Quem saiu de casa para pedalar na última semana precisou ter muita coragem (e muito agasalho) para suportar o frio intenso que atingiu várias partes do Brasil.
A combinação de uma massa de ar polar, que ainda cobre grande parte da América do Sul, com a passagem da tempestade subtropical Yaekan pelo sul do país, derrubou as temperaturas, causou fortes rajadas de vento e mudou a rotina de grande parte da população.
Dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mostram que o frio chegou até no centro-oeste brasileiro, região onde baixas temperaturas são raridade. Em Brasília (DF) a mínima atingiu recorde histórico, com 1,4ºC na quinta-feira (19). No mesmo dia, algumas cidades de Goiás e Mato Grosso do Sul chegaram à casa dos 2ºC. Em Cuiabá (MT), onde o clima costuma ser comparado a um forno, fez 8ºC.
Os estados do sul e sudeste foram os mais castigados. As temperaturas ficaram negativas em várias cidades de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Em Itatiaia (RJ), a mínima foi de -7,6ºC no sábado (21), a menor temperatura registrada pelo Inmet no ano.
Na cidade de São Paulo, as rajadas de vento atingiram 60 km/h, causando sensação térmica de -5,4ºC durante a madrugada de quarta-feira (18).
Quem gosta de pedalar mais cedo teve que proteger até as orelhas para não se render ao clima. "Tem que ter muita coragem. A combinação de frio e vento estava insuportável, foi o pior dia para treinar", disse a advogada Flavia Mahfuz, em São Paulo.
Para aguentar seu treino de 30 Km na Ciclovia do Rio Pinheiros, às 7h da manhã, Mahfuz vestiu calça com forro, segunda pele (camiseta justa sob a camisa), jaqueta, luvas, gola alta e uma faixa de lã para cobrir as orelhas.
O pedreiro Guilherme Vilela, que usa a bicicleta todos os dias no trajeto entre sua casa, em Americanópolis (zona de sul de São Paulo), e o trabalho na Lapa (zona oeste), estava pedalando na manhã de sexta-feira quando os termômetros marcavam 11ºC . "Mesmo no frio prefiro ir de bike. Uso cachecol e luvas de lã".
Para o estilista Edo Belleza, gerente de produto da marca Specialized, a escolha da roupa ideal para a prática de ciclismo requer planejamento e auto conhecimento. "Cada corpo reage de um jeito. A quantidade ideal de agasalho vem de uma fórmula que envolve a intensidade do frio, o ritmo da atividade e a sensibilidade da pessoa. A tecnologia de hoje oferece vestuário capaz de se adaptar às variações de tempo e regular a temperatura do corpo".
Além de trabalhar com moda para ciclismo, Belleza tem longa experiência em treinos e indica práticas para encarar as intempéries sobre duas rodas. "Prever as variações de temperatura e de vento faz parte dos hábitos de um ciclista. O ideal é checar a previsão do tempo e já separar a roupa ideal na véspera".
Para encontrar o conjunto que melhor se adapta às variações do clima frio, Belleza listou 3 kits para outono e inverno:
Pouco frio — entre 20ºC e 16ºC
Bretele (bermuda com forro de assento para ciclistas), segunda pele, jersey (camiseta de ciclista), corta-vento ou manguito (mangas longas removíveis), luvas simples e meias simples.
Frio moderado — entre 15ºC e 11ºC
Bretele, pernitos (calças longas e justas) ou joelitos (calças curtas e justas), segunda pele, jersey longa com forro em tecido térmico, corta-vento, luvas e meias em tecido térmico e um colete para os mais sensíveis.
Frio intenso — abaixo de 10ºC
Bretele longo em tecido térmico, segunda pele, jersey longa com forro térmico, jaqueta de inverno, luvas e meias em tecido térmico, protetor de pescoço, faixa para testa, nuca e orelhas, e capas para as sapatilhas.
Previsão
Para hoje e para os próximos dias, a previsão é de manhãs frias nas regiões atingidas pela massa de ar polar, principalmente sul e sudeste do país. Mas assim como aconteceu ontem, o sol deve brilhar, elevando a temperatura gradualmente ao longo do dia.
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