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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Entenda como comparar o rendimento de aluguel com o de aplicações financeiras

A maioria dos investidores calcula errado o rendimento de aluguel

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A maioria dos locadores de imóveis interpretam errado o rendimento que recebem na locação de imóveis. Esta falha de interpretação leva a comparações erradas com aplicações financeiras e, consequentemente, falha na decisão de investimento.

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A maioria dos investidores calcula errado o rendimento de aluguel. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress) - Folhapress

No prédio onde eu moro, há quatro apartamentos por andar e um total de 15 andares. Apenas no meu andar existem dois apartamentos vagos para alugar. Uma destas unidades está livre para alugar há pelo menos um ano.

Eu pago R$ 3,5 mil de aluguel mensal mais custos de condomínio e impostos que fazem minha despesa de moradia alcançar R$ 5 mil por mês. O valor do imóvel se aproxima de R$ 1,2 milhões, pois é um prédio antigo e sem estrutura de lazer.

Estou colocando meu caso e o que ocorre com meus vizinhos apenas como ilustração para explicar o cálculo do rendimento do aluguel.

Então vamos lá. Qual o rendimento de aluguel que o proprietário de meu imóvel recebe?
a) 0,41% ao mês, ou seja 5% ao ano
a) 0,29% ao mês, ou seja 3,5% ao ano
a) 0,20% ao mês, ou seja 2,4% ao ano

O resultado do rendimento ao ano é calculado simplesmente pela multiplicação do rendimento mensal por 12. Sim, esse é um detalhe que muitos também confundem. Em imóveis, não há juros compostos na renda de aluguel. Você não reinveste o aluguel no mesmo imóvel.

Muitos locadores recebem dos locatários toda a despesa que eu gasto de moradia e eles próprios se encarregam de pagar condomínio, IPTU e seguro. Assim, vários destes acreditam que o rendimento do aluguel é o apresentado no item A.

Para se chegar à alternativa A, o locador divide o recebimento de R$ 5 mil pelo valor do imóvel de R$ 1,2 milhões.

Entretanto, apenas o aluguel é realmente uma receita. Portanto, a alternativa A está incorreta.

Talvez você tenha marcado a alternativa B como a correta. Nela, é considerada apenas a receita de aluguel de R$ 3,5 mil mensais como o rendimento.

Entretanto, se engana quem acha que ela é inteiramente sua. Logo, a alternativa B também não é a correta.

Vou explicar por que a receita de aluguel não é toda do locatário, utilizando o exemplo do apartamento vizinho ao meu.

Por que você acha que o apartamento vizinho ao meu está vazio há um ano?

Isso mesmo. O estado de conservação dele não é dos melhores.

Quem você acredita que deveria investir em manutenção, conservação e renovação do imóvel para alugar mais fácil?

Ingenuamente, investidores de imóveis acreditam que toda a receita de aluguel é deles. Isso não é verdade. Você deve separar pelo menos 10% do aluguel para renovar o imóvel de forma a alugar ele mais rápido.

Também, é preciso considerar o custo de vacância de pelo menos seis meses a cada 5 anos. Isso representa um custo de mais 10% do valor do aluguel.

Adicionalmente, se deve assumir mais uma provisão de 10% por outras despesas como gastos condominiais em excesso à despesa ordinária, gastos com locação e administração e outros.

Portanto, uma conta mais real de sua receita de aluguel líquida de provisões seria de 70% do aluguel. Lembre-se, não estou considerando os impostos.

Portanto, o item C seria a resposta correta. O rendimento do proprietário do imóvel que eu alugo é próximo de 0,20% ao mês.

Talvez o leitor chegue à conclusão de que com este cálculo o proprietário deveria preferir um CDB pagando IPCA+6% ao ano, pois estaria ganhando bem mais.

Afinal, 6% ao ano em cima de um investimento de R$ 1,2 milhões produziria uma receita equivalente a R$ 6 mil mensais. Adicionalmente, o valor deste investimento ainda se valorizaria com o IPCA.

Além do rendimento ser maior, uma aplicação financeira como esta considera juros compostos o que faz com que seu ganho seja muito superior a apenas 2,5% ao ano acumulados com juros simples.

Eu concordo e é por isso que eu alugo e não compro, mas não se deve fazer esta comparação tão simples.

Também é necessário considerar a valorização do imóvel.

Assim, se o proprietário de meu imóvel acredita que o apartamento irá se valorizar pelo menos 9% ao ano, ele poderia preferir o imóvel ao CDB.

Não acredito nesta valorização de 9% ao ano. Portanto, minha preferência ainda é pelo CDB e outras aplicações financeiras de renda fixa e renda variável, como fundos imobiliários, a investir em um imóvel. Sigo feliz com minha decisão de morar de aluguel.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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