Mensageiro Sideral

De onde viemos, onde estamos e para onde vamos

Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira
Descrição de chapéu astronomia China

China testa primeiro estágio de foguete para levar astronautas à Lua

Programa espera realizar primeiro voo do lançador em 2027, e pouso lunar tripulado em 2029

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A China mantém certo segredo sobre seus planos para enviar astronautas à Lua, mas um passo importante foi divulgado pelo programa espacial chinês na semana passada. O foguete de alta capacidade desenvolvido para a missão, Chang Zheng 10 (Longa Marcha 10), passou de forma bem-sucedida por um teste de ignição estática do primeiro estágio, em que os motores são acendidos com o veículo preso ao chão.

A operação foi conduzida em 14 de junho, em uma instalação em Pequim, e três motores YF-100K, movidos por querosene e oxigênio líquido, se acenderam por vários minutos. Em sua versão final, o lançador terá sete motores em seu núcleo central.

"O teste é basicamente uma verificação abrangente do primeiro estágio", disse Xu Hongping, engenheiro do programa, ao canal estatal chinês CCTV. "Foi um sucesso completo, estabelecendo uma fundação sólida para subsequente pesquisa e desenvolvimento e realização de nosso programa completo de exploração lunar tripulada."

Teste estático de motores do primeiro estágio do foguete Longa Marcha 10 realizado em Pequim no dia 14 de junho
Teste estático de motores do primeiro estágio do foguete Longa Marcha 10 realizado em Pequim no dia 14 de junho - Casc

A configuração do lançador lembra muito a do Falcon Heavy, veículo de alta capacidade desenvolvido pela americana SpaceX. A exemplo dele, o Longa Marcha 10 terá um primeiro estágio com três núcleos idênticos, cada um com sete motores (no Falcon Heavy, são nove).

Uma diferença importante é que, enquanto o Falcon Heavy tem dois estágios, o lançador chinês terá um terceiro, propelido a hidrogênio e oxigênio líquidos. A configuração dá a ele capacidade ligeiramente maior que a do foguete da SpaceX, podendo transportar até 27 toneladas numa rota translunar e 70 toneladas à órbita terrestre baixa (contra 64 de seu equivalente americano).

A capacidade do novo veículo inviabiliza a realização de uma missão lunar tripulada à moda das antigas Apollo, em que todos os elementos eram lançados num único foguete, o Saturn V, na direção da Lua. Em vez disso, os chineses farão a missão com dois lançamentos do Longa Marcha 10. O primeiro levará um módulo de pouso lunar até a órbita da Lua, e o segundo levará uma cápsula com os taikonautas. Após a acoplagem, dois deles vão se transferir para o módulo de pouso e descer até o solo.

Dizem os chineses que o objetivo é realizar essa missão antes de 2030. Espera-se que o primeiro voo do Longa Marcha 10, naturalmente sem tripulação, possa ocorrer em 2027.

O programa também prevê o desenvolvimento de uma versão mais modesta do foguete, com um único núcleo no primeiro estágio (o equivalente ao Falcon 9 da SpaceX) e capacidade de recuperação para reuso. Ele seria usado para levar tripulação e carga à estação espacial chinesa Tiangong, exatamente como já faz o Falcon 9 para a Estação Espacial Internacional.

Para o programa Artemis de retorno tripulado à Lua, a Nasa espera usar uma combinação dos foguetes SLS (desenvolvido pela própria agência com base em tecnologias dos antigos ônibus espaciais) e Starship (da SpaceX), com primeira volta ao redor da Lua marcada para o fim de 2025 (essa data mais segura) e primeiro pouso tripulado até o fim de 2026 (com grande possibilidade de atraso). Quem chega primeiro?

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, Twitter, Instagram e YouTube

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.