De Grão em Grão

Como cuidar do seu dinheiro, poupar e planejar o futuro

De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Independência financeira

Poupar não é abdicar: é garantir mais consumo

Descubra como poupar pode ser uma ferramenta poderosa para multiplicar suas possibilidades de consumo, sem abrir mão do prazer

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Muitas pessoas enfrentam um dilema comum: adiar a poupança porque não querem abrir mão dos prazeres imediatos. A ideia de poupar soa como abdicar de algo, renunciar a momentos de felicidade em nome de um futuro incerto. Mas será que isso é verdade? Na realidade, essa perspectiva está equivocada. Poupar não é abdicar; é, na verdade, uma forma de garantir que você possa consumir mais, e melhor, no futuro.

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Poupar é uma ferramenta poderosa para multiplicar suas possibilidades de consumo - Alexander Grey/Unsplash

Muitos se endividam porque desejam a satisfação de adquirir bens hoje. Comprar agora, pagar depois parece uma solução tentadora, mas essa escolha vem com um preço alto. Quando você financia uma compra, especialmente em longo prazo, paga um valor muito maior do que o preço original. A razão disso é simples: os juros, especialmente no Brasil, onde as taxas são historicamente altas. Ao optar por parcelar uma compra, uma parte significativa da sua renda é destinada ao pagamento de juros, o que, em última análise, reduz sua capacidade de consumo.

Vamos considerar um exemplo clássico: a compra de um imóvel. Suponha que você deseja adquirir um imóvel de R$ 500 mil. Se você optar por financiá-lo a uma taxa de juros de TR+11% que equivale a uma taxa real de aproximadamente 7,5% ao ano, ao longo de 30 anos, o valor total que você pagará será muito superior ao valor original do imóvel. Tente simular isso em uma planilha ou nos simuladores de financiamento. Apensa de juros, serão pagos ao longo dos meses um total de R$ 878 mil. Portanto, ao final do prazo o mutuário pagará quase 3 imóveis.

Além disso, uma parte significativa da sua renda estará comprometida com as parcelas do financiamento, limitando sua capacidade de consumir outros bens ou serviços ao longo dos anos.

Agora, imagine que você decide planejar essa compra, poupando um valor mensalmente. Se o rendimento de suas aplicações for de IPCA + 6% ao ano, em vez de pagar juros, você os acumula a seu favor. Se poupar e investir a parcela média que paga em todo o período do financiamento anterior, poderá ter o valor do imóvel, ou seja, os R$ 500 mil corrigido pelo IPCA, em 8,5 anos. Assim, o que parecia uma privação inicial se transforma em uma capacidade maior de consumo no futuro, sem a pressão das dívidas.

O gasto descontrolado e a falta de planejamento têm consequências que vão além do menor consumo no médio e longo prazo. Comprometem também sua capacidade de poupar para a aposentadoria e para necessidades essenciais, como saúde. O endividamento pode significar que, ao chegar à fase da vida em que você mais precisará de segurança financeira, não terá os recursos necessários para garantir uma aposentadoria confortável ou para lidar com despesas médicas que, inevitavelmente, aumentam com a idade.

Além disso, a tranquilidade financeira que vem com a ausência de dívidas permite que você aproveite mais a vida, sem a ansiedade constante de ter que pagar contas e cumprir com obrigações financeiras que parecem nunca terminar. Poupar é, em última análise, uma forma de se proteger contra imprevistos e de garantir que você poderá continuar consumindo no futuro, quando talvez não tenha a mesma capacidade de geração de renda.

Por fim, é importante entender que a decisão de poupar não significa privação, mas sim uma estratégia para maximizar seu poder de compra ao longo da vida. Quando você adia um prazer imediato em favor de um planejamento financeiro sólido, não está abdicando de nada. Pelo contrário, está garantindo que poderá consumir mais e melhor, de forma sustentável e sem o peso das dívidas. Portanto, ao pensar em poupança, lembre-se: você não está abdicando, mas sim investindo na possibilidade de consumir mais no futuro, com liberdade e tranquilidade.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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