Na Corrida

Pé na estrada, mesmo quando não há estrada

Na Corrida - Rodrigo Flores
Rodrigo Flores
Descrição de chapéu África atletismo

Evans Chebet fala sobre amizade com Kipchoge e anuncia que vai tentar o bi na maratona de NY

Em entrevista exclusiva ao blog Na Corrida, queniano de 34 anos não se vê distante do recorde mundial

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Rodrigo Flores
São Paulo (SP)

Quem é o melhor maratonista do mundo? Se essa pergunta fosse feita em 2022, a resposta seria fácil: Eliud Kipchoge. O queniano só não venceu uma prova que disputou em quase uma década, bateu o recorde mundial da distância em setembro do ano passado e é o único ser humano a completar os 42 km em menos de 2h –feito obtido em Viena, em 2019, em marca não homologada pela World Athetics por ter acontecido em evento fora de competição.

Refazer a pergunta em 2023 é tarefa bem mais difícil. Kipchoge é o maior maratonista de todos os tempos, mas ele enfrenta uma concorrência inédita em sua longeva carreira. O queniano Kelvin Kiptum venceu a maratona de Londres com o tempo de 2h01min25s – apenas 16 segundo mais lento que o recorde oficial de Kipchoge. Mas, de todos os nomes que despontam, talvez o mais destacado seja o de Evans Chebet.

O queniano de 34 anos ganhou a tradicional Maratona de Boston, em abril, deixando para trás alguns dos principais corredores do mundo –Eliud Kipchoge, entre eles. Com isso, tornou-se bicampeão da prova. Ele também é o atual vencedor da Maratona de Nova York. Nas duas maratonas de maior visibilidade do mundo, Evans Chebet é o homem a ser batido.

Chebet também tem feito a diferença em uma outra disputa. As principais fornecedoras de material esportivo disputam entre si uma corrida particular para ver quem acumula mais vitórias nas chamadas Majors – as seis maiores maratonas do mundo. Chebet, que corre com o Adizero Adios Pro 3, da Adidas, colocou a marca alemã no topo do pódio, desbancando a Nike, sua rival mais próxima na luta por títulos em Majors.

Em entrevista por email ao blog Na Corrida, Evans Chebet falou sobre o momento decisivo na maratona de Boston, contou sobre sua admiração e amizade com Eliud Kipchoge –a quem chamou de "o melhor de todos os tempos"– e antecipou que pretende buscar o bicampeonato em Nova York.

Chebet disse ainda que quebrar o recorde mundial não é uma prioridade, mas admite que seu desempenho está cada vez melhor e que superar a marca não parece um sonho distante.

Evans Chebet celebra vitória na Maratona de Boston, em abril de 2023 - Getty Images via AFP

Você estava competindo contra alguns dos melhores corredores do mundo. Em que ponto da corrida sentiu que venceria a Maratona de Boston?
Quando Gabriel (Geay, atleta da Tanzânia que terminou em segundo lugar) acelerou o ritmo por volta dos 30km e Eliud Kipchoge não respondeu, ali foi um ponto de virada na corrida. Deixei Gabriel puxar o pelotão enquanto observava de perto como os outros reagiam. Depois disso comecei a diminuir a diferença para ele, tendo o meu companheiro de equipe Benson (Kipruto, também do Quênia, que chegou em terceiro) ao meu lado. A partir daí, nós três nos desgarramos do grupo e eu sabia que tinha chances de vencer a corrida.

Quais são seus próximos planos? Quais são suas prioridades para 2023? Alguma maratona específica planejada?
Depois de uma corrida tão difícil e cansativa em Boston nesta primavera, estou reservando um tempo extra para me recuperar e planejar minha próxima corrida. No entanto, sendo o atual campeão da Maratona de Nova York, espero voltar lá neste outono para defender meu título.

Você se vê quebrando o recorde mundial de 2:01:39? É uma prioridade para você?
Costumo não me concentrar demais nos tempos. Hoje em dia, com tantos competidores fortes, você naturalmente tem que correr rápido para vencer grandes maratonas. Meu desempenho tem melhorado a cada prova, então minha intenção é sempre tentar quebrar meus recordes pessoais e me esforçar ao máximo. No entanto, neste momento da minha carreira, pretendo continuar concentrado em tentar vencer corridas. Quebrar o recorde mundial não é uma prioridade para mim, mas seria uma conquista incrível se eu pudesse. Meu recorde pessoal não está muito longe desse tempo, então bater o recorde mundial não está completamente fora de alcance.

Você atingiu seu pico depois de completar 30 anos. Kipchoge quebrou o recorde mundial aos 38 anos. Os corredores de maratona melhoram após os 30 anos? Como você explica isso?
Muitas pessoas concordam que a corrida de resistência melhora com a idade (até certo ponto, é claro), com estudos mostrando picos de resistência entre 25 e 35 anos. No entanto, estou completando 35 anos no final deste ano e fiz as melhores corridas da minha carreira nos últimos 12 meses. Acho que o principal nas maratonas é que elas exigem experiência para correr bem, o que vem com a idade. Portanto, é menos o caso de corredores de maratona 'melhorando' depois de completar 30 anos, mas mais que eles têm mais corridas de maratona em seu currículo e aprenderam algo novo a cada corrida. Depois de cada maratona, você vai para a próxima muito mais preparado e equipado para enfrentar o desafio, o que resulta em melhores desempenhos.

Você e Eliud Kipchoge são amigos? Que tipo de interação vocês costumam ter? Você falou com ele depois da corrida?
O Eliud e eu temos um forte respeito mútuo, em muitos níveis – não apenas como companheiros de maratona e atletas quenianos, mas também como pais de família. Boston foi a primeira vez que nos encontramos como competidores em uma corrida e por isso foi uma grande honra e emoção correr contra o melhor de todos os tempos. Espero ter a chance de competir contra Eliud no futuro, não só porque preciso me testar contra um grande atleta, mas também acho que é importante para o esporte ter seus melhores atletas competindo entre si para aumentar o interesse.

Você acha que o Evans Chebet pode superar o recorde de Eliud Kipchoge? Escreva na caixa de comentários abaixo ou mande um e-mail para blognacorrida@gmail.com. Você também me encontra no instagram @rodrigofloresnacorrida.

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