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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Investindo com Freud; A insatisfação humana com os retornos nos investimentos

As teorias de Freud sobre a insatisfação humana podem iluminar as razões da insatisfação de investidores

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Sigmund Freud, em "O Mal-Estar na Civilização", descreveu a insatisfação humana como um estado constante causado pela tensão entre nossos desejos e as restrições impostas pela realidade. Esse conceito pode ser aplicado ao comportamento dos investidores com suas aplicações. A insatisfação com os retornos da carteira é um fenômeno comum e pode ser explicado por diversas razões que se alinham com as teorias de Freud sobre a natureza humana. Neste artigo, exploro essas razões e discuto estratégias para mitigar a insatisfação dos investidores.

Operadores de mercado na Bolsa de Nova Iorque (NYSE). (Photo by ANGELA WEISS / AFP) - AFP

Podemos citar 4 vilões da insatisfação de investidores com suas carteiras: superestimação da expectativa; compreensão da realidade; comparações indevidas e falha no prazo de avaliação dos retornos.

Investidores frequentemente entram no mercado com expectativas elevadas de retornos substanciais e rápidos. Quando a realidade não corresponde a essas expectativas, surge a insatisfação. A busca incessante por satisfação e prazer, como descrito por Freud, resulta em frustração quando os retornos não atendem às expectativas.

Muitos investidores não têm uma compreensão clara do que constitui um retorno esperado realista para seus investimentos. Essa falta de conhecimento leva à frustração quando os retornos alcançados não correspondem às suas expectativas irrealistas. A educação financeira é crucial para alinhar as expectativas dos investidores com a realidade do mercado.

Os investidores frequentemente comparam seus retornos com os de outros, seja com benchmarks de mercado, amigos, ou profissionais de investimento. Freud argumenta que a comparação social aumenta o sentimento de inadequação e frustração. Quando os investidores veem outros obtendo melhores resultados, sua própria satisfação diminui, independentemente de seus retornos absolutos.

Sempre haverá ativos que apresentam um desempenho melhor em determinados períodos. Comparar constantemente o desempenho de sua carteira com esses ativos pode aumentar o inconformismo e a insatisfação. Esse comportamento leva à sensação de que sempre se está perdendo oportunidades, mesmo quando os retornos são positivos.

Muitos investidores têm um horizonte de investimento curto e esperam ver retornos significativos em um período de tempo limitado. No entanto, investimentos bem-sucedidos geralmente requerem uma abordagem de longo prazo. A insatisfação surge quando os investidores não veem os retornos esperados rapidamente e se sentem pressionados a mudar de estratégia ou ativos.

O estado de insatisfação eleva o risco para o investidor, pois o torna mais inseguro e muitas vezes o incentiva a procurar por "fórmulas mágicas". Este é o momento que muitos caem em armadilhas.

Não quero dizer que você não deva procurar melhorar o retorno de seu portfólio. Entretanto, deve refletir com cuidado se o motivo da insatisfação é uma das razões acima. Nesse caso, a solução pode não estar em mudar a carteira, mas seu pensamento. Para isso, há três sugestões.

Uma das maneiras mais eficazes de mitigar a insatisfação é através da educação financeira. Investidores bem informados têm expectativas mais realistas sobre o que constitui um bom retorno e entendem as flutuações do mercado. Eles são mais capazes de manter a calma durante períodos de volatilidade e tomar decisões informadas.

Adotar uma abordagem de longo prazo para os investimentos pode ajudar a reduzir a insatisfação. Entender que o crescimento consistente e sustentável geralmente leva tempo pode alinhar melhor as expectativas dos investidores com a realidade do mercado. Reforçar a importância de paciência e resiliência pode ajudar a diminuir a pressão para obter retornos rápidos.

Por fim, o planejamento financeiro pessoal desempenha um papel crucial na mitigação da insatisfação dos investidores. Um plano financeiro bem elaborado ajuda investidores a definir metas claras, avaliar sua tolerância ao risco e alinhar suas expectativas de retorno com seus objetivos de vida.

Com um planejamento financeiro robusto, os investidores são menos propensos a tomar decisões impulsivas baseadas em comparações sociais ou volatilidade de curto prazo, e mais capazes de permanecer focados em suas metas de longo prazo, promovendo uma maior satisfação e estabilidade emocional em relação aos seus investimentos

A insatisfação dos investidores com os retornos de suas carteiras pode ser entendida através da lente da teoria freudiana da insatisfação humana. Expectativas elevadas, falta de conhecimento, comparações sociais e tendência de comparar com ativos de alto desempenho e prazos de análise curtos são fatores que contribuem para esse sentimento.

No entanto, através da educação financeira, do planejamento financeiro e de uma abordagem de investimento de longo prazo, os investidores podem mitigar a insatisfação e melhorar sua experiência de investimento. Ao alinhar suas expectativas com a realidade e focar em estratégias sustentáveis, eles podem alcançar uma maior satisfação e sucesso no mercado financeiro.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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