Na Corrida

Pé na estrada, mesmo quando não há estrada

Na Corrida - Rodrigo Flores
Rodrigo Flores
Descrição de chapéu atletismo

Amadores e profissionais sofrem as mesmas lesões na corrida; saiba como evitá-las

Ouvir os sinais do corpo ajuda a prevenir excessos e reduz riscos de lesão

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Rodrigo Flores
São Paulo

Quem corre, sabe. Ela está lá, sorrateira, esperando a oportunidade de fazer uma visita indesejada. Não importa o seu volume de treinos, a sua idade, o seu peso ou o terreno no qual você corre. Pode até demorar, mas uma hora ela aparece. Sim, estou falando da lesão.

A lesão acontece quando tecidos do corpo são submetidos a um estresse excessivo, desencadeando um processo inflamatório. As lesões podem aparecer nos ossos, nos tendões, nas cartilagens ou nos músculos. O que variam são as causas e a complexidade de tratamento de cada uma delas.

Ou seja, você faz algo que não deveria e se machuca. Simples assim.

Por que as lesões acontecem?

Cada pedacinho do nosso corpo tem um limite. Os médicos chamam esse limite de "envelope de função". Ele é flexível e está relacionado ao nosso preparo físico. Quando treinamos ou fortalecemos a musculatura, aumentamos o nosso envelope de função. Sedentários, por sua vez, são menos resistentes ao estresse provocado pelo esforço.

As lesões aparecem quando o limite do seu corpo foi excedido. Você exagera e se machuca. E aqui cabe uma curiosidade. As lesões mais comuns em corredores amadores são exatamente as mesmas que afligem os profissionais. "Pés e joelhos são bastante exigidos nas corridas, e o resultado é que as lesões mais comuns são resultado do esforço dessas duas áreas, com destaque para a tendinite patelar e do tendão de aquiles", explica o médico Marcelo Bonadio, ortopedista da Universidade de S.Paulo e do Care Club.

Atleta do Catar sente lesão e senta na pista do Estádio Olímpico, em Londres
Atleta do Catar sente lesão e senta na pista do Estádio Olímpico, em Londres - REUTERS

Pela lógica, seria simples evitar uma lesão. Bastaria identificar o limite de cada pessoa e manter a atividade abaixo desse limiar. O problema é que não é fácil obter essa informação. Profissionais conseguem algum nível de precisão sobre seus níveis de estresse com exames médicos -- uma rotina inacessível ao atleta amador.

Mas calma, se a precisão científica é para poucos, a sensibilidade e o autoconhecimento estão à disposição de todos. O corpo fala por intermédio da dor, e cabe ao atleta perceber esses sinais. O médico Marcelo Bonadio lista três casos que indicam risco de lesão.

1. Dores recorrentes em uma mesma parte do corpo

2. Dores que aparecem cada vez mais cedo durante o treino

3. Após a atividade física, as dores ficam mais intensas e demoram mais para passar

Bonadio lembra que nem toda dor é sinal de problema. "Dor é normal após a prática de atividade física, faz parte do processo inflamatório. A dor que vem e vai embora não é motivo de preocupação".

Como evitar as lesões?

Como já disse anteriormente, o principal é perceber os sinais do próprio corpo. Mas há algumas dicas que se mostraram eficazes na prevenção de lesões.

Alimentação: carne vermelha e açúcar em excesso prejudicam a recuperação em processos inflamatórios. Consuma com moderação.

Peso: muita gente corre para perder peso, quando o ideal seria perder peso para começar a correr. A força necessária para impulsionar os quilos a mais pode levar a uma lesão.

Repouso: dê tempo para seu corpo se recuperar. Isso inclui períodos de descanso e treinos regenerativos -- corridas mais curtas e de baixa intensidade.

Técnica: evite oscilações verticais e horizontais durante a corrida. Em outras palavras, menos pulinhos e menos gingado. Mantenha o corpo firme, ereto e ligeiramente inclinado para frente, de preferência com passadas mais curtas.

Fortalecimento muscular: embora não garanta que o atleta não vá se lesionar, o fortalecimento aumenta a resistência e dá uma margem de segurança para os corredores que buscam melhor desempenho

E não custa dizer o óbvio: em caso de lesão, procure um médico.

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