De Grão em Grão

Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro

De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros

Na renda fixa, melhor investir em títulos com vencimento de curto ou de longo prazo?

A decisão pelo prazo mais adequado na renda fixa deve considerar pelo menos três fatores

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Existe uma preferência natural de investidores pelo curto prazo em praticamente todos os investimentos. Na renda fixa não é diferente. Esta preferência resulta um prêmio nas taxas dos títulos com vencimento mais longo. Entretanto, mesmo com um prêmio decidir se vale a pena investir por prazo mais longo deve considerar outros fatores.

A decisão pelo prazo mais adequado deve considerar pelo menos três fatores. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP - Getty Images via AFP

A teoria da preferência pela liquidez do economista britânico John Maynard Keynes argumenta que os indivíduos têm uma preferência natural por manter seus ativos de forma mais líquida. Portanto, para persuadir as pessoas a abrirem mão da liquidez e investirem em ativos menos líquidos, ou seja, de maior prazo, é necessário oferecer uma compensação na forma de um prêmio de juros.

Entretanto, o prêmio ocorre sobre uma expectativa de retorno futura. Essa expectativa pode se alterar. A economia é muito dinâmica e as mudanças de cenário podem provocar uma mudança nas taxas.

Assim, uma taxa que antes parecia ter um prêmio, pode na verdade ter um desconto em relação a realidade, pois o cenário mudou.

Neste caso, investir em títulos mais longos merece muita atenção. A escolha deve se basear em três aspectos:
- Risco de mudança de cenário;
- Necessidade de recursos;
- perfil de investidor.

Quando se fala de risco, temos de pensar nas probabilidades de cenários adversos. Esse fator é relevante quando analisamos títulos prefixados ou referenciados ao IPCA.

A chance de ocorrer uma mudança para cenário desfavorável em renda fixa, ou seja, de taxas de juros subindo, é maior quando as taxas são mais baixas. Mas, não é o que ocorre neste momento. As taxas de juros estão elevadas, a expectativa é de que a Selic caia e as taxas longas convirjam para baixo.

No entanto, mesmo com uma menor probabilidade de um cenário adverso neste momento, é preciso considerar que ele pode ocorrer. Assim, entram em jogo os dois aspectos seguintes na decisão.

Primeiro com relação a necessidade de uso dos recursos.

Se você pretende usar os recursos em horizonte de 2 anos, é preciso ter cuidado em investir em títulos de longo prazo. A convergência das taxas longas para baixo que menciono acima pode demorar mais tempo que a sua necessidade de vender os títulos. Assim, você pode ter de vender o título em um momento ainda desfavorável.

Um exemplo mais intenso disso é o de quem aplicou em 2021 em títulos públicos do governo americano de 20 anos. Se esse investidor esperar até o vencimento, vai ter a rentabilidade positiva de juros contratada. Entretanto, se ele precisar vender agora, vai amargar um prejuízo de cerca de 40%. Ou seja, se investiu US$ 100 mil, agora só vai receber US$ 60 mil.

Em nossos títulos públicos do tesouro nacional referenciados ao IPCA de longo prazo, conhecidos como Tesouro IPCA, também pode ocorrer algo similar. Portanto, além deste segundo fator na decisão, também, deve-se levar em consideração o terceiro aspecto.

Ainda que não precise dos recursos no curto prazo, também é importante considerar seu perfil de investidor. Nem todo mundo suporta uma variação de 10% a 30% negativa em poucos meses como ocorreu em alguns títulos nos últimos 3 meses.

Logo, mesmo que não precise dos recursos, é adequado ter consciência de seu perfil de investidor. Um investidor com perfil mais conservador pode não suportar a ansiedade da oscilação e vender o título no momento quando deveria estar comprando, ou seja, em instante desfavorável para venda e com prejuízo.

Nesta decisão, também há a razão fiscal, ou seja, tributária que justificaria a aplicação no longo prazo, mas me restringi aos três aspectos mais relevantes e que tendem a provocar maior risco de perdas.

Se considerar estes três fatores, na decisão entre investir em título de renda fixa de vencimento de curto prazo ou mais longo, vai fazer um investimento mais consciente e com maiores chances de sucesso.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

Fale direto comigo no e-mail.

Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.