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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Devo mudar meus investimentos por causa do conflito em Israel?

Conflitos elevam a incerteza e consequentemente a volatilidade nos preços dos ativos

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Após a deflagração do conflito no Oriente Médio no fim de semana, recebi alguns e-mails questionando o que mudar na carteira de investimentos. A guerra na Ucrânia ainda nem esfriou e mais uma assusta o mundo. Guerras trazem uma incerteza adicional às variáveis econômicas. Entretanto, elas justificam um rebalanceamento da carteira?

Conflitos elevam a incerteza e consequentemente a volatilidade dos preços dos ativos. REUTERS/Brendan McDermid/File Photo ORG XMIT: FW1 - REUTERS

Antes de comentar sobre a pergunta, gostaria de destacar que não quero aqui minimizar a relevância dos conflitos, muito menos apontar quem são os culpados.

Voltando à questão inicial, a resposta é depende. Depende de como você orienta e monitora a alocação de seus ativos e de seu horizonte de investimento.

Como mencionei, qualquer conflito pelo mundo, no mínimo, eleva a incerteza e consequentemente a volatilidade nos preços dos ativos.

Portanto, se seu horizonte é de curto prazo, ou seja, de menos de um ano, você já não deveria estar exposto ou ter baixíssima exposição a ativos de risco e ter uma elevada concentração de renda fixa pós-fixada.

Quem me acompanha sabe que tenho mencionado que para o horizonte de um ano, ativos referenciados ao CDI ainda são uma excelente alternativa.

Logo, se você está alocado desta forma, não há o que mudar em seu portfólio.

Entretanto, se você é um investidor conservador, com horizonte de curto prazo e está com exposição ao risco elevada, momentos como esse são importantes para te alertar que seus investimentos podem não estar divididos como deveriam.

Se seu horizonte é de longo prazo, ou seja, de mais de cinco anos, e você olha a rentabilidade de sua carteira todo mês e, também, quer ganhar todo mês do CDI, então, você já está errado de início. Talvez, seu perfil seja mais conservador do que o adotado ou você deveria ter horizonte de curto prazo. Neste caso, avalie adequar seu portfólio ao seu real perfil de investidor.

Entretanto, se você tem, realmente, horizonte de longo prazo, então, com certeza tem uma maior exposição a ativos referenciados ao IPCA como elemento central de sua carteira. Tenho chamado a atenção sobre esta exposição central desde o início do ano.

Conflitos, de forma geral, promovem a escassez ou dificuldade de acesso a alguns bens produzidos na região. No caso do atual conflito, o produto que pode sofrer influência é o petróleo. A alta de preços do petróleo é o maior risco. Uma alta dos preços do petróleo pode elevar a inflação.

Portanto, ativos referenciados à inflação são uma excelente proteção em seu portfólio para conflitos pelo mundo. E esta exposição não deve ser alterada neste momento.

Continuando com o investidor de longo prazo, sua exposição ao risco, supostamente, já deveria estar adequada ao seu perfil de investidor e elevações de volatilidade pontuais não deveriam ser alvo de receio, mas, de eventual complementação caso ainda haja espaço.

Seja como fruto de guerra ou de qualquer outro evento, o mercado financeiro sempre está sujeito a surtos de elevação na volatilidade. Portanto, você sempre deve manter um portfólio com risco adequado à possibilidade de que eles ocorram.

Apenas com a mudança de cenário econômico de longo prazo é que um portfólio deve ser alterado ou quando os preços dos ativos já se moveram para além do devido em relação ao cenário.

Assim, com o pensamento de longo prazo, produtos de renda fixa referenciados ao IPCA ou prefixados com elevada taxa de juros (acima de 14% ao ano) continuam sendo as alternativas com melhor balanço de retorno por risco.

Portanto, cuidado para não se deixar ser sequestrado pelo medo causado pela alta exposição da mídia em cima de eventos. Quando isso ocorre, vai comumente vender na baixa para depois comprar na alta.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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