De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros

Não existe prêmio pelo conforto nos investimentos; entenda

Aqueles que entenderem que o cenário atual guarda semelhanças com o que vivemos há seis anos devem se beneficiar

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Quando avaliamos os últimos 12 meses, o CDI parece a opção mais confortável para se investir. Entretanto, tudo o que se apresenta como mais confortável, usualmente, não tem mais qualquer prêmio a se capturar. Decidir os investimentos, baseando-se em análise retrospectiva recente é um comportamento comum entre os investidores, mas ele carrega consigo uma armadilha perigosa.

Quem entender que o cenário atual guarda semelhanças com o que vivemos há seis anos pode se beneficiar. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP - Getty Images via AFP

Vou relembrar o que ocorreu no último ciclo de queda de juros.

Em janeiro de 2017, a taxa Selic havia acabado de iniciar o ciclo de queda de juros, como ocorre agora. Naquele momento, a taxa Selic estava a 13% ao ano. Entretanto, como ela tinha passado muito tempo elevada, como ocorre agora, o retorno acumulado dos últimos 12 meses do CDI era um dos mais altos dos últimos 10 anos e estava em 14,0% ao ano.

Observando um retorno elevado no passado e um ambiente econômico ainda hostil, a decisão por ficar no CDI parecia óbvia, naquele momento. Ainda mais quando se olhava o retorno acumulado do IMAB-5 menor que o CDI. O IMAB-5 representa o índice dos títulos públicos federais referenciados ao IPCA de menos de 5 anos de vencimento.

Lembro que em 2016 ocorreu o Impeachment da ex-presidente Dilma, várias empresas grandes no Brasil estavam quebrando, ocorria a operação Lava-Jato com vários escândalos sendo anunciados e o país vinha de uma tremenda recessão. Portanto, o ambiente não parecia menos hostil que o atual e a decisão conservadora pelo CDI parecia muito mais razoável.

Coincidentemente, o Banco Central americano (FED), também estava naquele momento em um processo de alta de taxas de juros que se estendeu até dezembro de 2018.

Destaco a coincidência, pois a situação guarda alguma semelhança com a atual.

Naquele mesmo janeiro de 2017, o IPCA acumulado em 12 meses era de 5,37% ao ano.

Hoje, estamos com uma Selic de 12,75% ao ano, um CDI acumulado de 12 meses em 13,4% ao ano e um IPCA acumulado de 12 meses em 5,2% ao ano.

jan/17 set/23
Selic Meta 13,00% 12,75%
CDI (12 meses) 14,03% 13,40%
IPCA (12 meses) 5,37% 5,20%

A tabela acima mostra a comparação dos dois momentos, o atual e o de janeiro de 2017.

Quer saber quanto rendeu o IMAB-5 e o CDI nos 12 e 24 meses seguintes a janeiro de 2017?

Em janeiro de 2018, quando se analisou o resultado nos 12 meses passados, o IMAB-5 rendeu 12,77% enquanto o CDI rendeu 9,38%. Portanto, o IMAB-5 rendeu 136% do CDI.

Em janeiro de 2019, quando se analisou o resultado nos 24 meses passados, o IMAB-5 rendeu 24,15% enquanto o CDI rendeu 16,36%. Portanto, o IMAB-5 rendeu 148% do CDI.

O investidor que se aproveitou naquele momento de janeiro de 2017 e saiu da zona de conforto do CDI foi premiado.

Foi ainda mais premiado quem optou por títulos de crédito privado isentos de IR, pois capturaram o prêmio destes e a isenção de IR que não existe nos títulos públicos.

Para quem acha que o FED é um grande empecilho para a queda da Selic, aqui vai mais um dado.

Em dezembro de 2018, a taxa Selic Meta definida pelo COPOM era de 6,5% ao ano. O equivalente americano, a taxa do FED Fund era de 2,5% ao ano. Portanto, uma diferença de apenas 4%.

Hoje, mesmo considerando que o FED suba mais uma e última vez como é previsto, a diferença entre os dois ainda é de 7%.

Como se espera que o FED já inicie o ciclo de corte em meados do próximo ano, e nossa inflação está tão comportada como em 2017, não duvidaria que a Selic possa encerrar 2024 em 9% e continuar a queda em 2025.

Algo similar ao que ocorreu em 2017 e 2018.

Portanto, cuidado com o conforto do CDI neste momento, pois você pode estar como naquela analogia do sapo cozinhando na panela.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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