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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu juros Selic

O CDI não pode ser meta de rentabilidade mínima em seus investimentos

Outro indicador é mais adequado que o CDI como meta atuarial ou de desempenho de um portfólio

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A maioria dos investidores persegue o CDI como retorno alvo de seus portfólios. Entretanto, ele não atende aos critérios necessários de uma meta atuarial. Portanto, aqueles que usam esta estratégia correm sério risco de não atingirem o objetivo desejado.

Outro indicador é mais adequado que o CDI como meta atuarial ou de desempenho de um portfólio. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP (Photo by Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

Primeiro vamos entender o que é a meta atuarial, pois percebi que este conceito não é comum a todos.

Meta atuarial é um termo, usualmente, utilizado no mercado previdenciário.

No ambiente previdenciário, existe um passivo representado pelo conjunto de fluxos de caixa devidos ao beneficiário de aposentadoria. Também existe um ativo, formado pelos investimentos que devem atender àquele passivo futuro.

No escopo individual, seu passivo é formado pelo seu conjunto de objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo. Já os ativos são todos os seus investimentos financeiros e imobiliários.

A meta atuarial é a rentabilidade mínima ou requerida que faz com que o ativo seja capaz de honrar os fluxos necessários aos seus objetivos.

Depois de meu último artigo, recebi alguns e-mails de leitores questionando qual deveria ser a meta atuarial a utilizarem.

Alguns leitores perguntaram se o CDI poderia servir como esta rentabilidade mínima.

O CDI não é adequado como meta atuarial. Portanto, também não é um indicador interessante para avaliação de seu portfólio no longo prazo.

O CDI é um indicador financeiro que pode, como já vimos no passado recente, ter rentabilidade tão baixa quanto 1,9% ao ano, ou seja, significativamente menor que a inflação.

Portanto, não é possível dizer quanto o CDI deve apresentar retorno acima do IPCA no futuro.

Uma meta atuarial deve ser uma rentabilidade acima de um indicador que mensure a perda de poder de compra do dinheiro, ou seja, acima da inflação. Isso ocorre, pois tudo o que você planeja como custo, no futuro subirá de valor com a inflação. Logo, se o ativo sobe apenas a inflação, ele não está adicionando valor, mas apenas recuperando a perda de valor do dinheiro.

Assim, sua meta atuarial e indicador para avaliar o desempenho de sua carteira deve ser uma taxa de retorno acima do IPCA.

Adicionalmente, com o CDI não é uma taxa conhecida e fixa possível de se estabelecer cálculo para longo prazo. Não se conhece quanto será o CDI em 2 anos. Ele pode cair para 8% ao ano e comprometer um cálculo que considerava um ganho de juros real por 20 anos. Logo, o CDI também é inadequado neste critério.

A rentabilidade meta deve ser estimada para um longo horizonte tendo em vista, seu patrimônio atual, seus objetivos financeiros e sua capacidade de poupança periódica. Ou seja, a meta atuarial pode ser encarada como a taxa mínima que faz com que seu planejamento financeiro seja coerente e precisa ser conhecida para ser perseguida.

Caso você não tenha um planejamento financeiro, ainda assim, você pode e deve definir uma meta mínima para seus investimentos. Também neste caso, o CDI continua inadequado como métrica para o longo prazo, pois ele não garante que você terá retorno suficiente para cobrir a inflação.

Como regra geral, se você deseja ser conservador na definição de sua meta, considere uma taxa equivalente a 80% da taxa de juros real, ou seja, acima da inflação atual. Portanto, uma taxa de 4% acima do IPCA pode servir àqueles mais conservadores.

Para os mais arrojados, é possível utilizar um rendimento de 20% acima da taxa real de títulos públicos. Assim, IPCA+6% ao ano poderia ser um rendimento objetivo mínimo.

Como exemplo, no Brasil, muitas entidades de previdência privada possuem metas atuarias de 4,5% ao ano acima da inflação.

Conforme escrevi no passado, o principal índice de ações brasileiro, o Ibovespa e o principal índice de ações americano, o S&P 500, apresentaram nos últimos 20 anos retorno real, ou seja, acima de suas respectivas inflações de menos de 5,5% ao ano. Isso já considerando dividendos.

Atualmente, há muitos títulos de renda fixa privados, como CDBs, debêntures, CRIs e CRAs com rendimento acima de IPCA+6% ao ano. Portanto, vivemos um ambiente interessante para travar na renda fixa um retorno de longo prazo capaz de superar sua meta atuarial.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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