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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Entenda estes cinco critérios antes de investir em renda fixa de crédito privado

Não basta olhar o rating e a taxa de retorno para decidir a aplicação neste tipo de renda fixa

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Ao entrar no universo dos investimentos de renda fixa de crédito privado, muitos investidores são seduzidos pelas promessas de altas taxas de retorno. Contudo, a abordagem de avaliar apenas a taxa de retorno pode esconder armadilhas significativas. Você já parou para pensar sobre o que realmente está por trás desses números atraentes?

Não basta olhar o rating e a taxa de retorno para decidir a aplicação nesta renda fixa. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK501 - REUTERS

Entender os riscos associados ao crédito privado corporativo é essencial logo após considerar a taxa de retorno. Diferente dos ativos bancários, que contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), os títulos de crédito privado corporativos não possuem essa salvaguarda.

Isso significa que, em caso de falência da emissora, o investidor pode enfrentar perdas significativas. Mas então, como minimizar esses riscos?

Podemos elencar cinco critérios fundamentais para que o investidor filtre as alternativas de renda fixa de crédito privado de forma a não ser enfeitiçado pela taxa de retorno.

O primeiro é a classificação de risco da empresa por agências de rating. A classificação de risco, ou rating, é fundamental. Emissões classificadas como 'A' ou superior por agências de rating indicam menor risco de crédito. Isso significa que a empresa tem uma boa capacidade de pagar seus débitos.

Mas, por que confiar nesses ratings? Eles são uma análise profunda da saúde financeira da empresa, levando em conta diversos fatores que um investidor individual pode não conseguir avaliar sozinho.

Embora importante, confiar unicamente nesse critério, ou seja, no rating da emissão ou empresa é insuficiente. Então, vamos avaliar mais quatro critérios para você filtrar as emissões e assim ter menos risco de errar.

Um aspecto frequentemente subestimado é o montante de endividamento de curto prazo da empresa. Empresas com altos passivos de curto prazo podem enfrentar dificuldades significativas para refinanciar suas dívidas, especialmente em cenários econômicos adversos. A incapacidade de rolar essas dívidas pode levar à insolvência, mesmo para empresas aparentemente sólidas. Você já avaliou esse risco?

Adicionalmente, a razão dívida líquida sobre EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) revela quanto tempo a empresa levaria para quitar sua dívida líquida com a geração de resultados medida pelo EBITDA dos últimos 12 meses. Os relatórios de resultados das empresas possuem este índice calculado.

Para este critério, é preferível uma razão não superior a 4. Este indicador fornece uma visão clara sobre o sobre-endividamento e a saúde financeira da empresa. Ou seja, por que arriscar em uma empresa que luta para gerenciar sua dívida?

As garantias atreladas à emissão do título são outra camada de segurança. Elas variam desde garantias reais, como imóveis, até fianças bancárias. Quanto mais substanciais forem as garantias, menor será o risco para o investidor. O mais prudente é evitar títulos que não tenham qualquer garantia ou, no linguajar do mercado garantia clean. No entanto, também é crucial entender a liquidez e o valor real dessas garantias.

Por fim, o setor em que a empresa atua também pode influenciar significativamente o risco. Setores com margens de lucro baixas ou que dependem de ativos intangíveis são intrinsecamente mais arriscados, por exemplo, o setor de varejo. A análise setorial pode revelar vulnerabilidades não óbvias à primeira vista. Setores ligados a concessões de serviços públicos como energia, transporte e saneamento tendem a ser mais seguros.

Por mais que se avalie todos estes critérios, sempre há o risco de uma mudança macroeconômica ou micro, ou seja, da própria empresa, afetar os resultados e comprometer os pagamentos.

Portanto, o mais recomendado é pulverizar bastante o investimento neste segmento. Uma maneira de investir de forma diversificada com pouco recurso é aplicar por meio de fundos de investimentos.

Diferente da aplicação em CDBs, LCIs e LCAs em que a única preocupação é estar dentro da garantia do FGC, investir em crédito privado exige olhar além das taxas de retorno.

Esta aplicação demanda uma avaliação detalhada e ampla. Além da classificação de risco, é fundamental considerar outros indicadores como o endividamento de curto prazo, a razão dívida líquida sobre EBITDA, as garantias e o setor de atuação da empresa. Com uma análise aprofundada, é possível mitigar riscos e tomar decisões de investimento mais informadas.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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