De Grão em Grão

Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro

De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros

Se eu soubesse disso antes, eu teria mais hoje

Investidores pagam um custo alto pela forma como alocam seu portfólio

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À medida que ficamos mais velho e trabalhando com o mesmo objetivo, a experiência vai se acumulando e entendemos o que poderíamos ter feito diferente no passado para ter mais resultado. Hoje vou abordar uma destas lições que aprendi com a experiência.

Você paga um custo por ter mais liquidez que o necessário. Spencer Platt/Getty Images/AFP (Photo by SPENCER PLATT / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

A maioria dos indivíduos tem mais liquidez do que precisa. Esta atitude tem um custo.

Esse custo se materializa em perda de patrimônio no longo prazo.

Existem duas justificativas que levam os investidores a terem maior liquidez que o necessário. Incoerentemente, as duas razões têm sentidos opostos e, às vezes, são usadas em conjunto. Aqueles que as usam em conjunto caem na completa armadilha da liquidez.

Vamos começar pela negativa. Somos educados financeiramente a pensar no pior. Vivemos pensando que em algum momento algo de ruim pode acontecer e podemos precisar de muito dinheiro.

O problema é que "o pior" é muito subjetivo e acabamos achando que é conservador ter tudo em liquidez, pois imagina se acontecer ...

O erro vem da base. Logo que iniciamos os investimentos, costumamos ouvir: você precisa construir uma reserva de emergência, pois algo pode dar errado e você pode precisar.

Então perguntamos: de quanto precisa ser essa reserva?

Costumamos ouvir o seguinte: precisa ser de pelo menos 6 meses de seu custo mensal ou de seu salário.

Talvez você se lembre daquela brincadeira do telefone sem fio que uma criança fala um conjunto de palavras no ouvido da outra e assim sucessivamente?

O mesmo ocorreu aqui. Em algum momento alguém disse no ouvido do outro que reserva de emergência era igual a reserva de liquidez. Daí o erro se propagou.

Reserva de emergência é diferente de reserva de liquidez.

Sim você precisa pensar em construir pelo menos uma reserva em ativos de baixo risco que responda pelo menos por 6 meses de seu salário ou custo. Essa é uma reserva de emergência mínima.

Mas, é errado pensar que ela precisa estar inteiramente em liquidez diária.

Mesmo que você acredite que possa perder o emprego em breve você não precisaria ter tudo em liquidez diária hoje.

Se você perde o emprego, seu salário deve ser, temporariamente, substituído por resgates de suas aplicações financeiras. Entretanto, há dois pontos a se considerar. Primeiro, você não vai sacar os 6 meses no dia seguinte ao que fica desempregado. Os recursos serão resgatados ao longo dos meses seguintes.

Segundo, ainda há o recurso no FGTS que é uma poupança forçada que, normalmente, é liberado em 30 a 60 dias. Como o empregador recolhe 8% do salário, a cada ano, você tem praticamente 1 mês de salário no FGTS por ano trabalhado, sem contar multas rescisórias.

Outra razão negativa empregada é a necessidade médica. Essa precisa ser analisada com cuidado e ponderada com a existência de seguro saúde pelo indivíduo.

Óbvio que muitos fatos ruins podem ocorrer. Entretanto, pela minha experiência orientando investidores, eles ocorrem com frequência muito menor do que imaginamos.

A razão positiva que investidores anseiam pela liquidez é a expectativa de que uma oportunidade possa surgir.

Minha avó dizia: só acha dinheiro no chão quem anda olhando para o chão e procurando.

Se você está procurando uma oportunidade específica, então, sim, é possível que ela surja. Mas, neste caso, a reserva de liquidez é algo planejado. Caso contrário, convenhamos, oportunidades não caem no colo.

De fato, a melhor oportunidade está na frente de todos neste momento e eu vou repetir o que já escrevi nesta coluna.

Sabemos que os juros vão cair e que hoje temos juros altos. A oportunidade está em travar esses juros alto por mais tempo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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