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Haja Vista - Filipe Oliveira
Filipe Oliveira

Membro do Conselhão, presidente do Instituto Olga Kos defende selo de inclusão para os negócios

ONG oferece atividades artísticas e esportivas para crianças com deficiência e em situação de vulnerabilidade

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São Paulo

O engenheiro e empresário Wolf Kos, fundador do Instituto Olga Kos, defende a adoção de um selo para indicar à sociedade as empresas que oferecem de fato um ambiente inclusivo para pessoas com deficiência e a inserção desse instrumento na legislação brasileira para incentivar sua adoção.

Entre os caminhos trilhados por ele para viabilizar a medida estão o apoio a um projeto de lei em debate na Câmara dos Deputados e a interlocução com o Governo Federal a partir do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o "Conselhão", recriado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste ano, para o qual Wolf foi um dos convidados.

O objetivo, segundo ele, é que o selo de inclusão incentive empresas a deixarem de manter a inclusão apenas no discurso e tomem mais medidas práticas para mostrar ao mercado que realmente estão engajadas com a causa.

O instituto que Wolf dirige foi criado em 2007 e atende a crianças com deficiência intelectual, autismo e em situação de vulnerabilidade, principalmente a partir de atividades artísticas e esportivas. Segundo Wolf, ele recebe cerca de 4.500 crianças por ano.

Wolf diz que pesquisadores ligados à organização vêm desenvolvendo há cerca de dez anos metodologias para validar a qualidade da inclusão das pessoas com deficiência nas empresas.

A ferramenta, que recebeu o nome Escala Cidadã Olga Kos, foi avaliada pela Organização dos Estados Ibero-Americanos e validada pelo Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) em 2022 e está disponível para empresas interessadas.

Entre os fatores que tornam um ambiente inclusivo avaliados pela metodologia estão a arquitetura do espaço de trabalho e a viabilidade de acesso a ele, atitude dos demais funcionários, a qualidade da comunicação e as oportunidades de desenvolvimento.

A certificação proposta pelo Instituto conta com 20 indicadores e 37 requisitos a partir dos quais as empresas são avaliadas. A mensuração dos dados é feita por entrevistas com funcionários. O processo é realizado por empresas certificadas pelo INmetro. "Se a gente conseguir avançar com essa métrica, a inclusão deixa de ser algo baseado em autodeclaração e passa a ser uma realidade", afirma Wolf.

O engenheiro Wolf Kos, presidente do Instituto Olga Kos - Divulgação

Wolf defende que uma lei para incentivar o uso do selo de inclusão ndeveria promover ganhos para empresas que conseguem obtê-lo. "O ideal é que seja algo que gere valor, não que crie novas punições". Na medida em que a empresa melhora na métrica, ela poderia ganhar mais benefícios, diz.

O empresário, que está entre os quase 250 convidados para o Conselhão, afirma que irá usar o espaço de representação da sociedade para promover a medida.

Ele também atua em favor do Projeto de Lei 2945/2023 , do deputado federal pela Bahia Antônio Brito, líder do PSD na câmara, que cria o Selo Nacional de Inclusão Social que, da mesma forma que o selo proposto pelo Olga Kos, seria fornecido por certificadoras credenciadas no Inmetro.

A ferramenta do instituto de Wolf estaria pronta para adoção em uma eventual aprovação do projeto, mas não haveria uma barreira para o surgimento de novas metodologias criadas por diferentes instituições, diz ele.

Segundo Wolf, o Olga Kos não tem ganhos financeiros com o uso da metodologia pelas empresas.

A ideia de criar uma ferramenta de análise para certificar a inclusão surgiu da necessidade da própria ONG, que queria mensurar melhor o impacto de seu trabalho na vida das crianças atendidas.

O Olga Kos leva o nome da esposa de Wolf, com quem ele compartilhopu a ideia que teve de atuar em prol de crianças com síndrome de down ao acompanhar a história de uma menina com essa condição na novela "Páginas da Vida", da TV Globo, nos anos 2006 e 2007, período em que ele esteve internado por meses para se recuperar de uma infecção hospitalar. "Vivemos em um mundo de muita declaração e pouca ação. Mas ninguém muda de uma hora para a outra. No meu caso, a mudança veio por meio da dor", afirmou.

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