Frederico Vasconcelos

Interesse Público

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Descrição de chapéu Folhajus ataque à democracia

Aras acenou com possibilidade de estado de defesa em 2021

Hipótese foi levantada ao responder críticas sobre omissão na pandemia

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São Paulo

O procurador-geral da República, Augusto Aras, acenou, em janeiro de 2021, com a possibilidade de o então presidente Jair Bolsonaro decretar estado de defesa.

Ao ser cobrado por não apurar eventuais crimes de responsabilidade atribuídos ao então presidente no combate à pandemia, Aras disse que "o estado de calamidade pública é a antessala do estado de defesa".

A alusão ao ato de exceção foi feita por Aras dois anos antes da proposta de instauração do estado de defesa encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

O propósito de Torres seria reverter o resultado da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O objetivo de Aras foi tentar justificar não ter investigado Bolsonaro.

É prerrogativa do PGR apurar crimes cometidos por autoridades com foro especial mediante "conduta ativa ou omissiva".

Criticado por omissão na pandemia, Augusto Aras admitiu hipótese de estado de defesa em 2021
Augusto Aras, procurador-geral da República, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro - Cristiano Mariz/Agência O Globo

Em abril de 2020, Aras foi criticado no Ministério Público Federal e publicamente "por omissão diante de temeridades do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia".

Em janeiro de 2021, foi alvo de manifestação de seis membros do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal) por ter requisitado "um inquérito epidemiológico e sanitário ao Ministério da Saúde" [cujo titular era o general Eduardo Pazuello], quando deveria ter instaurado um inquérito independente, como é sua atribuição conferida pela Constituição.

Em nota, os subprocuradores-gerais afirmaram que "o Ministério Público Federal, e no particular, o PGR, precisa cumprir o seu papel de defesa da ordem jurídica, do regime democrático e de titular da ação penal, devendo adotar as necessárias medidas investigativas a seu cargo, independentemente de 'inquérito epidemiológico e sanitário' na esfera do próprio órgão cuja eficácia ora está em xeque".

"Tivemos a demora ou omissão na aquisição de vacinas e de insumos para sua fabricação, circunstância que coloca o Brasil em situação de inequívoco atraso na vacinação de sua população", registraram.

"A defesa do Estado democrático de direito afigura-se mais apropriada e inadiável que a antevisão de um 'estado de defesa' e suas graves consequências para a sociedade brasileira, já tão traumatizada com o quadro de pandemia ora vigente", sustentaram os membros do CSMPF.

Assinaram a nota os subprocuradores-gerais José Adonis Sá, José Bonifácio Andrada, José Elaeres Teixeira, Luiza Frischeisen, Mario Bonsaglia e Nicolau Dino.

A ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República) também condenou a omissão de Aras:

"Qualquer alusão, no atual estágio da democracia brasileira, a estados de exceção, inclusive aqueles previstos na própria Constituição, se mostra absolutamente desarrazoada e contrária à missão constitucional que foi incumbida precipuamente à instituição e a todos os seus membros".

A ANPR frisou que é prerrogativa do PGR investigar crimes cometidos por autoridades com foro especial mediante "conduta ativa ou omissiva".

"Não se pode abdicar também dessa missão ou mesmo transferi-la a outras instituições", afirmou a entidade.

OUTRO LADO

Em nota, a Procuradoria-Geral da República sustentou, em janeiro de 2021, que a responsabilidade por apurar eventuais ilícitos de agentes da cúpula dos Poderes da República seria do Congresso.

A PGR afirmou que "a Constituição Federal, para preservar o Estado Democrático de Direito e a ordem jurídica que o sustenta, obsta alterações em seu texto em momentos de grave instabilidade social".

"A considerar a expectativa de agravamento da crise sanitária nos próximos dias, mesmo com a contemporânea vacinação, é tempo de temperança e prudência, em prol da estabilidade institucional", entendeu a PGR.

Segundo o site G1, a PGR afirmou que "segmentos políticos clamam por medidas criminais contra autoridades federais, estaduais e municipais".

"O procurador-geral da República no âmbito de suas atribuições e observando as decisões do STF acerca da repartição de competências entre União, estados e municípios, já vem adotando todas as providências cabíveis desde o início da pandemia", disse a PGR.

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