Seja grande onde importa: concentre seus investimentos e conquiste vantagens

Imagine que você precise fazer uma longa viagem e, em vez de carregar tudo em uma mala organizada, decide espalhar seus pertences em várias pequenas bolsas. Com tantas bolsas diferentes, fica mais difícil manter tudo sob controle, e você corre o risco de esquecer algo importante. Da mesma forma, dividir seus investimentos em várias instituições pode parecer uma boa ideia, mas pode gerar mais confusão e riscos do que concentrar tudo em um único lugar.

Ao concentrar seus recursos, você ganha poder de negociação, recebe mais atenção e se torna um cliente prioritário. Quando você espalha seus investimentos entre várias instituições, corre o risco de ser visto como um cliente menor, com menos relevância, o que pode limitar o acesso a produtos melhores e a condições especiais.

Veja um exemplo: imagine que você tenha R$ 1 milhão. Para qualquer instituição, esse é um valor considerável. Entretanto, se você dividir essa quantia em quatro, você se torna um cliente de patrimônio de R$ 250 mil para cada instituição. Se você tem menos ainda e divide, está perdendo muitas oportunidades ou pode está investindo em produtos com retorno menor ou custo maior. Para alguns produtos que exigem um capital mínimo maior, você pode ficar de fora ou desbalanceado, e isso vai exigir mais controle da sua parte. É justamente sobre isso que falo a seguir.

Concentrar seus investimentos simplifica o controle. Investidores que dividem seus ativos entre várias instituições estão mais propensos a cometer erros, como ultrapassar o limite do FGC ou perder o controle de ações e CDBs distribuídos em corretoras diferentes. Isso pode, inclusive, gerar complicações em situações como falecimento, em que os herdeiros podem ter dificuldades para localizar e acessar os recursos.

Dividir pode dar a falsa sensação de diversificação, mas como as instituições hoje oferecem praticamente os mesmos produtos, o risco é acabar repetindo o mesmo investimento em vários lugares.

Antigamente, dividir o patrimônio entre várias instituições era uma estratégia de mitigação de riscos, especialmente antes dos anos 2000, quando o mercado era restrito e o FGC tinha uma cobertura limitada. Lembre-se de que o FGC foi criado em 1995 e, naquela época, praticamente só existiam produtos emitidos pelos bancos. Naquele momento, o risco era similar ao de colocar todo o seu patrimônio em um CDB de um banco médio. Isso mudou.

Hoje, essa visão não faz mais sentido. Na verdade, é mais fácil controlar o principal risco, que é o de crédito, se você mantiver tudo em uma única instituição. Aplicações em fundos, ações, títulos de renda fixa e outros produtos não estão diretamente expostos ao risco da instituição, o que significa que a maior parte do seu patrimônio está segura, mesmo em uma corretora única.

Portanto, não se trata de defender uma instituição específica, mas de garantir que você seja relevante para a instituição que escolher. Concentre-se em ser visto, em receber prioridade e em ser tratado como alguém importante. Ao fazer isso, você estará protegendo não apenas seu patrimônio, mas também seu tempo e sua tranquilidade. Afinal, em um mundo onde atenção e boas oportunidades são reservadas para poucos, você merece estar entre aqueles que têm acesso ao melhor que o mercado pode oferecer.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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