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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Você sabe quanto pode custar investir apenas em produtos de liquidez diária?

Você pode ter um retorno até 45% menor se preferir apenas liquidez diária em sua renda fixa

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Depois da volatilidade, a ausência de liquidez é um dos maiores medos de investidores. Alguns, até preferem a volatilidade que abdicar de liquidez. Entretanto, essa preferência coletiva gera um prêmio para aqueles que sabem esperar. Explico quanto você pode perder ou não ganhar quando prefere apenas a liquidez diária.

Você pode ter um retorno até 45% menor se preferir apenas liquidez diária em sua renda fixa - Getty Images via AFP

Quando falamos em risco de liquidez, podemos nos referir a um grande espectro de produtos financeiros. Ou seja, desde a renda fixa, passando por ações até produtos como imóveis.

Hoje, vou me concentrar na renda fixa. Mas, não vou deixar de citar os imóveis, pois eles trazem uma percepção ao investidor que deveria ser adotada em outros ativos.

Todos sabem que imóveis são um ativo ilíquido e com horizonte de investimento de mais de 5 anos. Apesar disso, a maioria dos indivíduos quando investe em imóveis não pede um prêmio por essas características. Pelo contrário, muitas vezes até aceitam desconto de retorno em relação a investimentos de renda fixa de liquidez diária.

Já quando investem em renda fixa, algumas vezes mais segura que alguns imóveis, o mesmo investidor não aceita qualquer prazo, mesmo com retorno adicional.

Esse comportamento tem um custo e podemos estimar quanto você já pode ter deixado na mesa por preferir alternativas de liquidez diária a outras com prazo de 30 dias a 5 anos. Ou pior, quanto pode perder se fizer isso nos próximos 30 anos.

Podemos assumir que um indivíduo que divide sua carteira em alternativas de renda fixa com prazos diferentes, ou seja, desde produtos de liquidez diária até prazos de 5 anos ou mais, consegue retornos de até 15% superiores àqueles que se limitam a alternativas de liquidez diária.

Nos últimos 10 anos, o CDI passou por momentos de taxas elevadas, mas também de taxas tão baixas quanto 2% ao ano. Não acredito que vamos ver o CDI novamente em 2% nos próximos 10 anos. Portanto, o CDI nos próximos 10 anos deve ser superior ao que foi na última década.

Vamos simular quanto você pode ter deixado na mesa na última década por preferir estar apenas em liquidez diária. Assim, você pode imaginar que se fizer o mesmo nos próximos 10 anos, a perda deve ser superior, devido ao fato que expliquei no parágrafo anterior.

Na última década, o CDI rendeu o equivalente a 9,2% ao ano. Calculando qual seria o retorno em excesso, equivalente a 15% desta taxa, chegamos à taxa de 1,38% ao ano que você pode ter perdido nos últimos 10 anos.

Esse retorno acumulado ao longo de 10 anos resulta em uma rentabilidade de 14,69% no período.

Logo, se seu portfólio era de R$ 1 milhão há 10 anos, você deixou de ganhar R$ 146,9 mil no período se preferiu ter apenas liquidez diária ao invés de dividir as alocações em prazos.

A diferença de 1,38% pode parecer pequena quando olhada isoladamente, mas acumulada ao longo de uma vida de investimentos, por exemplo, 30 anos, representa uma diferença significativa. Veja o exemplo a seguir.

Imagine que você começou a investir agora e prefere ter apenas liquidez diária. Considere que seu colega de trabalho pensa diferente e aceita alocar em prazos diferentes.

Ambos decidem por investir hoje apenas R$ 50 mil e nunca mais fazerem aporte. Assuma o CDI de 9,2% ao ano por todo o período. Depois de 30 anos deste investimento, seu amigo terá um patrimônio de R$ 1,02 milhões. Você terá apenas R$ 700 mil. Ou seja, seu amigo terá um patrimônio 45% superior ao seu.

Pensando assim, quanto vale a liquidez para você?

Não estou dizendo que todos devem fugir da liquidez diária, mas que é importante entender o que você pode estar perdendo quando prefere investir apenas em renda fixa de liquidez.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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