Na Corrida

Pé na estrada, mesmo quando não há estrada

Na Corrida - Rodrigo Flores
Rodrigo Flores
Descrição de chapéu atletismo

Olympikus desenha seu futuro com Vanderlei Cordeiro de Lima e supertênis

Herói olímpico torna-se a cara da nova Olympikus, ganha documentários e voltará a correr em Atenas

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Rodrigo Flores
Conde (PB)

O que a Olympikus fez nos últimos anos é de tirar o chapéu. A marca era sinônimo de produtos baratos e de qualidade duvidosa. Em pouco mais de três anos, a empresa lançou uma linha completa de tênis de corrida, ganhou o reconhecimento de atletas, posicionou-se entre os líderes de vendas, e fez tudo isso com produtos que custam menos do que os concorrentes importados. De coadjuvante, a empresa hoje luta pelo protagonismo no mercado brasileiro.

E o que falta para a Olympikus dar o próximo passo? Na opinião de Marcio Callage, diretor de marketing da Vulcabras, "faltava um herói".

A Olympikus anunciou no final do mês passado um contrato de patrocínio com o ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima. Para quem não se lembra (há quem não se lembre?), Vanderlei liderava a maratona de Atenas nos Jogos Olímpicos de 2004 quando foi abalroado por um padre Irlandês na altura do km 35. Vanderlei até conseguiu voltar para a corrida, mas com ritmo comprometido e com dores por conta das joelhadas que levou do penetra, ele foi ultrapassado por dois competidores e entrou no estádio Olímpico para cruzar a linha de chegada em terceiro lugar. E foi ali que o atleta se transformou em lenda. Em vez de lamentar, Vanderlei fez o "aviãozinho" e celebrou a conquista do bronze. Uma lição prática do que é — ou deveria ser — o espírito olímpico. Pelo gesto, tornou-se o único sul-americano a receber a medalha Pierre de Coubertin, destinada aos heróis olímpicos. O resto é história.

Corredor mostra medalha e levanta o braço para comemorar vitória
Vanderlei Cordeiro de Lima chega em primeiro na prova dos 11km do Bota Pra Correr em Conde (PB) - Divulgação

A partir deste mês, Vanderlei deve ocupar uma posição de destaque dentro da estratégia de marketing da Olympikus. Para o segundo semestre haverá um documentário sobre o atleta — projeto mantido em sigilo, mas que será veiculado em um "grande streaming". Em novembro, Vanderlei voltará a correr a maratona de Atenas, com o apoio da Olympikus. Desta vez, para receber as merecidas homenagens.

A simbiose entre a empresa e o atleta é nítida. Com Vanderlei, a Olympikus ganha alma, musculatura e relevância. Sobe de nível. E com o suporte da empresa, Vanderlei volta a receber o destaque que jamais deveria ter deixado de ter. País com poucos heróis, o Brasil não poderia se dar ao luxo de escantear o Vanderlei.

Vanderlei segue ativo. Na etapa mais recente do Bota Pra Correr — festival de corrida que a Olympikus promove duas vezes ao ano em destinos turísticos paradisíacos e pouco óbvios do país —, o maratonista mostrou que está em forma. Venceu a prova dos 11 km com mais de 10 minutos de vantagem sobre o segundo colocado. Como o objetivo da corrida era a festa, e não a competição, Vanderlei foi desclassificado por "excesso de velocidade". Ele, claro, deu risada. Vanderlei não é movido apenas a troféus e medalhas, como já sabemos.

Depois da prova, abraços, selfies e muitos sorrisos. Vanderlei não é o ídolo que intimida. Pessoas comuns se reconhecem e se identificam nele. Se aproximam, tocam, dividem suas histórias com a lenda olímpica. Para mim, faz sentido. Afinal, todo corredor amador dá o seu melhor, não vence a prova e mesmo assim cruza a linha de chegada feliz. Vanderlei nos representa.

Supertênis

Após a corrida, realizada na Costa do Conde, na Paraíba, Callage aproveitou para falar com os jornalistas presentes. Ao blog Na Corrida, o executivo confirmou o rumor de que a Olympikus trabalha na fabricação de um supertênis de placa para o primeiro semestre do ano que vem.

"Vamos tentar lançar o tênis para a maratona de São Paulo, em abril, mas talvez não dê tempo", explicou Callage.

Questionado sobre o preço do produto, ele disse tratar-se de uma questão delicada. "Por um lado, queremos oferecer um produto acessível. Por outro, os insumos são caros". Há ainda uma questão de percepção. Se o novo tênis for muito barato, inconscientemente as pessoas podem achar que ele não é tão bom assim. É triste, mas é assim que a mente humana opera.

Mas, o blog se permite especular sobre o valor do futuro lançamento. Que fique claro que trata-se de um chute, ok? O preço deve estar entre a barreira psicológica dos R$ 999 e os R$ 1299, valor cobrado hoje pela Fila no Racer Carbon 2, o concorrente natural do modelo da Olympikus. Podem me cobrar depois.

O jornalista viajou para Conde (PB) a convite da Olympikus.

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