De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Onde investir para deixar para seu filho recém-nascido?

Melhor garantir uma segurança financeira até seu filho concluir a faculdade, do que ele ter mais dinheiro depois de acabado a faculdade

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Um questionamento hoje no Twitter chamou minha atenção e gerou muitos comentários. A pergunta exata foi "Se o seu filho nascesse hoje e você fosse investir em um ativo, para segurar por 20 anos, e depois transferir para ele. Qual seria?".

Kayky Brito com o filho recém-nascido
Kayky Brito com o filho recém-nascido - Reprodução @kayky.brito

Óbvio que o mais importante a se deixar para um filho é educação. No entanto, esta resposta não faz parte da pergunta. Portanto, não vou discutir quão mais importante são valores e educação. Tampouco, vou entrar no debate se alguém deveria deixar algo para o filho.

A pergunta é simples, mas muitos não entenderam e indicaram diversos ativos. Supostamente, deveria ser apenas um instrumento.

Um dos pontos mais importantes a se considerar na questão é a realidade financeira do pai e seu perfil de investidor.

Vários indicaram a aquisição de criptoativos, como Bitcoin. Entenda, este instrumento é um dos mais arriscados ativos a se investir atualmente.

Sim, é possível que em 20 anos, o Bitcoin possa ter um grande valor. Entretanto, os especialistas apontam que o mais provável é que entre 5 e 10 anos, o Bitcoin já tenha sido substituído por outro na mesma classe e que tenha maior utilidade.

A maioria dos pais têm seus filhos entre 25 e 45 anos. Vamos considerar o ponto médio de 35 anos de idade.

Nesta idade, dificilmente o pai tem um grande volume de recursos. Sua capacidade de poupança também não é das melhores, pois ainda está em fase intermediária de carreira e com diversos compromissos.

Assim, seria inviável a aquisição de um imóvel para o filho, como muitos indicaram, pois, possivelmente, ele ainda está tentando comprar sua própria casa.

Adicionalmente, ele pode ter outros filhos. Então, seria um problema. Ou teria que comprar outro imóvel, ou passaria pelo inconveniente de deixar o mesmo imóvel para dois filhos. Quem já passou por inventário com imóvel sabe do problema que é quando o imóvel deve ser dividido por mais de um herdeiro. A briga é certa.

Alguns responderam comprar títulos públicos referenciados ao IPCA, pois a taxa de juros está muito elevada. Sem dúvida, esta resposta é muito melhor que a escolha do imóvel. Mas recai no problema do montante que se tem disponível.

A pergunta principal que um pai deveria pensar neste momento é: o que eu posso investir agora que vai deixar meu filho seguro em qualquer situação e que eu possa investir pouco e sem comprometer o orçamento?

Eu só imagino uma resposta para esta questão: seguro de vida.

Ser pai, na maioria das vezes é uma escolha. Ao fazer esta escolha, você se comprometeu em cuidar desta criança até que ela tenha capacidade de cuidar dela própria.

Assim, se você está no começo ou meio de carreira, ou se você ainda não possui um patrimônio constituído, como a criança vai ficar se algo ocorrer com você?

A alternativa do seguro costuma ser mal vista. Este preconceito costuma ocorrer pelo desconhecimento. Veja a simulação abaixo.

Considere que o mesmo pai com 35 anos de idade fez um seguro do tipo resgatável com pagamentos por 10 anos e com capital segurado de R$ 500 mil. Lembrar que esse capital segurado é corrigido pelo IPCA.

O pai teria um compromisso de pagamento de R$ 19,7 mil anuais com este seguro. Se o capital segurado fosse o dobro, ou seja, de R$ 1 milhão, o prêmio anual pago seria o dobro, ou seja, R$ 39,4 mil.

O ponto mais relevante é que logo após o primeiro pagamento, o filho já está assegurado com R$ 500 mil. Este valor, na maioria das vezes é suficiente para cobrir sua educação até a faculdade.

Esse é o caso que mencionei sobre a segurança financeira para a criança desde o dia 1.

Agora imagine que você compre o mesmo valor em títulos públicos federais rendendo IPCA+6% ao ano. Lembre-se que sobre os rendimentos auferidos deste investimento incide IR. Assim, o retorno líquido de IR e acima do IPCA fica em apenas 4,4% se a inflação média for de 5% ao ano.

No caso do seguro de vida, não há incidência de IR sobre o benefício recebido.

Se o pai investir R$ 19,7 mil por ano, em títulos públicos com taxa de IPCA+4,4% ao ano e por 10 anos, demoraria 26 anos para que o investimento em títulos públicos alcançasse o capital segurado de R$ 500 mil a valores de hoje. Ou seja, o filho só vai ter o mesmo valor de um seguro quando tiver 26 anos de idade. Portanto, apenas depois de já ter acabado a faculdade.

Acredito que qualquer pai racional vai preferir a garantia de que seu filho tenha segurança financeira para poder concluir uma faculdade, do que ele ter mais dinheiro depois de acabada a faculdade.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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