A prefeitura de São Paulo anunciou na semana passada a entrega de um pacote de 19 praças e largos revitalizados na região central da capital. Aí, numa bela e fervente manhã de primavera, o blog foi conferir os benefícios implantados em 12 dos logradouros listados no site —afinal, quem não gosta de uma sombrinha para fugir da canícula do verão que se aproxima, não é mesmo? Pois então: para desespero dos neurônios expostos ao sol, árvores mesmo, diga-se árvores novas, foram poucas as registradas por ali. Muitos canteiros de flores, sim. Folhagens mais ou menos altas e resistentes, também. Meios-fios, orlas e muretinhas de jardins pintados há pouco, aos montes. E isso é tudo.
Ou quase.
Para quem, como esta blogueira, tem o hábito de caminhar pelo centro da cidade há (muitas) décadas, esse centro que apavora tantos de seus habitantes mas que apaixona quem gosta de percorrer a história de uma megalópole que foge a todos os modelos de gestão urbana do planeta, a proliferação de pontos verdes entre os prédios e avenidas que praticamente só recebem carros e ônibus na maior parte do tempo, é uma boa e bem-vinda notícia. É muito gostoso atravessar uma rua e dar de cara com um jardim de chuva florido, como na praça Darcy Penteado, em frente ao icônico edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer. É um caquinho de jardim, coisa pouca, mas faz bem aos olhos. Deve também fazer bem ao ar do entorno, além de reter água de chuva que costumava empoçar. Ponto para o projeto.
Como esse, há alguns puxadinhos de praças já existentes que ganharam jardins de chuva para chamar de seus. É o caso da praça Desembargador Mário Pires, a poucos metros da biblioteca Mário de Andrade. Ou mesmo do Largo do Arouche, que teve boa parte de sua área recoberta por cimento, fazendo coro aos horrendos aquários que abrigam as outrora charmosas barraquinhas de flores que marcavam o local.
Mas, seguindo o roteiro traçado para o périplo desta manhã, e que somou 10 quilômetros no total, o que constatamos foi que a maioria dos benefícios anunciados foi mesmo cosmética, com alterações mínimas do espaço original. É mais do que muitas gestões fizeram antes, admitamos, mas ainda falta um carinho a mais.
Entretanto, uma novidade chamou a atenção: o número de acampamentos de moradores em situação de rua caiu significativamente nesses lugares onde antes eles eram ostensivamente numerosos. E quando dizemos antes estamos falando de duas semanas atrás, no máximo.
Questionada sobre o fim que deu aos diversos grupos que acampavam por essa vizinhança, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social respondeu, por meio de nota, que "equipes do Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas) realizam atendimentos sociais diários na região central da cidade a adultos, idosos, crianças e adolescentes que vivem em situação de rua ou de vulnerabilidade social, incluindo cenas de uso de álcool e outras drogas".
E destacou que "entre os dias 21 e 23 de novembro foi realizado na Praça da Sé, na região central, o 2° mutirão de Atendimento Especial para Pessoas em Situação de Rua - Jud Sampa, em que foram oferecidos cerca de 30 serviços para esta população ".
A nota informa ainda que, nos dias em que a ação ocorreu "foram realizados 475 atendimentos, sendo 314 novos cadastros (...) e 90 encaminhamentos para os serviços de acolhimento e convivência da rede socioassistencial".
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