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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

A linha tênue entre ativos e passivos nos investimentos

Saber diferenciar entre ativos e passivos ao investir é fundamental para o sucesso financeiro a longo prazo

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No mundo dos investimentos, a distinção entre ativos e passivos é crucial. Embora muitos busquem aumentar seus ativos, é fácil cair na armadilha de adquirir passivos disfarçados de boas oportunidades de investimento. Compreender essa diferença pode ser a chave para construir uma saúde financeira sólida e sustentável.

Saber diferenciar entre ativos e passivos ao investir é fundamental para o sucesso financeiro a longo prazo. (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, COTIDIANO) - Folhapress

A ideia desse artigo me foi apresentada pelo comentário do leitor Álvaro em meu último artigo. Ele disse: "Nunca vi um investidor de imóveis ficar pobre, já no mercado financeiro...".

A ideia de que alguns investimentos de risco só podem dar certo é comum. Por exemplo, ela costuma ser atribuída ao investimento imobiliário. Imóvel é um investimento que pode e costuma dar errado. Muitos perdem dinheiro investindo neles de forma inadequada ou sem terem capacidade. Você já ouviu falar em leilão de imóveis? Já viu propaganda na TV sobre Feirão de imóveis da Caixa? Sabe por que o imóvel de um investidor foi levado a leilão ou ao Feirão?

O número de imóveis que vão a leilão porque investidores não conseguiram pagar impostos, condomínio ou o financiamento para aquisição só cresce.

Vou dizer o que eu nunca vi. Nunca vi um título de renda fixa de um investidor ser levado a leilão, pois o investidor perdeu a capacidade de pagar por ele. Parece até estranho isso que eu falei, pois não é possível. Você não compra um título financiado, muito menos precisa pagar impostos mesmo sem ter lucro e só por ter a posse, ou tem custos de manutenção e condominiais sobre um título de renda fixa.

Alguns investimentos de risco podem se tornar um passivo e drenar dinheiro em vez de gerar. Evitar estas aplicações ou saber escolher bem entre elas é crucial para não perder mais do que se aplicou. Ou seja, é fundamental entender o que é um ativo e passivo nos investimentos.

Um ativo é qualquer recurso que coloca dinheiro no seu bolso, idealmente sem a necessidade de investimentos contínuos ou esforços adicionais significativos. Por exemplo, investimentos em renda fixa, como títulos do tesouro ou certificados de depósito bancário (CDB) com garantia do FGC, representam ativos clássicos. Uma vez que o investimento inicial é feito, o retorno é praticamente garantido, gerando renda passiva ao investidor através de juros.

Em contraste, passivos são aqueles que têm a probabilidade de drenar recursos financeiros. Um exemplo clássico é a compra de um carro. Apesar de muitos considerarem um veículo como um investimento, na realidade, ele acarreta custos contínuos como impostos, seguro, manutenção e depreciação, sem gerar renda ou apreciação significativa de valor ao longo do tempo.

Mas, há outros investimentos que também podem gerar custos contínuos e muitos desprezam estas despesas. Às vezes, eles vêm disfarçados de ativos, mas só geram despesas.

Exemplos de possíveis passivos que podem muitas vezes aparecerem disfarçados de ativos são: imóveis e negócios próprios. Há uma linha tênue que separa estes investimentos de serem ativos ou de se tornarem passivos.

Frequentemente vistos como ativos sólidos, imóveis podem se transformar em passivos se não forem bem selecionados. Propriedades que exigem manutenção constante, impostos elevados, taxas de condomínio, custos elevados de financiamento ou que enfrentam dificuldades de valorização podem efetivamente custar mais ao proprietário do que geram em renda, seja através de valorização ou aluguel.

Não estou dizendo que todos os imóveis são passivos. Mas, se você não souber escolher ou comprar de forma errada, ele pode se transformar em um passivo.

Iniciar um negócio é frequentemente citado como uma forma de construir ativos. Contudo, se o negócio requer investimento contínuo sem gerar lucro suficiente, ele se torna um passivo.

O foco dos investidores deve estar principalmente em adquirir verdadeiros ativos. Isso significa buscar oportunidades que ofereçam retorno financeiro positivo, sem exigir injeções de capital contínuas ou esforços desproporcionais.

A chave é a pesquisa e a análise cuidadosa antes de fazer qualquer investimento, considerando não apenas o potencial de retorno, mas também os custos e obrigações associados.

Diferenciar entre ativos e passivos ao investir é fundamental para o sucesso financeiro a longo prazo. Cuidado com mitos sobre investimentos de risco. Todo investimento de risco possui chances de perda e podem se transformar em passivos.

Investidores sábios reconhecem que nem todas as oportunidades que parecem atraentes à primeira vista são verdadeiros ativos. Avaliar cuidadosamente cada potencial investimento em termos de seus custos e benefícios contínuos é essencial. Optando por investimentos que genuinamente colocam dinheiro no seu bolso, sem exigir gastos adicionais significativos, você estará no caminho certo para construir uma carteira sólida e lucrativa.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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