De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Herdeiros não são preparados para dar continuidade aos investimentos da família

Os desafios da decisão de investimento são maiores para aqueles que apenas ganharam, mas não construíram

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A herança de ativos de risco, como imóveis e ações, é uma prática comum em muitas famílias. Enquanto tal legado pode parecer uma bênção financeira à primeira vista, há evidências que sugerem que os beneficiários desses ativos podem enfrentar desafios financeiros maiores do que aqueles que constroem suas próprias carteiras de investimentos.

O desafio da decisão de investimento é maior para aquele que apenas ganhou, mas não construiu - Brendan McDermid/Reuters

A seguir, eu discuto as razões por trás desta tendência, considerando fatores como a falta de conhecimento financeiro, a natureza volátil dos ativos de risco e as implicações psicológicas da herança.

Um dos principais desafios enfrentados por indivíduos que herdam ativos de risco é a falta de conhecimento e experiência em gerenciamento de investimentos.

Construir uma carteira de investimentos geralmente envolve um processo de aprendizado, onde o investidor adquire habilidades e conhecimentos ao longo do tempo.

Aqueles que apenas herdam tais ativos, usualmente, não tiveram a oportunidade de desenvolver essas competências essenciais, levando a decisões de investimento menos informadas e potencialmente prejudiciais.

Muitos mantem ações que herdaram, quando o melhor seria trocar por outras ou adequar ao seu perfil de investidor que pode ser diferente daquele que deixou o legado.

O mesmo ocorre com imóveis que são largados sem manutenção e perdem capacidade de aluguel e se transformam em fontes de custo.

Desenvolver a habilidade emocional de suportar volatilidade é fundamental para aqueles que investem em ativos de risco. Mas isso não surge com a herança.

Indivíduos que criam suas próprias carteiras geralmente o fazem com uma compreensão da volatilidade do mercado e estratégias para mitigar riscos, como a diversificação de ativos.

Em contraste, herdeiros podem não estar equipados com o mesmo nível de compreensão ou preparação, tornando-os mais vulneráveis a choques de mercado e a reações emocionais que podem prejudicar o valor de longo prazo de seus ativos.

A herança de ativos também traz consigo implicações psicológicas que podem afetar o comportamento financeiro.

Herdeiros podem sentir uma sensação de complacência ou segurança financeira infundada, o que pode levar a uma menor motivação para o aprendizado financeiro ou para o trabalho árduo.

Além disso, a falta de envolvimento pessoal no processo de acumulação de ativos pode resultar em um vínculo emocional mais fraco com o patrimônio herdado, levando a decisões de investimento menos cuidadosas.

Por fim, a herança de ativos também pode envolver complexidades fiscais e legais. Beneficiários podem se encontrar despreparados para lidar com as implicações fiscais de herdar ativos de risco, como impostos sobre ganhos de capital ou sobre propriedades.

A falta de planejamento e compreensão dessas questões pode resultar em custos financeiros adicionais ou na necessidade de vender ativos rapidamente, muitas vezes em condições desfavoráveis.

Enquanto receber ativos de risco como herança pode parecer uma vantagem financeira, há vários fatores que podem tornar essa situação desafiadora. A falta de conhecimento financeiro, a exposição à volatilidade do mercado, as implicações psicológicas da herança e as complexidades fiscais e legais são todos aspectos que podem contribuir para resultados financeiros menos favoráveis para os herdeiros

Estes alertas não significam que você não deva deixar de herança ativos de risco. Mas, que se for deixar, que prepare os herdeiros com todo o ferramental necessário para sua perpetuação.

Isso enfatiza a importância da educação financeira e do planejamento cuidadoso para aqueles que recebem tais ativos como parte de uma herança. Caso não realize este trabalho antes, prefira a simplificação para que o beneficiário seja realmente beneficiado.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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