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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira
Descrição de chapéu astronomia

Nasa já sabe quanto material conseguiu trazer do asteroide Bennu

Abertura do coletor e extração de 121,6 gramas em amostras foi concluída em janeiro

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Finalmente a Nasa sabe a quantidade exata de amostras que trouxe à Terra do asteroide Bennu com a missão Osiris-Rex. Foram ao todo 121,6 gramas, informou a agência na última quinta-feira (15). É a maior amostra de um asteroide já colhida no espaço e o dobro do requisito mínimo para a missão.

Apesar disso, tem quem veja o copo meio vazio. Afinal, na época da coleta, em outubro de 2020, baseando-se apenas nas imagens transmitidas pela sonda, os cientistas imaginaram que teriam centenas de gramas para analisar. É mais uma daquelas demonstrações de como é difícil prever como as coisas vão se desenrolar num ambiente inóspito e impossível de simular perfeitamente na Terra, como é o caso da superfície de um asteroide.

As amostras retornaram ao nosso planeta em uma cápsula no último dia 24 de setembro e desde então vem sendo manipuladas por curadores da divisão de Ciência de Exploração e Pesquisa de Astromateriais do Centro Espacial Johnson da Nasa, em Houston. Elas estavam no instrumento desenhado especificamente por colhê-las no asteroide, e não foi simples retirá-las todas.

Material final extraído do coletor da missão Osiris-Rex, com 51,2 gramas de amostras do asteroide Bennu
Material final extraído do coletor da missão Osiris-Rex, com 51,2 gramas de amostras do asteroide Bennu - Nasa

Em outubro do ano passado, os trabalhos de abertura foram interrompidos porque 2 dos 35 fixadores do dispositivo se recusavam a abrir. A equipe teve de desenhar, produzir e testar novas ferramentas para removê-los, o que veio a acontecer apenas em janeiro, viabilizando a desmontagem completa.

Com isso, mais 51,2 gramas de material que estavam no interior do instrumento se juntaram a outros 70,3 gramas na porção superior do coletador e a mais algumas partículas coletadas fora dele, mas dentro da cápsula, totalizando 121,6 gramas.

O resultado, apesar de frustrar as estimativas mais otimistas do momento da coleta, em que se via material literalmente transbordando do coletor e vazando para o espaço (o que os obrigou a fazer uma fechamento rápido da cápsula para não perder mais conteúdo), é pouco mais que o dobro do inicialmente estipulado (60 gramas) como necessário para concluir com sucesso os objetivos científicos da missão.

Uma análise preliminar da composição das rochas, feita em outubro do ano passado, revelou a presença de compostos ricos em carbono e de água, mas os exames mais detalhados começam agora, com as amostras liberadas para estudos. A Nasa informa que pelo menos 70% do total será preservado intocado no Johnson para futuras pesquisas. O regolito (a poeira fina) do asteroide será distribuído a mais de 200 cientistas espalhados pelo mundo para estudos, e as rochas maiores serão catalogadas pelos curadores antes de serem disponibilizadas à comunidade científica global para investigação.

Haverá também intercâmbio de material com a Jaxa, agência espacial japonesa, que colheu amostras de outros dois asteroides (em quantidade significativamente menor) com as missões Hayabusa e Hayabusa2.

A expectativa é que o estudo da composição dos asteroides ajude a elucidar de onde vieram as moléculas precursoras da vida na Terra, já que esses rochedos espaciais representam resquícios do material que formou os planetas do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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