Na última semana, veio à tona o caso da perda milionária de um investidor por uma indicação realizada pelo bilionário Luiz Barsi. A atitude do investidor em seguir cegamente a dica por confiar no reconhecimento de Barsi é um alerta para outros aplicadores. Nesse sentido, discuto três armadilhas que muitos acabam caindo e que poderia ter salvado este investidor.
A história desta perda pode ser compreendida com maior profundidade na entrevista que Julio Wiziack fez com o investidor Maurício Ferrentini aqui na Folha.
Resumindo, Ferrentini pediu uma dica de ação a Barsi e esse recomendou a resseguradora IRBR3. De seu patrimônio de R$ 21,5 milhões, Ferentini investiu R$ 15,9 milhões, ou seja, 74% do total nas ações de IRBR3.
As ações despencaram mais de 90% e os R$ 15,9 milhões se transformaram em R$ 1,5 milhões.
Por envolver a figura de Barsi, esse caso, chama a atenção, pois, assim como ele, vários influenciadores dão dicas de nomes específicos e únicos de ações ou outros investimentos de risco sem se atentarem para o risco de investidores não entenderem como investir e não diversificarem adequadamente.
Por mais reconhecido e bem-sucedido que seja uma pessoa, tenha sempre muito cuidado ao seguir dicas de investimentos.
A profusão de influenciadores financeiros acaba levando investidores a seguirem dica de diversos. Isto leva estes investidores a terem uma carteira sem orientação e com maior risco que o adequado.
Sua carteira deve ser orientada segundo seus objetivos e restrições de risco.
Ao investir, principalmente quando em ativos de risco, é muito importante que atente para a diversificação. Não é adequado se possuir mais de 15% de seu portfólio em qualquer ativo único que possa produzir perda de mais de 50% em caso desfavorável. Duvido se o próprio Barsi teria mais de 15% de seu patrimônio nas ações que ele indicou.
Por fim, lembre-se que o risco cresce exponencialmente com o retorno.
Isto quer dizer que se um ativo tem expectativa de retorno duas vezes maior que outro, seu risco é muito maior que duas vezes o do outro. Portanto, cuidado ao olhar apenas para o lado do retorno positivo.
Reflita como seu portfólio poderia ser comprometido caso ao invés de ter um retorno, por exemplo, de 50% em um ativo, ter uma perda de 50% em um caso desfavorável. Perder 50% de uma participação de 10% é ruim, mas não compromete sua carteira. O mesmo não pode ser dito se você tem uma exposição muito maior.
Cuidado ao seguir dicas de terceiros em ativos de risco. Esse terceiro pode mudar de opinião amanhã e não há um compromisso em te avisar que a dica não vale mais. Isso pode ocorrer quando assistimos a podcasts ou vídeos gravados. Eles foram feitos no passado e a opinião de quem fala pode ter mudado.
O melhor investimento não é aquele que promete o maior retorno, mas aquele que está alinhado com seus objetivos de retorno e risco e que te proporciona uma adequada segurança, caso cenários desfavoráveis ocorram.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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