Frederico Vasconcelos

Interesse Público

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Frederico Vasconcelos
Descrição de chapéu Folhajus forças armadas

Segurança presidencial e insegurança pública

Medalha vai homenagear serviços prestados à proteção dos Presidentes

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No primeiro ano do governo Bolsonaro, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão vinculado à Presidência da República, convidou jornalistas para conhecer o sistema e assistir a um treinamento simulado de proteção ao Presidente.

A demonstração foi realizada no Setor Militar Urbano, em Brasília.

A comunidade de segurança cultiva o sigilo. Por isso, o evento público sugeriu exibicionismo ou tentativa de melhorar a imagem do gabinete.

General Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional e Medalha da Segurança Presidencial
General Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e Medalha da Segurança Presidencial - Antonio Cruz/Agência Brasil e GSI/Divulgação

Heleno definiu o perfil do profissional sob os seus cuidados como "uma mistura de Batman, Superman e Mandrake".

As mágicas e os poderes de super-heróis possivelmente não evitariam a facada que Bolsonaro tomou em Juiz de Fora, na campanha eleitoral em 2018. O episódio estimulou o uso por agentes de segurança da pasta-escudo de proteção balística nas aparições públicas do Presidente.

Os candidatos geralmente são indicados ao GSI pelas chefias da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), agentes penitenciários e das próprias Forças Armadas.

Heleno sublinhou, durante a demonstração, que o comportamento imponderável das autoridades, presidentes e ex-presidentes da República, "é sempre algo que aumenta os riscos".

Nas eleições deste ano, o que exacerbou os riscos foi o comportamento de autoridades que deveriam não apenas proteger presidentes e vice-presidentes da República, mas garantir a Segurança Pública.

A Polícia Federal foi ineficiente para prevenir os bloqueios de caminhoneiros e não inibiu a ação golpista da Polícia Rodoviária Federal, que protegeu Bolsonaro ao dificultar a circulação de eleitores de Lula em vários estados.

Em entrevista à Folha, o delegado da Polícia Federal Thiago Marcantonio Ferreira, responsável pela segurança dos presidenciáveis, concentrou sua avaliação no trabalho de proteção aos candidatos, que julgou "superexitoso".

"A PF foi a maior vencedora dessa eleição nesse aspecto de segurança, porque foi uma atuação exemplar", disse.

Ferreira deve ter esquecido o diálogo amigável do agente da PF escalado para prender o fuzileiro e granadeiro Roberto Jefferson: "O que o senhor precisar a gente vai fazer".

Em julho de 2020, o GSI contestou informação publicada pela revista Crusoé sob o título "GSI vai dar medalha a quem prestar serviços relevantes à segurança presidencial".

Segundo a publicação, "a honraria será concedida pela primeira vez, e, para a homenagem, o GSI pretende gastar R$ 105,8 mil com a compra de medalhas".

A assessoria do GSI lembrou que "a comenda não foi criada pelo atual governo". E informou que "a compra não foi efetivada, não por conta dessa publicação, mas sim por ser uma despesa inadequada à situação atual do país".

Em março deste ano, Heleno regulamentou a Medalha da Segurança Presidencial, criada em 2018 pelo então presidente Michel Temer, "em reconhecimento público da prestação de serviços relevantes à Segurança Presidencial".

A medalha poderá ser concedida, entre outros, "aos servidores civis e militares do GSI que tenham prestado destacados serviços à Segurança Presidencial, por mais de dois anos consecutivos".

O Patrono da Segurança Presidencial é o marechal Carlos Machado Bitencourt, "em reconhecimento ao ato heroico de ter salvado de um atentado o presidente da República Prudente de Morais, com o ônus da própria vida, em 5 de novembro de 1897".

O Dia da Segurança Presidencial, anual, será 5 de novembro.

As manifestações golpistas que prosperaram com a leniência da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal têm como alvo o Supremo Tribunal Federal e miram, principalmente, o ministro Alexandre de Moraes.

Atribui-se a nomeação de Moraes ao STF por sua atuação como ministro da Justiça no governo Temer. Ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Moraes mobilizou 33 policiais da delegacia antissequestro para prender um hacker que furtara arquivos do celular da filha de Temer.

O cargo vitalício no STF foi a medalha que Temer reservou para o seu defensor.

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