De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Oportunidades só são reconhecidas quando perdemos, mas elas se repetem e muitos perdem novamente

Títulos de renda fixa referenciados ao IPCA apresentam oportunidade similar à de outubro passado

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Não sei se já ocorreu com você, mas por várias vezes eu pensei: puxa, se tivesse investido naquele momento no passado, teria sido muito bom. Usualmente, as oportunidades de investimento só são realmente percebidas quando passam. Isso ocorre, pois, no momento em que ocorrem, estamos cegos pelo ruído. Mas, elas teimam em voltar e devemos estar atentos. Explico qual ocorre agora.

Títulos de renda fixa referenciados ao IPCA apresentam oportunidade similar à de outubro passado - Brendan McDermid/Reuters

Usualmente, quando uma oportunidade acontece, junto ou logo antes dela atingir seu melhor ponto, os preços não parecem convidativos. Esse movimento acontece em todos os mercados.

Os preços dos ativos caem, o retorno passado se mostra desmotivante e duas ações acabam nos encorajando mais: se estivermos comprados, tendemos a sair, e se estivermos fora, não queremos investir.

Uma destas oportunidades que se apresentam agora é em renda fixa. O que é melhor ainda, pois no pior dos casos, se ela não for uma grande oportunidade, no pior dos casos, seu rendimento ainda será positivo e apenas será inferior a alternativa, se mantiver até o vencimento.

Em janeiro deste ano, estava conversando com um colega e ele falou, queria voltar ao final de outubro de 2023. Naquele momento, muitos ativos estavam bastante pressionados. Um deles eram os títulos referenciados ao IPCA. Olhando de forma retroativa, parecia lógico o investimento. Mas, o calor e ruído do momento prejudicam nossos sentidos.

O ruído sempre vem do desempenho passado. Nos três meses anteriores, ou seja, de agosto a outubro de 2023, os títulos referenciados ao IPCA de curto e longo prazo de vencimento apresentavam desempenho bem decepcionante. A vontade era de resgatar e migrar para o CDI.

Ahh, o charmoso e tentador CDI sempre nos distrai.

Nos dois meses seguintes, ou seja, novembro e dezembro de 2023, os títulos referenciados ao IPCA de curto e longo prazo de vencimento tiveram retornos médios mensais de 175% e 400% do CDI, respectivamente.

Atualmente, parece que o mercado dá uma chance adicional àqueles que não aproveitaram. A história parece similar. Os últimos três meses, ou seja, janeiro a março de 2024, os títulos referenciados ao IPCA decepcionam frente ao CDI.

Evolução da taxa de juros real, ou seja, acima do IPCA, do título público federal Tesouro IPCA+2029. Fonte: https://www.tesourodireto.com.br/titulos/historico-de-precos-e-taxas.htm
Evolução da taxa de juros real, ou seja, acima do IPCA, do título público federal Tesouro IPCA+2029. Fonte: https://www.tesourodireto.com.br/titulos/historico-de-precos-e-taxas.htm - Tesouro Direto

O gráfico acima apresenta a taxa de juros do título público referenciado ao IPCA de vencimento de 2029, ou seja, de curto prazo. Perceba que a taxa agora está similar ao patamar atingido em outubro do ano passado. Lembro que em renda fixa prefixada ou referenciada ao IPCA, quando a taxa de juros sobe os preços dos títulos caem e vice-versa.

Pesa ainda mais a favor desta oportunidade, o fato de o CDI estar atualmente bem mais baixo e tendendo a cair ainda mais. Em outubro do ano passado a taxa do CDI era de 12,65% ao ano. Hoje, o CDI está em 10,65% ao ano e sua trajetória aponta para 9% ao ano no fim de 2024.

Não estou dizendo que devemos sempre entrar quando um mercado vai mal, mas os indícios sobre os títulos referenciados ao IPCA parecem positivos. Também, como mencionei antes, o custo desta aposta é apenas o de você perder do CDI, mas não o de perder realmente se mantiver o investimento até o vencimento.

A história mostra que as taxas de juros reais de hoje são atrativas tanto nos títulos públicos, quanto nos privados. Nos últimos 15 anos, a taxa real, ou seja, acima do IPCA, implícita no CDI foi de apenas 3,8% ao ano, ou seja, o CDI rendeu IPCA + 3,8% ao ano na média de 15 anos. Portanto, um juro real de 5,7% ao ano é atrativo no médio prazo.

Com a trajetória de queda do CDI, não acredito que esse movimento que ocorre nas taxas de juros agora se repita novamente em futuro próximo. Dificilmente o mercado dá três chances em prazo tão curto. Acredito que não vale arriscar perder a oportunidade novamente, seja resgatando de investimentos que você tem referenciados ao IPCA ou deixando de entrar nestes.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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