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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Planejamento para aposentadoria: devo usar taxa de juros real ou nominal?

Descubra como escolher a melhor taxa de juros para garantir uma aposentadoria segura e confortável, sem surpresas desagradáveis no futuro

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A maioria das pessoas que planeja a aposentadoria ou a acumulação de patrimônio comete um erro crucial ao escolher a taxa de juros para a realização dos cálculos. Esse erro ocorre porque, ao decidir entre usar juros real ou nominal para calcular o montante necessário para garantir uma aposentadoria confortável, a opção aparentemente mais simples é muitas vezes a menos precisa. Essa escolha é fundamental, pois um erro pode resultar em uma aposentadoria financeiramente instável.

Operadores de mercado na New York Stock Exchange (NYSE). REUTERS/Brendan McDermid - Brendan McDermid/REUTERS

A diferença entre juros nominal e real é fundamental para entender esse dilema. Juros nominal é a taxa de retorno de um investimento sem considerar a inflação. Por exemplo, se um investimento promete um retorno de 10% ao ano, essa é a taxa nominal. Já os juros real descontam a inflação desse retorno. Se a inflação é de 5% ao ano, a taxa de juros real seria aproximadamente 5% (10% nominal menos 5% de inflação). Essa distinção é essencial, pois a inflação corrói o poder de compra do dinheiro ao longo do tempo.

Muitos investidores preferem usar a taxa de juros nominal em seus planejamentos por ser mais fácil de compreender e por ser a taxa geralmente divulgada nos produtos financeiros. Além disso, a taxa nominal tende a parecer mais atraente, criando uma ilusão de maior retorno. No entanto, usar a taxa nominal como base para planejamento de aposentadoria é um mau previsor, pois ignora o impacto da inflação.

Planejar com base em juros nominais pode levar a uma falsa sensação de segurança. Se a inflação aumenta mais do que o esperado, o poder de compra do montante acumulado será significativamente menor.

Por exemplo, considere um investidor que planejar acumular R$ 1 milhão em 30 anos, pois esse seria o patrimônio hoje necessário para se aposentar. Se ele faz o plano com base em uma taxa de juros nominal de 10% ao ano, bastaria poupar R$485 por mês. Entretanto, se a inflação média for de 4% ao ano, o valor real desse R$ 1 milhão será equivalente a apenas R$ 308 mil hoje. Portanto, muito menor do que o esperado, comprometendo, assim, o padrão de vida durante a aposentadoria.

Os riscos de se fazer um planejamento usando taxas de juros nominais incluem a subestimação do montante necessário para a aposentadoria e a superestimação do retorno real dos investimentos. Isso pode levar a uma insuficiência de fundos, como apresentado no exemplo acima, forçando o aposentado a reduzir seu estilo de vida, buscar fontes adicionais de renda ou até mesmo adiar a aposentadoria.

Por outro lado, usar a taxa de juros real para o planejamento da aposentadoria oferece uma visão mais precisa do poder de compra futuro. Planejar com base em juros reais permite que o investidor considere o impacto da inflação desde o início, garantindo que o valor acumulado mantenha seu poder de compra ao longo do tempo. Isso resulta em um planejamento mais robusto e realista, diminuindo a probabilidade de surpresas desagradáveis.

No exemplo acima, se a taxa de juros real considerada é de 6% ao ano, o investidor que desejasse acumular R$ 1 milhão a valores de hoje deveria poupar R$ 1.026 por mês. Perceba que o esforço de poupança neste caso é mais que o dobro do uso do juros nominal. Essa é uma das razões da preferência do uso deste último.

Também, ao considerar juros reais, o investidor pode ajustar suas contribuições e estratégias de investimento ao longo do tempo, conforme as expectativas de inflação mudam. Isso proporciona uma maior flexibilidade e uma melhor capacidade de adaptação às condições econômicas variáveis.

Outro ponto relevante é que planejar com juros reais incentiva a diversificação de investimentos. Produtos financeiros que oferecem proteção contra a inflação, como títulos públicos e privados indexados ao IPCA, tornam-se mais atraentes. Isso não apenas protege o poder de compra, mas também reduz os riscos associados à inflação inesperada.

Por fim, o uso de juros reais no planejamento da aposentadoria oferece uma visão mais precisa e segura do futuro financeiro. Embora a taxa nominal seja mais comum e aparentemente mais fácil de entender, ela pode levar a erros graves no planejamento. Compreender a diferença entre juros nominal e real e optar por um planejamento baseado em juros reais é essencial para garantir uma aposentadoria tranquila e financeiramente estável.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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