Na Corrida

Pé na estrada, mesmo quando não há estrada

Na Corrida - Rodrigo Flores
Rodrigo Flores
Descrição de chapéu atletismo

Por que alguém decide correr uma maratona?

Distância nos convida a busca explicações que vão além da desgastada "superação"

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Rodrigo Flores
Porto Alegre (RS)

Por que correr uma maratona?

Para cada pessoa haverá uma resposta diferente para essa pergunta. Em geral, a explicação está na "busca por desafios" ou no desgastado termo "superação". De forma mais genérica, essa resposta satisfaz. Mas, se você cavar mais fundo, descobrirá motivos muito específicos para levar alguém a enfrentar os 42 km de uma maratona.

Falo por mim. No próximo domingo, corro a minha segunda maratona. A primeira, em 2018, fiz sem treinador, sem planilha, e sem olhar no relógio. Queria provar a mim mesmo que seria capaz de correr a distância sem parar. Por quê? Porque sim. Demorei, mas cheguei. Eu podia finalmente dizer ao mundo que eu era maratonista.

Cumprir uma meta tão desafiadora teve efeito desestimulante na minha rotina de treinos. O que mais eu poderia sonhar, se já tinha conquistado o Graal (refiro-me ao cálice sagrado, não ao posto de gasolina) do corredor amador?

Depois vieram mudança de emprego, pandemia, novos desafios. Filho que cresce, barriga que cresce. O roteiro comum à maioria dos terráqueos em 2020-2021.

Atleta corre sobre calçada com muralha ao fundo e bandeira da Colômbia hasteada
Em Cartagena, na Colômbia, fazendo o que me deixa feliz (e triste, e dolorido, e cansado) - Guilherme Leporace

No ano passado voltei a correr firme, desta vez com a ajuda de um treinador. E coloquei para mim uma meta: fazer uma maratona baixando (e muito!) o meu tempo de cinco anos atrás. Não seria mais um passeio, seria uma corrida. Acelerar deixava de ser um detalhe para se tornar uma prioridade.

Cinco anos depois, com menos músculo e mais gordura, eu seria capaz de me superar? Para quem já cruzou a linha da meia-idade, esse desafio indica uma tentativa de negar o meu inevitável envelhecimento. Uma forma de mostrar para a vida que eu estou aqui, firme e forte, e que o peso da idade não iria me atrapalhar.

Em resumo: a segunda maratona tornou-se a minha corrida contra o envelhecimento, na qual o pace é medido em anos.

Qual seria o cenário para esse desafio? Não vejo destino melhor do que Porto Alegre. A prova é rápida e plana, algo importante para alguém que busca melhorar o próprio tempo. Também é uma cidade que conheço superficialmente. Quero aproveitar o meu "city tour" de 42 quilômetros a pé e me deslumbrar ao percorrer ruas e avenidas inéditas para mim.

Como essa história termina? Domingo espero escrever mais um capítulo, o segundo, no meu livro de memórias em maratona. Não sei se termina bem, mas adianto que terá suspense, drama e talvez um pouco de terror. E, ainda que seja cedo para dizer, não creio que será hora de colocar um ponto final nessa história. O tempo avança em ritmo forte, mas não vai me alcançar. Não por enquanto.

Quer saber como terminou a história? Vou tentar contar um pouco mais sobre a prova no meu perfil do Instagram @rodrigofloresnacorrida. E conte nos comentários por que você correu ou pretende correr uma maratona. Abra seu coração!

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