Creio que já comentei em algum momento por aqui que, apesar de escrever este blog e amar um bom mochilão, carrego comigo algumas idiossincrasias pelas caminhadas mundo afora. Uma delas é quase anátema para quem curte trilhas, montanhas e ecoturismo: eu detesto cachoeiras. Cataratas, então, sempre povoaram meus piores pesadelos. Isto posto, me sinto confortável para dizer que, por mais que nunca me tivesse imaginado logo ali, eu amei o Parque Nacional do Iguaçu.
Criado em 1939 pelo governo do então presidente da República Getúlio Vargas, o Parque Nacional do Iguaçu foi reconhecido em 1986 como Patrimônio Natural Mundial pela Unesco e fica a 637 quilômetros da capital do estado, Curitiba, dividindo a majestade das cataratas com a Argentina, do outro lado da fronteira. Antes da pandemia, o PN recebia 2 milhões de visitantes por ano. Com a reabertura dos parques, a recuperação vem se dando aos poucos e, para os próximos 10 anos, espera-se que cruzem a bilheteria cerca de 4 milhões de pessoas anualmente.
Mas, afinal, por que uma criatura que tem pavor de cataratas recomendaria ir ao PN Iguaçu? E a resposta é simples: porque, além do impacto daquela tremenda massa de água (cujo visual, admito, é incomparável no planeta), o lugar oferece outras possibilidades de atividades que vão além do Macuco Safari, o tradicional passeio de barquinho pelo rio Iguaçu, que se aproxima o máximo possível das cortinas de água, encharcando (e encantando) os embarcados. Sim, confesso, eu também fui lá conferir o que os gestores chamam, fazendo graça, de "hora do banho".
Na parte superior, uma passarela de 1.500 metros leva o visitante até os principais pontos de observação das cataratas, com boa acessibilidade e direito a encontrar pelo caminho alguns dos animais que povoam os mais de 169 mil hectares da unidade de conservação (dos quais 95 mil estão incluídos na concessão do grupo Cataratas + Urbia, ficando o restante para gestão e pesquisa do ICMBio, o Instituto Chico Mendes, responsável federal pela unidade).
E quando falamos de animais, o assunto é sério: na primeira semana deste ano, turistas flagraram uma onça e seu filhote circulando pela estrada de acesso ao lugar, habitado, segundo catalogação do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), por 45 espécies de mamíferos, 41 de serpentes, 200 de aves e algo em torno de 257 espécies de borboletas que, juram os locais, na verdade seriam quase 800. A presença da família onça é significativa, uma vez que é considerada como espécie guarda-chuva, ou seja, indicativo de que há equilíbrio para assegurar população de muitos outros bichos nesse reduto de Mata Atlântica.
Com a ampliação da área concedida, Pablo Morbis, CEO do Grupo Cataratas, conta que devem ser reabertas duas trilhas que esperavam pelas novas regras contratuais, como a do Poço Preto, com 9 quilômetros de extensão, e a das Bananeiras, com 1,5 quilômetro. Para ampliação das atividades, o grupo prevê investimentos de R$ 500 milhões nos próximos cinco anos, em infraestrutura, operação e novos atrativos. Que venham, pois, novos caminhos!
Serviço
Horário de funcionamento - diariamente, das 9h às 16h (neste mês de janeiro, programação especial com abertura às 8h)
Ingressos - R$ 78,00 para visitantes brasileiros e do Mercosul, R$ 86,00 para visitantes de outros países e R$ 17,00 para moradores dos 14 municípios do entorno do parque
Os ingressos para o parque e o passeio de barco podem ser agendados e comprados pelo site oficial cataratasdoiguacu.com.br.
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