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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Qual título negociado no Tesouro Direto deve render mais em 5 anos?

Sua expectativa de inflação pode apontar qual o melhor título

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Frequentemente, recebo o questionamento sobre qual o título negociado na plataforma do Tesouro Direto deve render mais. Essa não é uma pergunta trivial, pois a resposta tem um risco envolvido. Mas, em teoria, podemos definir qual deveria produzir um maior resultado considerando o ambiente atual.

Operadores na Bolsa de Nova York - Spencer Platt/Getty Images via AFP

Antes de falar sobre esse resultado, é sempre importante unificar o conhecimento. Existe uma confusão entre o nome da plataforma e os títulos negociados nela que deve ser evitada. Tesouro Direto não é algo que se compra, embora muitos falem como se o estivessem comprando.

Frequentemente, investidores me questionam: "Michael, como faz para comprar Tesouro Direto?", "vale comprar Tesouro Direto?" ou "quero comprar Tesouro Direto, qual o melhor?". Estas perguntas estão erradas.

O correto seria perguntar: "como faz para comprar títulos públicos federais?", "vale comprar títulos públicos federais?" ou "quero comprar títulos públicos federais, qual o melhor?".

O Tesouro Direto é uma plataforma de negociação de alguns títulos públicos federais para pessoas físicas. Isso mesmo, apenas alguns. Nem todos os títulos públicos federais estão disponíveis na plataforma. Assim como, alguns tipos só estão disponíveis nesta plataforma. Por exemplo, os do tipo Renda+ e Educa+.

Existem 3 tipos básicos de títulos públicos federais negociados no Tesouro Direto, de acordo com o indexador: referenciados à taxa Selic, prefixados e referenciados ao IPCA.

Em apenas um deles, o retorno até o vencimento é conhecido desde o início. Isso ocorre no título prefixado. Como o nome diz, a remuneração é fixada de início. Assim, já se sabe quanto se vai ganhar.

Embora possa parecer que saber quanto se vai ganhar seria o que mais perto se teria para um ativo livre de risco brasileiro, ele carrega um risco, o da inflação.

O risco existe, porque a inflação futura é desconhecida. Assim, o juro real, ou seja, a remuneração acima do IPCA, nos títulos prefixados, é desconhecida. Apesar de isso parecer algo ruim, é o que pode trazer para ele um prêmio em momentos como o atual.

No título referenciado à Selic, a remuneração acima do IPCA também é desconhecida. Mas no longo prazo, essa remuneração tende a ser baixa, pois este é um produto que não carrega o risco de prazo, pois sua taxa é diária. Logo, em horizontes de cinco anos, os títulos referenciados à Selic perdem dos outros dois.

Assim, vamos comparar entre o título referenciado ao IPCA e prefixado de cinco anos de vencimento. Atualmente, o primeiro tem retorno aproximado de IPCA+6,1% ao ano, enquanto o segundo, de 11,3% ao ano.

O que faria estes dois títulos renderem iguais seria uma inflação, ou IPCA, de 4,90% ao ano. Portanto, a aposta sobre o título que deve render mais está em cima de quanto deve ser o IPCA em relação a esta taxa de 4,90% ao ano.

Se você acredita que o IPCA médio nos próximos 5 anos será superior a 4,90% ao ano, melhor investir no título referenciado ao IPCA. Caso contrário, melhor investir no título prefixado.

Em um ambiente em que muitos estão preocupados com o cumprimento de metas fiscais no Brasil, e considerando que a inflação atual está rodando a menos de 4% ao ano, parece razoável acreditar que existe um bom prêmio de inflação nesta taxa de 4,90% ao ano nos próximos 5 anos.

Portanto, em teoria o título prefixado deve apresentar maior retorno nos próximos anos.

Entretanto, esta escolha deve considerar além do apetite a risco de cada investidor sua própria expectativa de inflação.

Apesar do título prefixado ter chances de apresentar o melhor resultado, particularmente, prefiro a segurança do título referenciado ao IPCA. Não quer dizer que eu mesmo não invista em nada prefixado, mas para isso, prefiro CDBs e títulos privados que possuem um retorno maior que esse do título público. Assim, tenho uma segurança maior sobre a possibilidade de estar errado.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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