Existem dois grandes sentimentos que levam indivíduos a tomarem decisões de investimentos ineficientes. Usualmente, quando erramos, somos dominados por um destes dois. Eles instigam investidores a concentrarem suas carteiras. Uma das concentrações pode resultar em grande perda financeira e a outra, em perda de oportunidades.
Uma pergunta que recebo com frequência é: qual o percentual máximo faria sentido investir em um único ativo ou classe de ativos?
Não existe uma resposta certa, pois depende de uma série de fatores, mas vou discutir o que você deveria evitar.
Alguns indivíduos, tentando repetir o sucesso de grandes investidores concentram todas suas economias em ações. Estes são movidos pela ganância de ganhar e relevam os riscos envolvidos. Até descobrirem, tardiamente, que erraram.
Estes agem ingenuamente acreditando que conseguem repetir os mesmos passos trilhados por aqueles que foram bem-sucedidos. Lembro que meu pai repetia a seguinte frase: "a mesma pessoa não atravessa o mesmo rio duas vezes. Ou a pessoa muda, ou o rio".
Aposto que mesmo Warren Buffett e Luiz Barsi, se voltassem no tempo, não conseguiriam repetir o feito que os fez chegar no patamar que estão hoje. Portanto, não espere conseguir fazer o mesmo.
Mesmo para um investidor agressivo, é ineficiente ter 100% dos recursos em uma única classe de ativos, como ações, fundos imobiliários ou outra. Não ilustre os poucos casos de sucesso para contra-argumentar.
Entretanto, não estou dizendo que em um determinado momento mais favorável, o investidor agressivo não possa concentrar. Neste caso, deve-se refletir bastante se o momento é mesmo favorável ou se é apenas sua ganância que está se justificando.
Também, o conservador pode cometer falha similar. No entanto, seu erro não tem o potencial de perda financeira, mas de perda de oportunidade. Eles são movidos pelo medo. Têm medo de tudo e de todos.
Muitos concentram tudo em um único lugar. Usualmente, naquele investimento que até o presente instante não os fez sofrer decepção. Por exemplo, alguns concentram todos os recursos em poupança, ou em Tesouro Selic, ou mesmo um único vencimento de algum título público.
É sabido, por exemplo, que alguns títulos privados, com garantia do FGC, proporcionam retorno superior e se comportam como ativos sem risco devido à garantia.
Os dois extremos devem ser evitados como forma permanente de alocação.
Lembre-se, o veneno mata pela dose.
Você pode ser um investidor conservador e ter uma diversificação em renda fixa, distribuindo em indexadores, vencimentos e emissores. Isso proporcionará um melhor balanço de retorno e risco no longo prazo.
O investidor agressivo também deve ter renda fixa para poder rebalancear a carteira nos momentos de queda do mercado.
Também, deve ter diferentes ativos de risco para reduzir a volatilidade da carteira. Reforço, não é porque um marinheiro é bom que é interessante a ele andar em mar revolto o tempo todo.
De forma geral, evite que um ativo único, seja ele título ou fundo represente mais de 10% de sua carteira de forma permanente. Entretanto, é tolerável uma alocação superior, mas se for em fundo de renda fixa de baixo risco, pois ele mesmo já está diversificado.
A alocação deve estar alinhada com seu objetivo de retorno e ter uma margem para a possibilidade de algo dar errado e você se distanciar deste objetivo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
Fale direto comigo no e-mail.
Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.