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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Evite o erro comum que prejudica a decisão da maioria dos investidores

Identifique o principal erro nas decisões de investimento e veja como corrigi-lo para maximizar seus ganhos

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Recebi hoje uma pergunta do Sr. João que ilustra uma falha comum nas decisões de investimentos. Embora sua pergunta esteja relacionada à renda fixa, esse erro também é frequente no mercado de ações. Vou explicar o erro e como tomar uma decisão melhor.

Operadores de mercado na New York Stock Exchange (NYSE). REUTERS/Brendan - Brendan McDermid/REUTERS

O e-mail do Sr. João foi bastante objetivo. Ele escreveu: "Tenho 63 anos, sou aposentado e, portanto, não pretendo correr riscos. Tenho alguns títulos públicos prefixados num total de R$ 405.000,00 com uma taxa média de 12,5%. Minha dúvida é se devo vender esses títulos hoje com algum ganho e migrar para títulos referenciados ao IPCA?"

Quais das informações acima são irrelevantes e quais informações relevantes estão faltando?

Para decidir onde investir, informações como liquidez, necessidades de fluxo de caixa, horizonte de investimento e perfil de investidor são fundamentais. No caso acima, sabemos que o Sr. João é conservador e não deseja correr riscos, mas faltam outras informações essenciais. Por exemplo, não sei se o valor informado representa todo o patrimônio dele, se é necessário para suas necessidades durante a aposentadoria, qual o horizonte de investimento dele e qual o vencimento do título.

Entretanto, essa não é a falha a que me referi na introdução. A falha está justamente na informação que o Sr. João acreditava ser relevante, mas que, na verdade, importa pouco. Você já sabe qual é? Para introduzir essa falha, vou usar um exemplo comum com ações.

Considere dois investidores que compraram ações da Vale em momentos distintos. Ambos perguntam se deveriam vender a ação da Vale para investir em outra. Suponha que ambos estão confortáveis com risco, não precisam dos recursos e que as duas ações possuem risco similar. Qual pergunta você deveria fazer a ambos os investidores?

Quando faço esse teste com investidores, a maioria opta por perguntar ao investidor: "Quanto você pagou pela Vale?"

Talvez você também tenha pensado nessa pergunta. Mas então eu te questiono: você daria uma resposta diferente a cada investidor se o preço pago fosse diferente e se um tem lucro e o outro prejuízo?

Sei que a questão tributária também é relevante. Entretanto, há algo ainda mais relevante e que normalmente não recebe a devida prioridade.

Toda decisão de investimento deve ser tomada com base na expectativa de retorno futuro, e não no que ocorreu no passado.

Para ativos marcados a mercado, como ações, fundos imobiliários e títulos públicos federais negociados no Tesouro Direto, o que importa é o que se espera que ocorra com o ativo que se possui e com o ativo para o qual se deseja trocar.

Portanto, a pergunta que deveria ser feita aos investidores da Vale é: qual o retorno esperado para a Vale e para o ativo que deseja trocar?

Afinal, se você tem Vale há um mês ou mais, se tem prejuízo ou lucro, pouco importa. A decisão deve ser sempre se a Vale será um melhor investimento que a outra ação.

Lembre-se, não importa o preço que você pagou pela Vale no passado, o preço atual é o mesmo para todos os investidores. Portanto, o ponto de partida de hoje é o mesmo para ambos.

O mesmo ocorre com os títulos públicos no Tesouro Direto. Não importa a taxa que você comprou no passado. A taxa que você comprou é relevante apenas para saber o retorno durante todo o período, ou seja, desde o início. Como o título é marcado a mercado, a taxa que ele vai render de hoje até o vencimento não é a que você comprou, mas a taxa atual do mercado.

Por exemplo, considere dois investidores. Um comprou o título Tesouro Principal 2035 quando a taxa estava a IPCA+7% ao ano em 2015. O outro aplicou quando a taxa negociada era de IPCA+2,87% ao ano em 2019. Esses dois investidores, de hoje até o vencimento do título, terão o mesmo retorno. Esse retorno será de IPCA+6,39% ao ano, que é a taxa negociada hoje. O título de ambos os investidores tem o mesmo preço unitário hoje na carteira de ambos e, portanto, renderá o mesmo valor de hoje até o vencimento.

Portanto, é a taxa atual negociada no mercado que se deve considerar para a decisão entre o título prefixado e o referenciado ao IPCA.

Assim, cuidado ao ficar preso a uma decisão de investimento passada. Não importa se foi uma decisão certa ou errada no passado, o que importa é o que você vai fazer agora com os recursos e qual a melhor decisão ajustada ao risco e às suas condições financeiras.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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