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Música em Letras - Carlos Bozzo Junior
Carlos Bozzo Junior

Quinteto Música de Montagem lança dois singles nesta sexta-feira

Leia entrevista com Sérgio Molina, um dos integrantes do grupo, contando como a banda ganhou nova sonoridade

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Acontece nesta sexta-feira (10), nas plataformas digitais, o lançamento simultâneo de "Melancholia II", de Sérgio Molina e Chico César, e "Alada", de Sergio Molina e Paulo Souza, dois singles do quinteto Música de Montagem.

A estratégia do lançamento simultâneo busca levar os ouvintes a conhecerem a nova proposta da banda, que está com outra sonoridade. Por essa razão as duas canções que serão lançadas são bem diferentes entre si, uma mais orgânica e mais acústica, enquanto a outra é mais eletrônica.

Em foto colorida, o Quinteto Música de Montagem aparece pulado para a câmera
Quinteto Música de Montagem - Divulgação/Ana Bregantin

Inspirado pelo filme de Lars von Trier, "Melancholia II", Sérgio Molina compôs a música que tem letra de Chico César e traz uma sonoridade na qual sons eletrônicos fundem-se a instrumentos orgânicos. Já "Alada" remete ao som das baladas lentas dos anos 70, como as canções de Paul McCartney, Arnaldo Baptista (Mutantes), Queen e Guilherme Arantes, entre tantos outros, e traz uma das novidades da banda: a voz da cantora Xofan.

A previsão para 2024 é de lançamento de mais um ou dois singles do Música de Montagem, um clip para a canção "Alada", e o álbum completo ainda no primeiro semestre de 2024.

O Música em Letras entrevistou com exclusividade o compositor Sérgio Molina, um dos integrantes do quinteto, que explicou sobre as mudanças não só da sonoridade como de alguns elementos do grupo.

Leia, a seguir, a entrevista concedida por Sérgio Molina, que irá se apresentar com o Música de Montagem no dia 13 de dezembro, no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

Fale sobre a mudança na formação do grupo com a entrada da cantora Xofan e do guitarrista Vitor Ishida.

A banda havia lançado o álbum muito bem recebido pela crítica em 2018, e de 2019 até fevereiro de 2020, no pré-pandemia, fizemos um circuito incrível com vários shows em sequência. Esse processo que estava ainda em curso teve que ser interrompido. Durante o momento mais tenso e recluso da pandemia, fui convidado pelo Sesc Carmo para dirigir o Laboratório Música em Nuvem. A ideia era juntar um time especial de músicos para criar uma canção do zero, ao vivo, em cinco lives, diante do público online. Convidei o Marcelo Segreto para colaborar com a parte poética, Juçara Marçal, na voz, Rômulo Alexis, no trompete, Clara Bastos e Priscila Brigante (baixista e baterista do Música de Montagem) e Gustavo Lenza para a mixagem. Participou também o Túlio Villaça, do Rio, escrevendo um texto sobre o processo. O resultado foi surpreendente e gerou "Escuta", uma canção mais direta em sua comunicação, com harmonias mais simples e a incorporação de sons eletrônicos e processamento de áudio. Essa experiência foi determinante para a experimentação de novos pensamentos musicais no universo da canção. Paralelamente, também na pandemia, eu vinha compondo uma sequência de baladas ao piano, inspiradas na sonoridade das baladas de Paul McCartney, Arnaldo Baptista (dos Mutantes), entre outros. Mas também compondo outras canções com refrão e riffs, mais ritmadas e contundentes em sua poética. O mundo não seria mais o mesmo depois da pandemia e, como compositor, naturalmente caminhava para outras formas musicais para dialogar com tudo isso. Além disso, a Joana Duah [cantora], que havia feito um trabalho de voz muito especial com a banda, estava morando em Brasília. Depois de muito pensar, no meio do ano passado, convidei a Xofan para, sem compromisso, experimentar comigo as novas canções com piano e voz. Fizemos um laboratório de ensaios muito intenso nesse último ano, e as ideias foram surgindo. Música é uma atividade coletiva, como o futebol. Trabalhar com pessoas diferentes é sempre um novo estímulo, desperta em você mesmo outras nuances criativas, outras táticas composicionais.

O que essas mudanças acarretaram na sonoridade geral do grupo?

Ainda na pandemia, pela impossibilidade de juntar as pessoas, passei a estudar a invenção musical a partir de alguns aparatos eletrônicos e então resolvi fazer uma nova versão, predominantemente eletrônica, para "Melancholia II", uma parceria minha com o Chico Cesar que já estava no álbum de estreia e fazia referência ao filme de mesmo nome do cineasta dinamarquês Lars von Trier. Acabou sendo uma forma de fazer essa transição, traduzindo a canção mais acústica do primeiro álbum, para a nova sonoridade híbrida do novo repertório da banda. Resolvemos gravar e, como contrapartida a essa canção mais eletrônica (mas não só), resolvemos gravar "Alada", um poema muito sensível do Paulo Souza que musiquei. Se "Melancholia II" é mais "sonhadora", se arrisca em paisagens sonoras mais etéreas, "Alada" é uma balada muito mais orgânica, contida, mas também explosiva na interpretação das meninas. De início, achei que não seria necessário uma guitarra para este novo som, já que eu mesmo havia passado a usar mais intensamente o violão processado por pedais. Mas na medida em que eu estava tocando mais piano também, sentimos a necessidade de ter mais uma guitarra, não na função protagonista que ela ocupava no primeiro álbum, mas para completar, fundir as texturas. Foi a Xofan quem sugeriu o Vitor Ishida. Veio para um ensaio e acabou ficando. As duas canções sendo lançadas juntas dão uma dimensão mais ampla das novas propostas. Fundamental para essa nova sonoridade da banda é a presença do Gustavo Lenza nas mixagens criativas, com todo o espaço para reprocessar os sons. Para completar, masterizamos nos Estados Unidos com Felipe Tichauer, outro craque. O som está muito cuidado, cada timbre, cada espaço sonoro.

O que as pessoas devem ter em mente quando escutarem "Melancholia ll" e "Alada"?

É justamente essa nova referência de som que levaremos para o palco nos shows que virão, iniciando dia 13 de dezembro no Sesc Pinheiros; Priscila Brigante, baterista, tem um set híbrido eletroacústico. Clara, por sua vez, está usando o baixo cada vez mais processado, preparando para cada canção uma combinação diferente de pedais, Xofan traz, além de sua voz expressiva e multifacetada, um pedal de loopings, o que nos permite dobrar vozes e criar diferentes texturas. E o Vitor, costurando as arestas. Ou seja, novas montagens para um outro Música de Montagem, mais pop e mais alternativo.

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