadas a diferentes localidades", disse Rodrigo de Mattos, analista da Euromonitor International.

Esse formato oferece uma consistência de vendas, sobretudo quando está localizado perto de escritórios ou em locais com grande fluxo de pessoas, como nas imediações de estações de metrô, por exemplo.

Em compensação, afirma Mattos, a operação fica à mercê dos escritórios ao redor. "Se existe alguma mudança de aluguel ou posição, perde-se o consumidor", afirma.

Além disso, o modelo costuma ter um ticket médio pequeno, se comparado a estabelecimentos em que as pessoas sentam para comer. "O consumidor raramente vai comprar uma quantidade grande de produtos. Muitas vezes vai comprar apenas uns dois ou três itens, o que der para carregar", diz Mattos.

EXCESSO DE LIXO NA MIRA

O crescimento, contudo, traz consigo um aumento no uso de materiais descartáveis, o que tem entrado na mira de autoridades ambientais de vários países. A União Europeia e o Reino Unido decidiram proibir alguns plásticos descartáveis em cafés e restaurantes a partir de 2030 —embora, a princípio, a medida se aplique apenas a pratos e talheres.

Em janeiro deste ano, o Starbucks anunciou que, nos Estados Unidos e no Canadá, os clientes poderão usar seus próprios copos ao adquirir as bebidas nas cafeterias. Questionada pelo Café na Prensa, contudo, a empresa informou que essa iniciativa ainda não está disponível no Brasil.

De modo geral, os copos descartáveis podem ser de isopor, plástico ou papel. O primeiro leva centenas de anos para se decompor, é pouco reciclável e seu processo de produção emite uma quantidade alta de CO2. Os plásticos, além disso, ainda podem se decompor em microplásticos que poluem os oceanos.

Os de papel parecem uma escolha menos ofensiva ao meio ambiente. Contudo, uma pesquisa publicada no ano passado revelou que eles também podem ser muito nocivos ao planeta. Isso se deve sobretudo ao fato de, em geral, esses copos não serem feitos apenas de papel. Caso o fossem, se destruiriam rapidamente em contato com o líquido. Por isso, costumam ter uma fina camada de plástico.

O Café na Prensa questionou as principais redes de cafeteria que adotam o modelo "to go" sobre suas práticas. A reportagem perguntou quais são os materiais utilizados em seus copos, se possuem planos para lidar com o impacto ambiental e se permitem que o consumidor leve seu próprio copo reutilizável.

A Starbucks disse que, em todas as lojas no Brasil, os copos são biodegradáveis –sem especificar o material utilizado– e os canudos são de papel. A gigante norte-americana não detalhou nenhuma medida específica para lidar com o impacto causado pelo uso de descartáveis, mas disse que "está avançando em direção às suas metas globais de sustentabilidade para 2030, com foco em embalagens sustentáveis, reutilizáveis, opções à base de plantas, lojas mais verdes (Greener Stores) e café neutro em carbono".

A rede The Coffee diz usar copos de papel com revestimento interno de resina plástica para as bebidas quentes e, para as geladas, usa copos de plástico PET. A empresa permite que o consumidor leve seu próprio copo e diz trabalhar para aprimorar as práticas de logística reversa.

A Mais1.Café e a Go Coffee disseram usar copos de papel para bebidas quentes e de plástico biodegradável para bebidas geladas. Ambas também informaram que permitem que o cliente leve seu próprio copo, e, como medida para reduzir o uso de descartáveis, dizem incentivar o uso de recipientes reutilizáveis, inclusive oferecendo descontos para quem aderir aos copos da marca.

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