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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira
Descrição de chapéu astronomia

Nasa dá sinal verde para enviar drone a Titã, lua de Saturno, em 2028

Dragonfly ganhará os ares do satélite natural em 2034, ao custo de US$ 3,35 bi

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Enquanto o complexo projeto de retorno de amostras de Marte patina no Quartel-General da Nasa, outra missão robótica ambiciosa ganhou recentemente luz verde da agência espacial americana: um drone que vai voar pelos céus de Titã, a maior das luas de Saturno.

A equipe responsável pela missão Dragonfly, sediada no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Laurel, Maryland, recebeu aprovação para conduzir a finalização do design e iniciar a construção da sonda, que deve partir rumo ao sistema saturnino em julho de 2028.

Será na prática um retorno a esse satélite natural que tem jeito e cara de planeta -- é a segunda maior lua do Sistema Solar e maior que o planeta Mercúrio. Ele já foi visitado uma vez por uma sonda, a Huygens, desenvolvida pela ESA (Agência Espacial Europeia) para voar em conjunto com o orbitador Cassini, da Nasa. Ao realizar um pouso com paraquedas em 2005, enviou as primeiras imagens da superfície desse mundo estranho --e ao mesmo tempo familiar.

Concepção artística da sonda Dragonfly voando em Titã, lua de Saturno
Concepção artística da sonda Dragonfly voando em Titã, lua de Saturno - Nasa

Estranho porque as temperaturas são tão baixas por lá, numa região em que o brilho do Sol é um centésimo da intensidade que tem aqui na Terra, que água é como rocha sólida. E familiar porque, a exemplo do nosso planeta, Titã tem uma atmosfera respeitável composta principalmente por nitrogênio e um pujante ciclo hidrológico, com mares e chuvas. A diferença é que lá o que faz esse papel são metano e etano, em vez de água.

Outro aspecto singular de Titã é a presença abundante de moléculas orgânicas complexas, com um oceano de água subsuperficial – similar ao existente em outras luas dos planetas gigantes, como Europa, de Júpiter, e Encélado, de Saturno. Isso faz desse astro de 5.150 km de diâmetro (pouco menos da metade do terrestre) um alvo científico de alta prioridade para estudos de astrobiologia e origem da vida.

Em sua missão pioneira, a Huygens durou meia hora na superfície, parada em um único local, produzindo imagens, análises de composição do solo e medições ambientais, registrando uma temperatura de -180 graus Celsius à superfície. Foi uma intrigante visão, fruto do primeiro pouso robótico em uma lua que não fosse a nossa própria, da Terra.

A Dragonfly promete expandir, e muito, esse legado, explorando diversas regiões da lua ao longo de mais de três anos –a exemplo do que já fez o helicóptero Ingenuity, de forma experimental, em Marte– e permitindo um estudo mais detalhado das dunas e dos mares de hidrocarbonetos de Titã.

Será uma missão espetacular, mas o custo é idem: US$ 3,35 bilhões –o dobro do que se estimou originalmente, quando a missão foi pré-selecionada pela Nasa, em 2019. Segundo a agência, a escalada de preço tem a ver com restrições orçamentárias, atrasos no desenvolvimento e a pandemia de Covid. A despeito disso, a decisão de seguir adiante está tomada. Vai ser incrível, mas convém não criar muita expectativa, pois a chegada a Saturno só deve acontecer pouco mais de seis anos após a decolagem, em 2034.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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