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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira
Descrição de chapéu astronomia

Nasa elabora plano de contingência para operar Hubble até 2035

Com quatro de seis giroscópios pifados, telescópio terá limitações de operação

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Diante de um equipamento cada vez mais desgastado, a Nasa decidiu adotar um plano de contingência para estender a vida útil do Telescópio Espacial Hubble. O venerável satélite deve continuar a encantar o mundo com suas imagens espetaculares do espaço até 2035, segundo a agência, porém com restrições.

A história é velha conhecida. Para além de seus instrumentos e seus espelhos, o Hubble, lançado em 1990, conta com giroscópios que permitem realizar o apontamento do telescópio para o objeto que se quer observar. São seis ao todo, mas, como são partes mecânicas, que exigem movimento constante, sua durabilidade é limitada.

A Nasa já se deparou com essa crise antes nos anos 2000, quando o Hubble teve viver com apenas dois giroscópios. De início, a decisão foi de deixar rolar, baseado nos riscos envolvidos numa missão de ônibus espacial para repará-lo. Contudo, a pressão do público, do Congresso e até dos astronautas –que estavam dispostos a encarar o risco para salvar o telescópio–, em 2009 o ônibus espacial Atlantis subiu ao espaço para uma última visita de atualizações e reparos.

Telescópio Espacial Hubble, fotografado em 1997 pelo ônibus espacial Discovery
Telescópio Espacial Hubble, fotografado em 1997 pelo ônibus espacial Discovery - Nasa/France Presse

Corta para 2024: dos seis giroscópios instalados em 2009, apenas dois estão funcionando. É o mesmo drama do início do século. Contudo, desta vez a Nasa prefere se concentrar em estender a vida útil do telescópio com o que ele tem a bordo, em vez de realizar uma missão de resgate.

O bilionário Jared Isaacman até ofereceu à agência uma "missão de reparos grátis", bancada e executada por ele com uma cápsula Crew Dragon, da SpaceX, mas os engenheiros concluíram que o risco era muito grande (o Hubble foi projetado especificamente para se ligar ao ônibus espacial, bem maior que as Dragons) e a ação poderia acabar causando danos ao telescópio, em vez de salvá-lo.

Com isso, a Nasa foi ao "plano B": a partir de agora o Hubble vai operar apenas com um giroscópio, guardando outro de reserva. A opção, já testada em 2008, oferece algumas limitações: como o apontamento é realizado mais lentamente, o sistema se torna menos produtivo, com uma perda de 12% no tempo de observação. Há também a restrição ao apontamento para objetos a distâncias inferiores à de Marte, o que inclui Vênus e a Lua. É uma perda relativamente pequena.

Com essa medida, a agência estima em 70% a chance de que o Hubble siga operando até 2035. Vale lembrar que, a despeito do lançamento do Telescópio Espacial James Webb, o antigo telescópio segue sendo o mais potente que temos para observar em luz visível, já que o Webb enxerga em infravermelho. Juntos, eles fazem uma dupla imbatível.

Nada impede que, daqui até 2035, a Nasa mude de ideia e autorize uma missão de reparos (pública ou privada) para aumentar ainda mais a vida do telescópio. Mas, mesmo que isso não aconteça, o Hubble seguirá encantando a humanidade ainda por muitos anos.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, na Folha Corrida.

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