Dois episódios recentes confirmam como a instalação de um novo tribunal abre espaço para demonstrações de influência no Judiciário e cria trampolins para incrementar a carreira de advogados e magistrados.
A) Nomeado um mês atrás juiz federal membro da primeira composição do Tribunal Regional Federal da 6ª Região, em Belo Horizonte, o então advogado Flávio Boson Gamboji fará palestra nesta sexta-feira (23), em Itajubá (MG), sob o tema "Carreiras de Sucesso: da Faculdade ao TRF-6".
O evento acontece na "III Semana Jurídica", promovida pela Unopar com apoio da Subseção da OAB em Itajubá. O convite registra o conferencista como "Dr. Flávio Boson, Desembargador do TRF-6ª Região" [o correto é juiz federal].
Gambogi foi eleito para vaga da advocacia no TRF-6 com apoio do ministro João Otávio de Noronha. Ele é amigo do presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, advogado Otávio Henrique de Noronha, filho do ex-presidente do STJ.
Em seu currículo, ele é citado como auditor do STJD, Superintendente Jurídico do Cruzeiro Esporte Clube e consultor jurídico da Confederação Nacional do Transporte.
B) Outra movimentação recente foi a designação --pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux-- do juiz federal Henrique Gouveia da Cunha, recém-empossado no TRF-6, para atuar como juiz instrutor no gabinete do ministro Kassio Nunes no STF.
Cunha era juiz auxiliar da presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Ele vai substituir o também recém-empossado juiz do TRF-6 Klaus Kuschel, que era juiz instrutor no gabinete de Kassio e foi candidato do ministro.
Kassio também é oriundo do TRF-1, que deu origem ao novo tribunal regional federal.
Kuschel é respeitado na Justiça Federal, mas sua nomeação foi considera política. Nunes teria ameaçado romper com Bolsonaro se Ney Bello, juiz federal do TRF-1, fosse nomeado para o STJ.
Movimentação de servidores
Na última sexta-feira, o Diário Oficial da União publicou cerca de 50 atos da presidente do TRF-6, Mônica Sifuentes, determinando exoneração de servidores da Secção Judiciária de Minas Gerais e nomeações para o novo tribunal.
Até então, Sifuentes designava os servidores para substituição em caráter excepcional no TRF-6 por meio de portarias com vigência a partir de 19 de agosto (data da instalação da nova corte).
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