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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Independência financeira

O perigo invisível de investir mais de R$ 250 mil em um CDB

Descubra como calcular o valor exato a ser aplicado para proteger todo o seu capital e rendimentos

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Imagine que você está construindo uma casa, mas seu terreno tem um limite de peso que pode sustentar. Se você ultrapassar esse limite, sua obra corre o risco de ruir. Da mesma forma, ao investir em CDBs, você tem um "terreno" garantido de até R$ 250 mil por emissor bancário, assegurado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Se ultrapassar esse valor, pode enfrentar perdas significativas, pois somente uma parte do patrimônio estará protegida.

Operadores de mercado na New York Stock Exchange (NYSE). - SPENCER PLATT/Getty Images via AFP

O limite do FGC é de R$ 250 mil por emissor, o que inclui tanto o valor investido quanto os juros. No entanto, é preciso lembrar que a garantia cobre apenas até esse montante no vencimento, o que significa que não basta simplesmente investir R$ 250 mil. Como o rendimento também conta, é fundamental calcular o valor final do investimento, trazendo-o a valor presente.

Para os CDBs prefixados, o cálculo é direto. Por exemplo, se você investir em um CDB com taxa de 13% ao ano por 3 anos, o valor a ser aplicado deve ser limitado a R$ 173,2 mil, uma vez que esse montante, ao longo de 3 anos, crescerá até alcançar o teto de R$ 250 mil. O cálculo é feito dividindo R$ 250 mil pela taxa de crescimento anual acumulada (1,13^3), garantindo que seu investimento total, incluindo juros, esteja protegido.

No entanto, para CDBs atrelados ao CDI ou ao IPCA, a conta se torna mais complexa, pois envolve projeções sobre o comportamento desses indexadores. Suponhamos um CDB que pague 115% do CDI por 3 anos. Se o CDI médio projetado for de 10% ao ano, 115% dele seria 11,5% ao ano, o que limitaria o valor a ser investido a cerca de R$ 180 mil. Contudo, se a projeção for otimista e o CDI subir para 14% ao ano, o valor máximo que deveria ter sido aplicado seria de R$ 159,7 mil. Assim, a prudência dita que é melhor ser conservador nessas previsões, elevando a taxa estimada, para evitar surpresas desagradáveis no vencimento. No caso do título a IPCA+, é preciso estimar o IPCA ao longo da vida do CDB.

Leia também a entrevista que fiz com o CEO do FGC Daniel Lima

Essa entrevista é reveladora e traz respostas a dúvidas e mitos que muitos falam errado.

  1. A garantia do FGC é suficiente para proteger seus investimentos?

Além disso, é importante ficar atento ao fato de que o limite de garantia do FGC abrange apenas alguns títulos emitidos por instituições financeiras, incluindo CDBs, LCIs, LCAs, caderneta de poupança e LIG, citando os títulos mais comuns apenas. O montante total investido em todos estes títulos de uma mesma instituição deve ser somado, e não há garantia individual para cada produto. Outro cuidado é verificar se o banco emissor pertence a um conglomerado econômico, pois nesse caso, o limite de R$ 250 mil se aplica ao grupo como um todo e não a cada banco emissor individual. Também, atentar que existe um limite de uso da garantia por CPF ou CNPJ de até R$ 1 milhão a cada 4 anos.

Alocar de forma inteligente em CDBs significa não apenas buscar boas taxas de retorno, mas também proteger seu patrimônio. Lembre-se de que o excesso de confiança pode levar a perdas evitáveis, assim como ignorar o limite do terreno pode comprometer a estabilidade de toda a sua obra financeira.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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